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Ela deixou o CLT para empreender e agora leva mulheres para estudar liderança nos EUA

Tati Marzullo criou um programa de imersão que treina executivas brasileiras em Orlando com líderes de grandes empresas como Apple, Disney, Lego, Full Sail University, Whole Foods, Mall at Millenia e Gaylord Palms; saiba mais sobre o “Salto Alto”

Tati Marzullo, fundadora da Agência A+: “Liderança não é só sobre gestão de pessoas, diz respeito em também ser um líder em sua vida, ter coerência e propósito com o que você fala e faz” (Salto Alto /Divulgação)

Tati Marzullo, fundadora da Agência A+: “Liderança não é só sobre gestão de pessoas, diz respeito em também ser um líder em sua vida, ter coerência e propósito com o que você fala e faz” (Salto Alto /Divulgação)

Publicado em 22 de junho de 2024 às 08h35.

Última atualização em 23 de junho de 2024 às 17h05.

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Criar líderes com propósito não é apenas um desafio das companhias, mas também de Tati Marzullo, que largou a carreira de CLT para apostar no seu próprio negócio. Nascida e criada no Rio de Janeiro, Marzullo é filha de empreendedores, e assim que saiu da escola decidiu apostar na carreira de jornalista, profissão que a levou inicialmente ao universo da carteira assinada. “Meu sonho era trabalhar em rádio, mas precisei vivenciar essa carreira para saber que não era isso que eu queria”, diz a executiva.

O trabalho como CLT perdurou por alguns anos na área de comunicação de empresas e pessoas, mas aos 27 anos ela tomou a decisão que mudou a sua trajetória profissional: com o dinheiro da rescisão, em 2007, Marzullo fundou da sua casa a “Agência A+”.

O negócio foi crescendo progressivamente, ganhou um grande espaço em um prédio na Barra da Tijuca, a equipe cresceu - assim como a vontade de chegar mais longe e de internacionalizar a companhia.

Atualmente, a executiva oferece, além do serviço tradicional de comunicação, programas de imersão para executivos nos EUA, como o “Salto Alto”, que treina mulheres com líderes de grandes empresas americanas.

A ida para os EUA

Em 2014, por meio de um curso no Disney Institute, os planos de Marzullo ganharam novas proporções. “Esse curso foi um divisor de águas, me ajudou a solidificar a missão, visão e valores não só de empresas, mas também da minha vida”, diz. “Voltei querendo ser uma líder muito melhor na agência e foi neste momento que tive a ideia de ajudar executivos brasileiros a fazerem novas conexões com profissionais de fora do país”.

Com a agência ainda no Brasil, a empresária fez em 2017 a primeira excursão para os EUA com a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro. “Levamos 60 donos de supermercados para um curso de excelência em Orlando e lá eles puderam se conectar com executivos de supermercados americanos, aprendendo muito sobre excelência de atendimento, que é algo que os americanos são muito bons”, diz Marzullo.

A segunda viagem de imersão não demorou para acontecer e a agência levou um CEO de uma farmacêutica em programa internacional para 26 executivos. “Senti que ali eu encontrei o nosso negócio nos EUA e, junto com o meu marido, que também é investidor, começamos a pensar em como ingressar neste mercado”.

Com a chegada da pandemia em 2020 e da segunda filha, os planos da executiva de investir nos EUA tiveram que esperar por um tempo – o que foi um intervalo ideal para ela se preparar para esse novo salto.

“Com a pandemia vimos que o negócio funcionava muito bem com o home office. Foi então que tiramos do papel o sonho de levar a empresa para fora do país e demos a entrada no visto americano em 2021, com o objetivo de levar vários executivos para os EUA para aprender as melhores práticas com as empresas americanas”, diz Marzullo.

A importância dos relacionamentos para empreender nos EUA

O visto que a empresária brasileira conseguiu foi o EB2NW, visto de imigração para estrangeiros com habilidades excepcionais ou grau avançado em suas áreas de atuação. Com a pandemia, o processo jurídico durou cerca de um ano, e entre várias documentações, Marzullo precisou apresentar um plano de negócios, sobre a relevância da empresa para o mercado americano.

“Nele apresentamos um programa de treinamento de liderança que chamamos hoje de ‘Smart Leader’, para líderes de diferentes idades, gêneros e companhias, além de um programa especial focado em mulheres executivas.”

Para obter esse visto, além de apresentar um plano de negócio e comprovar condições financeiras, Marzullo precisou apresentar suas referências no mercado brasileiro, como cartas de todos os ex-chefes e comprovação da sua trajetória profissional.

