Carreira

Currículo pra quê? A vitrine certa está nas redes sociais

No momento em que as redes sociais são a principal vitrine, é preciso reavaliar a utilidade do velho histórico de carreira impresso no papel

Vitrine: Jaqueline Oliveira, 23 anos, está conectada a mais de 36 redes sociais. Tanta exposição rendeu um emprego novo à publicitária  (Omar Paixão/EXAME.com)

Vitrine: Jaqueline Oliveira, 23 anos, está conectada a mais de 36 redes sociais. Tanta exposição rendeu um emprego novo à publicitária (Omar Paixão/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 19h23.

São Paulo - Há 25 anos, o headhunter de Curitiba Bernardo Entschev, que recruta executivos, recebia e enviava currículos pelo correio. Hoje, é impossível pensar na tarefa de procurar e divulgar dados profissionais sem a internet e as mídias sociais.

Só no LinkedIn — uma ferramenta que serve, basicamente, para divulgar o currículo — há mais de 3 milhões de usuários brasileiros. Antes de entrar em contato com qualquer candidato, um recrutador certamente vai dar uma espiada no que existe publicado a respeito da pessoa na internet. “O currículo no papel não é mais a principal ferramenta do mercado”, diz o headhunter. 

Apesar do mundo altamente conectado, o currículo resiste bravamente. Em um processo normal de recrutamento, depois de vasculhar o Google e procurar informações do candidato no LinkedIn e no Facebook, de enviar um e-mail e de conversar por telefone com o candidato, o recrutador, talvez por inércia, pedirá que a pessoa envie seu currículo escrito salvo em documento.

A pergunta é: “Faz sentido pedir currículo formal hoje em dia? Qual é, afinal, a importância dele?”. Para muita gente, o velho histórico de carreira em papel é passado. Basta ver o número de pessoas que são contratadas por meio do Twitter. 

A publicitária paulista Jaqueline Oliveira, de 23 anos, foi contratada pela agência Neotix dessa maneira. Ela ficou sabendo da vaga em um tweet de um amigo e enviou à empresa dois links: um que direcionava ao seu perfil no LinkedIn e outro para uma página do Me Adiciona, ferramenta na qual Jaqueline mantém conexões com as 36 redes sociais de que participa, como Vimeo, FourSquare, Tumblr, Hunch, Skype, Twitter, Facebook, Flickr, blogs e canal próprio no YouTube — todas atualizadas constantemente.

“Esse foi o primeiro emprego que arrumei pela internet. Outras pessoas já haviam me chamado para conversar e, se não fui contratada antes, pelo menos aumentei bastante meu networking”, conta Jaqueline.

Para headhunters e empresas de recrutamento no geral, o LinkedIn é a rede mais importante para quem quer manter uma vitrine para o mercado. O número de participantes brasileiros vem crescendo rapidamente e, no mundo inteiro, há 100 milhões de pessoas conectadas. Mas a recomendação é não manter o perfil em muitas redes sociais.

Apesar de dar boa visibilidade, manter todas as ferramentas atualizadas vai dar trabalho também. “O ideal é participar de uma ou duas, mantê-las sempre atualizadas, ver os contatos que chegam e explorar as oportunidades de parceria e negócio”, diz Bernardo. 

Além das redes sociais, os sites de currículo virtual também substituem de alguma maneira o currículo de papel. Apesar de não ser garantia de vaga, essas plataformas são uma vitrine a mais para divulgar o histórico profissional, porque diversas empresas usam esses serviços para procurar profissionais.

“Enviar currículos é como plantar sementes, você espalha para todos os lados sem saber exatamente onde aquilo irá brotar. O site é mais eficaz”, diz Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum, um dos principais sites de emprego do país. 

No entanto, o currículo tradicional ainda beneficia muita gente. O engenheiro Phelippe Barroso, de 43 anos, foi contratado como gerente de operações têxteis da Del Rio Lingerie porque seu histórico profissional chegou à empresa após ser divulgado por um serviço de recolocação. “Eu acredito que ter um currículo ainda funciona, tanto para enviar por e-mail quanto pelo correio”, diz o engenheiro. Foi por meio de uma mala-direta que ele chegou à empresa atual.

As redes sociais aumentaram a visibilidade dos profissionais, mas ainda não conseguiram exterminar o currículo de papel. “O currículo virtual e o perfil no LinkedIn se complementam. E quem investir em ambos terá um alcance muito maior”, diz Bruno Lourenço, gerente da divisão de impostos da Hays, empresa de seleção, de São Paulo. Por outro lado, como a exposição é alta, a entrevista de emprego ficou mais decisiva.

“Seja por meio de currículo online, seja por meio das redes sociais, o candidato não pode deixar de contar uma boa história, as atividades importantes nos cargos que exerceu, os resultados obtidos e as reviravoltas. É nessa história que o empregador encontra a solução que a companhia procura”, diz Débora Dado, diretora de RH da CBSS, administradora dos cartões Visa Vale. 

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