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Este é o momento de convencer o recrutador de que a vaga é sua

A etapa está se tornando cada vez mais comum no recrutamento e já faz parte da realidade nos principais programas de trainee e estágio

Resolução de problemas (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Luísa Granato

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 10h24.

Última atualização em 28 de setembro de 2020 às 11h02.

Ter um bom currículo é importante. E vender seu peixe na entrevista de emprego também. Mas a etapa que vai convencer um empregador que você é o profissional perfeito para um vaga é o “business case”.

Traduzindo o termo em inglês que ganhou popularidade no mundo do RH, essa é a etapa da resolução de um problema de negócios.

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Longe de ser um problema avançado de matemática ou uma pergunta maluca sobre seu passado, essa etapa deve ser uma troca de experiências entre o empregador e o entrevistado: a ideia é mostrar um problema que enfrentado no dia a dia da empresa e que a pessoa mostre como solucionaria aquilo.

“Existem dois objetivos: primeiro, para quem está recrutamento, é mais fácil analisar o candidato inserido no contexto próximo da realidade; segundo, do outro lado, o candidato vai ter uma chance de testar o modo de trabalho da vaga que está tentando”, fala o sócio da Bain & Company, André Bolonhini.

Segundo ele, é possível analisar várias características comportamentais e o raciocínio da pessoa. Assim, a etapa se torna cada vez mais presente em programas de trainee, estágio e até mesmo nas vagas efetivas.

Treinando o "business case"

Essas duas motivações que tornam o desafio universitário uma proposta atraente para as empresas e para os estudantes. Na Bain, o Desafio Estratégico já está em sua 14ª edição. Nesse ano, o programa será completamente online e deve ter mais inscritos que os 2 mil estudantes do ano anterior.

Na iniciativa, os grupos passam por três etapas até a final com os times finalistas da Argentina, Chile e Peru. Os vencedores ganham um curso online em escolas de negócios do mundo, uma visita imersiva na Bain e um “vale” para pular direto para as entrevistas finais do processo seletivo da empresa.

“Os candidatos passam a entender o que é o trabalho da consultoria. Trazemos o cliente para ser jurado na fase final, então o case a ser resolvido é inspirado no caso real desse negócio”, explica o sócio.

A diretora global de pessoas da VTEX, Flavia Vergili, conta que esse contato com os profissionais e executivos das empresas é muito valioso para os candidatos e deve ser valorizado.

Na resolução do “business case”, os profissionais têm acessos a dados e a possibilidade de pesquisar, tirar dúvidas e trocar ideias com especialistas.

“É comum que a empresa deixe aberto para a pessoa fazer a quantidade de perguntas que tiver e investigar o negócio. Assim, conseguimos avaliar como a pessoa entende o problema, o analisa e prepara a apresentação da sua ideia”, fala a diretora.

A empresa de tecnologia também tem seu desafio: o TETRIX. Os participantes respondem 100 perguntas relacionadas a problemas de negócios. A cada etapa, os participantes vão sendo selecionados até chegar aos semifinalistas.

Este ano, a semifinal e a final serão no Rio de Janeiro. A empresa terá protocolos de segurança contra a covid-19, com testes pagos para os 21 semifinalistas e restrição do evento para os jurados, os participantes e a organização.

As inscrições para os dois desafios estão abertas até o dia 30 de setembro. Confira o site do TETRIX e do site do Desafio Estratégico da Bain.

Para os especialistas, a resolução de problemas adaptada para o contexto de trabalho de cada empresa é uma grande tendência do recrutamento. As companhias devem começar a abandonar o costume de fazer testes genéricos ou perguntas mirabolantes nas entrevistas de emprego.

A construção de um “business case” ajuda a recrutar de maneira mais intencional. E é possível se preparar para o momento.

Dicas para a seleção

O nome usado é em inglês e pode parecer tudo muito novo, mas a solução de problemas exige algumas habilidades que os profissionais conhecem de longa data. Os candidatos precisam demonstrar seu raciocínio lógico, comunicação, trabalho em equipe e argumentação.

Para a diretora da VTEX, o primeiro ponto para se preparar para a etapa de um processo seletivo é entender como a empresa a organiza: o candidato terá disponibilidade de pesquisar o tema e consultar pessoas? Ou precisará formar premissas sobre o cenário apresentado?

Dessa forma, o profissional ou estudante precisa pesquisar sobre a empresa que vai tentar uma vaga, notando como funciona o negócio e perguntando ao RH mais detalhes da seleção.

No processo online, ela também recomenda aos candidatos que sejam genuínos e não peçam ajuda para amigos. “Seja você mesmo. Não adianta pedir para outra pessoa fazer uma apresentação que você depois não conseguiria explicar”, comenta ela.

O sócio da Bain recomenda o próprio site do desafio para se preparar “O site não tem só o regulamento e as inscrições, mas tem simulados dos anos anteriores. Nossa ideia é que todos entrem preparados para o desafio. Se a pessoa está mais tranquila, podemos realmente testar sua capacidade de resolver um problema”, fala.

Outra recomendação dele é treinar com amigos ou procurar uma comunidade na internet que esteja se preparando para a seleção. “Existem clubes e grupos de WhatsApp e Facebook. As pessoas recomendam leituras, dividem material e aplicam o case um com o outro. Isso ajuda muito”, diz ele.

 

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