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Consultoria em cheque

Escândalo do PanAmericano põe em dúvida o poder de atração de profissionais das consultorias e das auditorias

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - No mês passado, uma bomba caiu no mercado financeiro. O banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, descobriu desfalques em seu balanço e precisava urgentemente de 2,5 bilhões de reais. Foi socorrido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entidade sem fins lucrativos, mantida por bancos e financiadoras para dar alguma segurança ao sistema. A crise no PanAmericano foi feia. No dia do anúncio, as ações do banco despencaram 30% no meio da tarde, mas fecharam o dia com uma queda de 29%. O que aconteceu? De fato, ninguém ainda sabe direito.

O Ministério Público e o Banco Central estão apurando o caso. O que se sabe mesmo é que houve um desfalque e que algumas empresas foram colocadas em xeque. É o caso da firma de auditoria Deloitte, responsável por checar as contas da instituição. As agências de classificação de risco Moody’s e Fitch também estão sendo questionadas porque deram notas boas ao banco (os investidores levam essas notas em consideração na hora de tomar a decisão de investir ou não em uma companhia). 

Outras duas instituições tiveram suas condutas questionadas, o Banco Fator e a consultoria KPMG. Há um ano, o PanAmericano vendeu 35,5% de suas ações à Caixa Econômica Federal, que havia sido assessorada por ambas as empresas. A pergunta que se faz é: “Todas elas, que foram bem pagas para virar o banco do avesso, não perceberam que havia algo estranho no balanço?”.

“Essa é uma dúvida que muita gente do mercado financeiro está se fazendo”, diz Fernando Meibak, sócio-diretor da Moneyplan, empresa de consultoria em finanças pessoais. No fim de novembro a Deloitte foi mencionada em outro escândalo, o da rede de supermercados Carrefour, por ter auditado a empresa no Brasil entre  2006 e 2009 e não ter visto o rombo de 1,2 bilhão de reais. 

Todo esse cenário acontece num momento em que, mais do que nunca, bancos, consultorias e auditorias estão atraindo talentos com facilidade. Oferecem excelente remuneração e desafios tentadores. Mas será que, diante dos escândalos financeiros, a reputação das auditorias e das consultorias, em geral, pode ficar abalada e dificultar esse momento de busca por profissionais? Em tese, sim. Porém, na prática, isso dificilmente deverá acontecer.

“Quem está envolvido no caso terá a imagem ferida. No entanto, se conseguir provar que esse foi um erro pontual, que não houve fraude, tudo pode voltar ao normal”, diz Sofia Esteves, presidente da Companhia de Talentos, que pertence ao Grupo DMRH, empresa de recrutamento de jovens e executivos. Sofia acredita que haverá, sim, algum impacto no curto prazo. “Mas, depois, os talentos vão continuar sendo atraídos. Isso aconteceu com a Parmalat, por exemplo”, diz Sofia.

O consultor de investimentos Marcelo de Libero d’Agosto acredita que as auditorias e as consultorias sempre atraem talentos, principalmente os mais jovens. “É uma forma de eles conhecerem grandes empresas  e estudarem operações importantes. Isso tem muito charme para quem está começando no mercado de trabalho”, diz Marcelo.

“Claro que qualquer companhia que tem dano de imagem sofre impacto na capacidade de atrair jovens, ainda mais nesse mercado aquecido. A pessoa vai considerar a marca para se juntar”, avalia Rodrigo Paupitz, gerente de gente da América Latina Logística (ALL), uma das organizações que sofrem com a concorrência das consultorias.

E a questão ética? Ela não seria levada em consideração pelos profissionais mais talentosos que são chamados para trabalhar em uma auditoria, por exemplo? “Os profissionais podem até levar a ética em consideração”, diz a professora de ética de marketing da Fundação Getulio Vargas (Eaesp-FGV)  Maria Cecília Coutinho de Arruda.

“Mas não acredito que vão deixar de trabalhar em uma empresa por causa de um erro que ainda vai ser analisado.” Para a professora, o caso PanAmericano não é algo comum de acontecer e serve para que todos parem e reflitam. “ O que pode ter acontecido é que as equipes de análise são formadas por gente muito jovem. Um grupo mais sênior logo detectaria os erros de um balanço. Mas é preciso apurar melhor os fatos”, diz.

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