Carreira

Quem tem mais de 40 anos está ocupando o lugar da Gen Z no trabalho. Para onde vão os mais jovens?

Estudo mostra que 30% dos recrutadores preferem contratar trabalhadores mais velhos aos profissionais da nova geração; do outro lado, esses jovens não buscam por empregos tradicionais, querem mais flexibilidade – o futuro do trabalho chegou?

Rodrigo Vianna, CEO da Mappit e cofundador do Talenses Group: "Nenhuma geração passada ingressou no mercado de trabalho sabendo tudo. É fundamental que as empresas invistam em programas de desenvolvimento" (fizkes/Getty Images)

Rodrigo Vianna, CEO da Mappit e cofundador do Talenses Group: "Nenhuma geração passada ingressou no mercado de trabalho sabendo tudo. É fundamental que as empresas invistam em programas de desenvolvimento" (fizkes/Getty Images)

Publicado em 23 de maio de 2024 às 12h26.

Última atualização em 24 de maio de 2024 às 17h08.

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Uma pesquisa realizada pela empresa Resume Builder sobre comportamentos da geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010), revelam que gestores estão preferindo contratar trabalhadores mais velhos. O estudo, que investigou a integração desta geração no mercado de trabalho, foi realizado nos Estados Unidos e traz alguns dados que chamam a atenção:

  • 30% dos respondentes tiveram de demitir um Gen Z após 30 dias do início do trabalho,
  • 30% dos recrutadores preferem contratar trabalhadores mais velhos aos profissionais da nova geração.

A pesquisa mostra também que as questões comportamentais dos jovens vão desde as entrevistas de emprego até o dia a dia de trabalho. Para Rodrigo Vianna, CEO da Mappit e cofundador do Talenses Group, de fato há uma enorme margem de melhoria para a geração Z, como tiveram todas as gerações, e seus jovens precisam ser responsabilizados, quando necessário, mas apenas criticá-los ou demiti-los não resolve e pode geram um gap de líderes no futuro.

“É preciso orientá-los, treiná-los e desenvolvê-los para diminuir o gap de conhecimentos e habilidades, e torná-los melhores profissionais” diz Vianna que reforça que esta questão não é exclusiva à Gen Z.

“Nenhuma geração passada ingressou no mercado de trabalho sabendo tudo. É fundamental que as empresas e seus gestores invistam em programas de mentoria e ofereçam estas oportunidades de desenvolvimento. Saiba que os jovens querem isso e estão muito abertos a aprender”, afirma o executivo.

Home office: desafio ou benefício?

Muitos jovens da geração Z acabaram se formando durante a pandemia e tendo como principal desafio ou benefício o trabalho home office – regime de trabalho que hoje não está sendo adotado por muitas empresas, apesar da flexibilidade ser um dos benefícios que mais atrai os profissionais pós-pandemia.

“Os jovens estão cada vez mais inflexíveis para voltar ao trabalho nos escritórios. Em casos extremos, esses funcionários preferem o desligamento ao retorno híbrido ou presencial”, diz Victor Fazzio, sócio sênior do Grupo Hub, consultoria de RH com soluções de recrutamento e seleção e desenvolvimento de pessoas.

Apesar da preferência pelo trabalho remoto e híbrido, muitas empresas querem voltar com o trabalho presencial, mas esse movimento tem demonstrado uma mudança no mercado de trabalho: lideranças de Recursos Humanos têm identificado que a resistência da geração Z está levando à contratação de talentos mais maduros.

É o caso do Freto, transportadora digital, que vem lidando com este cenário desde que decidiu voltar ao presencial, em março deste ano. A empresa, que tem cerca de 100 funcionários, estabeleceu a frequência presencial de três a quatro vezes na semana.

“A ideia é que todas as áreas tenham, de fato, uma troca com o restante da equipe e que, naturalmente, isso colabore para que tenhamos contato com as mais variadas gerações. Cargos de liderança, por exemplo, estão no escritório no mínimo três vezes por semana”, afirma Fabiana Pauli, diretora de Pessoas do Freto.

