Rock in Rio: espetáculos são mercado novo para coordenadores de obras (Buda Mendes/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 17h42.
São Paulo - Muita coisa mudou no mundo dos grandes espetáculos desde 1969, quando o festival de Woodstock reuniu 500.000 fãs de rock em uma fazenda em Bethel, nos Estados Unidos. Graças à profssionalização da promoção de eventos, problemas como o som quase inaudível pela multidão aglomerada, barracas improvisadas e banheiros entupidos devem virar folclore.
O Rock in Rio mais recente, realizado em setembro, reuniu nos sete dias de espetáculo 595.000 pessoas. O planejamento da estrutura que recebeu os shows foi feito com meses de antecedência por uma equipe multiprofissional.
Em meio a engenheiros de som e iluminação e especialistas em logística e segurança, o coordenador de obras é um dos protagonistas da viabilização de grandes eventos como esse. Com salários oscilando entre 12.000 e 22.000 reais, o cargo ocupa a quinta posição num levantamento da empresa de recrutamento Michael Page sobre as profissões em alta no Brasil.
A função é exercida por arquitetos ou engenheiros civis, responsáveis por gerenciar toda a parte técnica de um projeto, além de gerir pessoas, recursos e o cronograma de uma obra ou da montagem da estrutura para um espetáculo. "O coordenador precisa ser organizado, saber se relacionar com todos os empregados de uma obra, gerir confitos e conduzir negociações", diz Felipe Calbucci, da Michael Page.
Tradicionalmente contratados por empreiteiras ou incorporadoras, os coordenadores de obras entraram na mira das empresas de promoção de grandes eventos por causa do disputado calendário nacional de espetáculos. Só neste ano, além do Rock in Rio, o Brasil recebeu megafestivais como Skol Sensations, Lollapalooza e Monsters of Rock.
"O mercado está muito aquecido. É um novo nicho de atuação", diz Felipe. Além dos espetáculos, há os eventos relacionados à Copa do Mundo e à Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.
Graças à forte demanda, os coordenadores de obras têm boas perspectivas de crescimento. Se promovidos a gerentes de obras — posto em que supervisionam de quatro a cinco coordenadores —, os salários variam de 14.000 a 37.000 reais mensais. "Essa variação depende da experiência, que raramente é inferior a dez anos", diz Rodrigo Soares, da empresa de recrutamento Hays.
O arquiteto Pedro Barros, de 38 anos, é um veterano coordenador de obras para o Cirque du Soleil. Desde 2007, ele cuida do planejamento e da estruturação de diversas temporadas do circo canadense na América do Sul. "Acompanhamos desde a prospecção do terreno até a etapa pós-obra", diz ele, referindo-se à devolução do terreno do espetáculo ao estado original, com terraplenagem ou asfaltamento.