“Esse processo de visto me mostrou o quanto é importante fazer um bom trabalho e prezar pelos bons relacionamentos. Todos os meus chefes me referenciaram, isso me ajudou a realizar esse sonho de internacionalizar a minha empresa”, diz a empresária.

A “Agência A+” começou a operar nos EUA em 2023. Marzullo se mudou com a família com o visto de residente permanente e recebeu o green card nos EUA após uma semana como residente. Em abril deste ano, o primeiro programa realizado direto dos EUA foi o programa especial de mulheres, conhecido por “Salto Alto” – o próximo já tem data marcada.

O “salto alto” que elas querem

O diferencial da agência nos EUA foi apostar em programas de imersões, mas ao invés de começar por programas fechados com empresas, o que seria mais prático, Marzullo decidiu apostar e começar pelas imersões femininas, trazendo o conhecimento que adquiriu no programa da Disney Institute em 2014.

O primeiro anúncio da edição do programa para mulheres tinha como chamada “a primeira imersão exclusiva de liderança para mulheres na Disney, nos EUA”. O nome “Salto Alto” foi escolhido ainda na fase de divulgação, trazendo a personalidade e o propósito do programa de ajudar mulheres a darem um salto em suas carreiras, em suas empresas e nas suas vidas, por meio do autoconhecimento, de networking internacional e de treinamento de liderança.

“A ideia do programa é ajudar mulheres a crescerem em suas carreiras, vencendo crenças limitantes, sem ter aquela competição que ainda é muito comum no ambiente corporativo”, diz a fundadora do programa que recebe desde executivas CLT a empresárias que buscam propósito em seu trabalho.

A empresária Cristiane Krassuski, sócia e CFO da L/Dana, empresa de joias carioca fundada em 1993, foi uma das participantes da primeira turma do “Salto Alto” em abril. A imersão em Orlando foi o sexto programa internacional que ela já fez em sua trajetória.

“O conhecimento de fato é a arma mais poderosa que temos para transformar as nossas vidas, tanto que nos últimos dez anos, essa foi a sexta imersão que eu fiz fora do Brasil”, diz. “Nos outros programas aprendi muito com a teoria, mas com o ‘Salto Alto’ consegui colocar em prática o conhecimento adquirido. Percebi, por exemplo, que o grande vilão da minha liderança era não ter uma agenda clara e definida, com isso as minhas prioridades nunca eram executadas”.

Outra participante do programa foi a médica veterinária Alessandra Esteves. Concursada na Fiocruz desde 2012, a executiva também afirma que o programa representou uma virada de chave em sua forma de liderar.

“Sempre me preocupei bastante com as pessoas, mas achava que a chave para o sucesso da equipe era o foco em nossos processos. Após tudo o que vivenciei no programa, percebo que a chave para a eficiência e o sucesso de resultados é o foco no desenvolvimento da equipe. Devemos focar em desenvolver as pessoas, que, afinal, serão as responsáveis por conduzir os processos.”

Além da parceria com a Disney Institute, e da participação de psicólogos e coach, a agência faz conexões com empresas locais para ajudar nos treinamentos dessas líderes. Na edição de outubro deste ano, o programa “Salto Alto” irá visitar a Apple, Disney, Lego, Full Sail University, Whole Foods, Mall at Millenia e Gaylord Palms. O programa também pensa na diversidade, e por isso oferecerá tradução simultânea para as participantes que ainda não possuem o inglês fluente.

Os planos para o próximo salto 

Com faturamento de 5 milhões de reais em 2023, e expectativa de aumento de 30% para 2024, a aposta da agência A+ é de criar um centro de conexões nos EUA. Ainda este ano, a companhia irá investir mais de 10 milhões de reais em uma casa de conteúdo, conexões e experiências em Orlando para receber executivos brasileiros, tanto os que moram nos EUA, quanto os que farão os programas de imersão.

“Para realizar esse investimento, teremos um incremento de 30% no faturamento de uma holding americana”, afirma a empresária.

Sobre o programa “Salto Alto”, que terá a próxima edição em outubro, em Orlando, Marluzzo adianta que planeja expandir o treinamento para outras datas e cidades dos EUA, com Nova York, no próximo ano. “Além desse programa de imersão para mulheres, já estamos prevendo um programa para executivos onde homens também poderão participar e aprender sobre negócios, networking, propósito e liderança”, diz a empresária que ouviu um dia de um líder uma frase sobre liderança que a marcou até hoje.

“Um dia eu ouvi que era preciso eu ser líder do meu metro quadrado. Liderança não é só sobre gestão de pessoas, diz respeito também a ser um líder em sua vida, ter coerência e propósito com o que você fala e faz”.
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