No Freto, os funcionários que têm entre 40 e 56 anos já representam 20% do total do time. Pauli afirma que esse público tem sido mais flexível na retomada das atividades presenciais e a companhia já estuda ampliar, cada vez mais, a faixa etária de contratação.

“Estamos falando de um perfil que está se beneficiando de oportunidades que não estão sendo consideradas pelos jovens. No que diz respeito ao mercado, acredito que essa mistura geracional proporciona uma rica troca de experiências e novos aprendizados”, diz a executiva. “Mais do que nunca, precisamos refletir que, embora estejamos lidando com uma certa resistência por parte desses talentos, contamos com ótimos talentos Baby Boomers e da geração Y que estão desempenhando um trabalho vital nos mais diversos segmentos”.

Para onde a geração Z está indo?

Por não se adequar a cultura do comando e controle ou a liderança tóxica, muitos jovens estão buscando empreender ou apostam em oportunidades com o trabalho gig ou priorizam trabalhar em uma empresa com programas flexíveis.

  • Apostando no próprio negócio

Ao contrário de gerações anteriores, a ascensão de jovens pioneiros no empreendedorismo tem ganhado notoriedade: cerca de 8 milhões de jovens brasileiros com idades entre 18 e 24 anos, estão à frente de seus negócios, segundo pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo.

Outro dado confirma o movimento dessa geração. Pelo segundo ano consecutivo, foi registrado um aumento de 10% na compra de franquias por menores de 24 anos diretamente, ou com a participação dos pais na negociação, afirma Lucien Newton, especialista em franquias e vice-presidente da vertical de consultoria da 300 Ecossistema de Alto Impacto.

“Esses jovens são tecnológicos e conseguem impulsionar o negócio, buscam por inovação e soluções criativas, e o perfil resiliente facilita a adaptação ao mercado”, diz Newton.

  • O avanço da gig economy

Com o avanço da tecnologia, o trabalho freelancer se tornou mais comum para profissionais que buscam trabalhar de qualquer lugar do mundo e para diferentes empreses. Esse trabalho informal se enquadra na “gig economy” que é um dos caminhos que estão sendo adotados por profissionais que buscam por mais liberdade geográfica e flexibilidade de horário.

“A gig economy está moldando uma nova cultura de trabalho no Brasil, com implicações significativas para o tecido social e econômico do país. Empresas que se adaptam a esse modelo podem se beneficiar de custos reduzidos e maior agilidade, enquanto trabalhadores aproveitam uma maior independência. E com a geração Z no comando isso tende a se perpetuar, por ser a geração que clama por flexibilidade no trabalho”, afirma Diego Cidade, fundador da Academia do Universitário.

  • A procura por empresas mais flexíveis

As novas gerações de trabalhadores, especialmente os millennials e geração Z, buscam um ambiente de trabalho que não só os recompense financeiramente, mas que também promova seu bem-estar emocional e crescimento pessoal, afirma Gustavo Lima, diretor de produtos do Joov, plataforma 100% online que oferece vendas seguras de planos de saúde.

“A nova geração busca o que chamamos de salário emocional que são benefícios não financeiros que contribuem para a satisfação e motivação dos funcionários no ambiente de trabalho. Estes benefícios podem incluir flexibilidade de horário, oportunidades de desenvolvimento profissional, um ambiente de trabalho positivo, reconhecimento e valorização do trabalho realizado”.

Cada geração traz uma tendência para o mercado de trabalho e não seria diferente com a geração Z, em que muitos se formaram durante a pandemia e conseguiram provar e aprovar que é possível ser produtivo trabalhando fora do escritório.

“O trabalho presencial tem um impacto forte nessa geração, em que muitos talentos não querem e não estão acostumados a trabalhar todos os dias presenciais e preferem seguir com a vida híbrida. Por isso, empresas mais flexíveis têm a vantagem de ter esse perfil em sua estrutura", diz Vianna. "As ambições mudaram e o que chamamos de futuro do trabalho já é algo real em muitas empresas.”

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