Universidade de Coimbra: Depois do Brasil, Portugal é o país que mais tem universidades que aceitam o Enem para ingressos de estudantes brasileiros (Divulgação: Terry Eggers/Getty Images)
Repórter
Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 06h00.
Mais de 2 milhões de brasileiros estão ansiosos para ver o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que sairá nesta terça-feira, 16, no site do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação e responsável por aplicar o exame em todo o país.
Para tirar dúvidas sobre como usar de foram estratégica a nota do maior vestibular do Brasil, especialistas trouxeram algumas dicas para ajudar os candidatos neste ano.
O Enem surgiu em 1998 como uma prova para avaliar o desempenho do aluno no ensino médio. Em 2004, com a criação do Prouni (Programa Universidade para Todos) se tornou um dos canais para alunos ingressarem em uma universidade privada com bolsa de até 100%, e em 2010 aderiu ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), programa que oferece oportunidades de ingresso em universidades públicas brasileiras.
“Sisu e ProUni têm editais distintos, apesar de ambos utilizarem a nota do ENEM. O edital do ProUni costuma ser publicado após o Sisu e os estudantes podem, inclusive, concorrer a vagas em ambos os processos”, afirma Daniel Reis, professor de Biologia e coordenador pedagógico do Estratégia Vestibulares.
Vale ressaltar que tanto o Prouni quanto o Sisu apresentarão algumas mudanças neste ano.
Além do Prouni e do Sisu, universidades brasileiras podem usar a nota do Enem para definir porcentagem de bolsas particulares, assim como muitas universidades no exterior, que aceitam o Enem como parte do processo seletivo para ingresso de brasileiros.
Portugal, é o país que mais tem universidades que recebe o Enem como vestibular, como é o caso da Universidade de Coimbra. Para checar a lista de universidades que aceitam o Enem em Portugal, acesse o site do Inep, na página Enem Portugal.
No Reino Unido, algumas universidades também aceitam o Enem como parte do processo seletivo, é o caso da Nottingham Trent University, da Universidade Kingston e da Universidade de Glasgow.
Nos EUA, a New York University é uma das poucas universidades que recebem o Enem, assim como a Universidade de Toronto, no Canadá, e a University College Dublin, na Irlanda.
Além das regras usadas no dia da prova, como não usar celular, não “colar” ou carregar elementos não previsto no edital, nesta fase em que a prova já passou, um critério ainda pode desclassificar o candidato: a nota “zero” na redação.
“O candidato pode ser desclassificado a partir do momento que tem a redação zerada, isso acontece quando ele não segue alguns critérios técnicos como o tamanho do texto, ou quando tem algum discurso criminoso, ou tem uma postura desrespeitosa com a prova, como colocar um hino de um time ou uma receita; tudo isso justifica zerar uma redação”, afirma Claudio Hansen, professor de Geografia e gerente pedagógico da Descomplica.
A nota da redação vale 1000, e são 5 critérios de avaliação - desde super técnicos como respeito a norma culta, até se manter no tema, ou seja, não fugir do assunto, trazendo sugestões para o problema. “A nota da redação é importantíssima, porque sozinha tem o mesmo peso de uma área de conhecimento inteira”, diz o professor Reis.
Não será possível ver a correção da redação nesta terça, afirma Hansen, que diz que só será divulgada a nota do candidato. “O Inep diz que o espelho, que só sairá daqui a 90 dias, não é para o fim de correção da nota, apenas para fins pedagógicos, para a pessoa avaliar erros e melhorar a escrita.”
A correção da redação dos treineiros também não sairá nesta terça, afirma o professor e diretor do Descomplica.
Tirando a redação, nas disciplinas é difícil zerar, mas também ninguém tira mil pontos, diz Hansen. “A nota do Enem fica normalmente entre 200 e 800 pontos, quanto mais próximo dos 800, melhor o desempenho.”
O professor Reis também reforça que para poder utilizar a nota do ENEM no Sisu, o estudante precisa apenas não ter zerado a redação, enquanto o Prouni e o Fies costumam exigir média geral mínima de 450 pontos para não haver desclassificação.
Uma dica para saber se você está perto ou longe de conquistar a vaga na universidade que tanto deseja é avaliar a nota de corte, que é a nota que o último candidato entrou no curso no ano passado.
“Não é uma certeza que a nota de corte será a mesma, mas dará uma boa noção se você terá condições ou não de entrar, é raro ter uma variação de notas muito grande de um ano para o outro”, diz Hansen.
A redação do Enem é corrigida com uma metodologia própria e rigorosa, segundo Hansen. Para ele é inexequível pedir a revisão dessa nota, considerando que foram mais de 3 milhões de candidatos inscritos no Enem em 2023; para ele um processo de revisão de texto atrasaria o ano letivo.
“Dois professores são treinados nas cinco áreas de competência para avaliar a redação, se houver uma discrepância grande entre as notas, um terceiro professor é acionado. O Inep de certa forma se blinda com esse processo rigoroso para não abrir brecha para pedidos de reanálise.”
Cada universidade tem a sua autonomia para identificar o peso que cada matéria do Enem terá.
“Você precisa definir qual é o curso e qual é a universidade de preferência, olhar os pesos que essa instituição dá para cada disciplina e avaliar se as notas que você tirou são boas para aquela universidade”, afirma Hansen.
O aluno precisa estar consciente que o momento mais crítico já passou, que foi o ENEM, afirma Reis.
“Agora é ter calma e buscar informações sobre o histórico de notas de corte para os cursos desejados. Isso vai ajudar a diminuir a ansiedade e, se for necessário, redirecionar a estratégia para outras opções de cursos. Além disso, como o processo é todo online, é preciso ter cuidado para não levar uma rasteira da tecnologia. Atenção com os cliques e com as mensagens de confirmação.”
Além do Enem, outra forma de ingressar no ensino superior é por meio dos vestibulares próprios, tanto das universidades públicas e privadas. O professor Reis também reforça a opção do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
“Se o problema for financeiro, existe a opção do Fies, que oferece condições de financiamento mais favoráveis, para que os estudantes possam pagar os cursos em instituições de ensino superior privadas, mas para isso, o aluno precisa ser aprovado na instituição e curso que pretende financiar”.
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