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Discriminada, executiva de banco quer preferência em promoção

Segundo a executiva, o banco aproveitou sua licença-maternidade para transferir “elementos significativos” do trabalho dela para um colega

 (Maskot/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 15h00.

Última atualização em 5 de outubro de 2018 às 15h00.

São Paulo - Uma executiva do Commerzbank que ganhou um processo em que acusou o banco de discriminá-la por ser mulher e mãe agora quer ser compensada de maneira curiosa: ela pede tratamento favorável para ser promovida no futuro.

Jagruti Rajput, profissional sênior da área de compliance do banco em Londres, venceu uma batalha judicial ao argumentar que foi alvo de discriminação porque o banco não considerou de modo justo a possibilidade de promovê-la e aproveitou sua licença-maternidade para transferir “elementos significativos” do trabalho dela para um colega.

Quando voltou da licença, ela se viu em uma função menos importante. Agora, Rajput quer que a justiça recomende que o banco “adote medidas positivas para treinar e mentoria independente”, explicou a advogada dela, Elaine Banton, em audiência na quarta-feira. Se houver “empate” entre Rajput e um candidato de “igual mérito em termos de qualificações e anos de experiência”, Rajput deve ter preferência porque, como mulher, ela faz parte de um grupo pouco representado, disse Banton.

A executiva também quer ser compensada por três anos de pagamentos que teria recebido se tivesse sido promovida, afirmou Banton ao tribunal.Uma porta-voz do Commerzbank se recuou a comentar. Mesmo mérito

Banton e o juiz James Tayler passaram mais de meia hora na quinta-feira discutindo como a proposta funcionaria e se é compatível com as leis de igualdade. “Não é discriminação positiva. É preciso ter igual mérito”, disse Banton.O pedido de Rajput por tratamento favorável em promoções é “incomum”, informou Bettina Bender, advogada trabalhista da Winckworth Sherwood, que não está envolvida no caso. Potenciais concorrentes por uma promoção podem ter características que justifiquem proteção, como idade ou etnia, e não podem sofrer discriminação.

“Só funciona mesmo é se ela concorrer com um homem branco que não seja nem tão novo nem tão velho”, acredita Bender.

Há muito tempo o uso de cotas e discriminação positiva para ajudar a promover mulheres no setor financeiro causa polêmica em Londres.

Muitas mulheres se posicionaram contra, argumentando que esses mecanismos podem diminuir suas conquistas. Porém, a tendência tem se revertido por causa da falta de progresso em termos de mulheres chegando a posições de alto escalão.

De acordo com dados divulgados pelo governo britânico neste ano, elas ocupam 29 por cento dos assentos nos conselhos de administração das empresas componentes do índice FTSE 100.

Metas?

No ano passado, a chefe de supervisão da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido, Megan Butler, declarou apoio a metas para aumentar o número de mulheres no setor financeiro, invertendo a opinião que ela tinha uma década atrás.

Pessoas que acusam um empregador na justiça raramente continuam trabalhando ali, como faz Rajput. “Para a maioria dos empregados, é muito estressante estar em conflito” com o empregador, disse Bender. “Quem faz isso precisa de muita resiliência.”

A decisão do caso Rajput descreve diversas maneiras de discriminação contra mulheres no ambiente de trabalho.

“Aspectos considerados positivos nos homens podem ser considerados negativos nas mulheres”, afirmou o juiz Tayler na decisão. Enquanto os homens frequentemente recebem elogios pelo empenho, o antigo chefe de Rajput afirmava que ela tinha “obsessão doentia com trabalho”.

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