Dia Mundial das Mulheres na Engenharia: Como atrair mais mulheres para a indústria?
De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as mulheres representam cerca de 20% dos profissionais com registro nas diversas áreas da engenharia no Brasil, mas há medidas que podem melhorar esse cenário, segundo a Votorantim Cimentos
Repórter
Publicado em 23 de junho de 2024 às 07h58.
Última atualização em 23 de junho de 2024 às 15h38.
A realidade da formação STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no mundo mostra que China e Índia estão dominando o cenário global, formando significativamente mais graduados do que o Brasil, com a China formando 15 vezes mais e a Índia mais de dez vezes.
Apesar de estar entre os seis países que mais formam profissionais nesta área, o Brasil ainda tem um grande desafio, principalmente quando o assunto é gênero. Na área da engenharia, por exemplo, o estudo mostra que em 2022 apenas 22,7% dos estudantes eram do gênero feminino.
"O estudo mostra que ainda existe uma dificuldade de inserção das mulheres em áreas de exatas por uma questão ainda cultural no Brasil, em que há carreiras típicas de mulheres e de homens", afirma Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.
Considerando esse cenário, que é comum também em nível internacional, que a organização britânica Women ́s Engineering Society (WES) criou em 2014 o “Dia Internacional das Mulheres na Engenharia”, celebrado em 23 de junho. A data foi criada para dar visibilidade às mulheres no setor e fortalecer o espaço delas na profissão, ainda majoritariamente ocupada por homens.
De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as mulheres representam cerca de 20% dos profissionais com registro nas diversas áreas da engenharia no Brasil. A Votorantim Cimentos, empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis, está apostando em algumas medidas para atrair funcionárias para áreas que são estratégias da companhia, inclusive a engenharia.
“Hoje, do total de profissionais registrados como engenheiros na Votorantim Cimentos no Brasil, 32% são mulheres que atuam em fábricas e escritórios corporativos. Nos últimos dois anos (2022 a 2024), a empresa teve um aumento de 41% no número de mulheres engenheiras”, afirma Cínthia Bossi, diretora global de Gente, Gestão e Comunicação da Votorantim Cimentos, empresa que encerrou 2023 com receita líquida global consolidada de R$ 26,7 bilhões, crescimento de 3% em relação ao ano anterior.
Como formar mais engenheiras para o futuro?
Para atrair cada vez mais mulheres para as minas e indústria no geral, Bossi afirma que é preciso ter intencionalidade. Por isso, a companhia aposta em programas de treinamento, como o de Trainee focado em Operações, que teve 73% de participação feminina.
“Realizamos neste ano um programa de Trainee voltado para engenheiros, e das 11 posições, 8 foram ocupadas por mulheres”, diz. “Isso de fato faz com que a gente acelere esse movimento dentro da organização e comece a ter uma representatividade cada vez maior”, afirma a executiva.
Uma das trainees é Victoria Vital, engenheira química selecionada para o Programa de Trainee Industrial 2024 da Votorantim Cimentos na fábrica de Xambioá, Tocantins.
“Hoje trabalho naprodução e processos da fabricação de cimentos, com um foco especial em sustentabilidade”, diz. “Está sendo umaoportunidade maravilhosa tanto para o meu desenvolvimento profissional quanto pessoal. Mesmo assim, nós, mulheres, às vezes ainda nos sabotamos, mas quando comecei na Votorantim Cimentos eu retomei a confiança.”
Outra ação da companhia é a parceria com o Senai no programa "Evoluir" que oferece cursos técnicos para todos os gêneros e idades, mas sendo intencional na atração de mulheres para áreas como manutenção mecânica, eletricista industrial, mineração, máquinas industriais, eletromecânica, química e soldagem.
“Tivemos uma série de turmas acontecendo ao longo do ano nas mais diversas regiões do Brasil. Só neste ano, tivemos 10 turmas concluídas, com 230 vagas ofertadas nos cursos, sendo 94 vagas destinadas para mulheres”, diz Bossi.
Há 7 turmas em andamento, segundo a executiva, com 329 vagas ofertadas, sendo que 61 foram ocupadas por mulheres. “O número ainda não chega aos 50%, mas estamos vendo um avanço das mulheres no setor.”
A companhia também oferece subsídio para graduação, pós-graduação, idiomas e cursos para os seus profissionais. “A única exigência que fazemos para quem busca esse investimento é que a pessoa tenha isso no seu plano de desenvolvimento individual. Tem que ser alguma coisa, de fato, pensada e programada para que aquilo faça sentido para a carreira do profissional”.
Um dos maiores desafios da companhia é conseguir atrair engenheiros em regiões sem universidades locais.
“É mais difícil ter engenheiros em regiões distantes, porque quando não há uma faculdade de engenharia próxima da empresa, encontramos a dificuldade de atrair estagiários que possam continuar estudando”, afirma a executiva. “Por isso que buscamos esses profissionais no país inteiro, em localidades que vão desde Xambioá, Edealina, Laranjeiras, Sobral e Itaú de Minas. Para nós o talento está em todas as universidades, não uma limitação de status ou nome.”
A construção do futuro
O avanço com esses programas está relacionado ao compromisso da Votorantim Cimentos com a diversidade, especialmente em relação à equidade de gênero. A meta da companhia é ter 30% de mulheres ocupando posições de liderança em seu quadro geral de empregados no Brasil até 2030, sendo 25% a meta global.
“No ano passado concluímos o ano com cerca de 28% de mulheres em posição de liderança, acreditamos que vamos atingir a meta, mas para isso precisamos fortalecer o nosso time como um todo. Hoje o maior desafio é atrair as mulheres para o operacional, como logística e mineração”.
Esse espaço só poderá ser ocupado por mulheres que possuem duas características, segundo a trainee Vital: persistência e confiança.
“Para todas que desejam ser engenheiras, meu conselho é persistir com determinação e confiança em suas habilidades. Não ter receio de ocupar espaços e buscar oportunidades de aprendizado contínuo, sem medo. Cultivar uma rede de apoio com mentores e colegas inspiradores também é importante, assim como se espelharem na liderança feminina ao longo da jornada”, diz a trainee. “Lembrem-se sempre do valor único que cada uma pode trazer para a engenharia, você pode contribuir com perspectivas e inovações essenciais para o progresso da área nas próximas gerações.”