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Elas estão se profissionalizando

As cooperativas já respondem por 6% da riqueza produzida no país e, agora, recrutam executivos para administrar o negócio

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2013 às 19h36.

São Paulo - As cooperativas brasileiras respondem por cerca de 6% do produto interno bruto do país, número  comparável ao da indústria automobilística. Elas atuam em 13 ramos de atividade — oito em cada dez são do setor de agronegócio.

No ano passado, o segmento arrecadou mais de 4 bilhões de reais com exportações, segundo a Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB). Para este ano, a estimativa é que as vendas ao exterior cresçam 10%. Por isso, as cooperativas vêm profissionalizando a gestão com pessoas com boa formação para a administração do negócio.

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“As cooperativas precisam de líderes capacitados, que consigam posicioná-las de forma competitiva. Por isso, o setor tem buscado cada vez mais profissionais de mercado”, diz Andrea Sayar, gerente de apoio ao desenvolvimento em gestão do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

Pela legislação, as cooperativas devem ter um conselho administrativo composto por cooperados eleitos em assembleia. Eles tomam as decisões finais, mas os cargos de gerências executivas estão sendo preenchidos com gente do mercado. Profissionais de agronomia, veterinária, zootecnia, áreas ligadas à atividade agropecuária e direito cooperativo são muito procurados.

“Percebo que o mercado opta por pessoas com formação no cooperativismo, com alinhamento filosófico”, diz. É premissa que o profissional tenha um comportamento colaborativo e que saiba que as decisões são amplamente discutidas entre todos os cooperados antes de chegar à decisão final.

A Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, mantém um curso de graduação em cooperativismo há 40 anos. Hoje, ele é coordenado pela professora uruguaia Nora Beatriz Presno Amodeo. “As oportunidades [de emprego] chegam à universidade para que a gente divulgue para os alunos.

A demanda é maior do que a oferta de mão de obra”, diz.  O mineiro Márcio Gomes da Silva, de 30 anos, se formou em cooperativismo e fez mestrado em extensão rural, ambos pela UFV. Fez estágio e trabalha no Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata. Ele é o técnico responsável pela organização econômica e pelo acesso a mercados das cooperativas que assessora.


“Não é difícil se colocar no mercado de trabalho. Há uma grande diversidade de áreas de atuação”, diz. O recém-formado começa ganhando cerca de 2 300 reais.

O gerente de mercados da OCB, Evandro Ninaut, fez um levantamento, em 2009, no Ministério do Trabalho e no IBGE e constatou que, para uma mesma região, os salários pagos pelas cooperativas são maiores do que os pagos pelas empresas privadas para o mesmo cargo e função.

O setor está contratando. A Coamo, cooperativa agropecuária, com sede em Campo Mourão, no Paraná, tem 5 100 funcionários e 23 000 cooperados. Em média, recruta 80 profissionais por mês — só em julho foram 108 contratações.

“Temos recrutado muitos engenheiros agrônomos, mas hoje há vagas abertas para desenhista, projetista de equipamentos industriais, mecânicos, eletricistas e, na área comercial, há duas vagas para traders”, diz o gerente de recursos humanos, Jorge Carrozza. As perspectivas de carreira também são atraentes.

O contador Alex Leal, de 35 anos, começou na Coamo como guarda-mirim aos 13 anos, passou a jovem aprendiz aos 15, formou-se em ciências contábeis aos 24, e a partir daí, foi de auxiliar de análise de crédito a analista de crédito até assumir o posto de chefe de departamento na CrediCoamo.

“Quem se forma dentro da Coamo fica”, diz Alex. Atualmente, 45 gestores da Coamo estão cursando o MBA in company, gestão em cooperativismo, pela Fundação Getulio Vargas.

Na Capal, cooperativa voltada à agroindústria em Araxá, Minas Gerais, são 80 funcionários e 1 250 cooperados. Todos os diretores executivos e gerentes são pós-graduados em cooperativismo e a empresa subsidia 50% da graduação e pós dos funcionários.

A Coop, de Santo André, em São Paulo, conta com 1,5 milhão de cooperados e cerca de 4 000 funcionários. Em 2009, cresceu 13% e prevê crescer 17,2% em 2010. “Os cargos gerenciais são ocupados por gente formada na cooperativa”, diz o gerente de comunicação, Edmilson Sena da Silva.

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