Carreira

Como pedir demissão do jeito certo

Saiba como avisar seus gestores que está partindo para novos horizontes profissionais e aprenda o que não fazer nos últimos dias da empresa

Vai demitir a empresa? Não perca a elegância e o senso de que "a vida dá voltas" (Marc Royce/Corbis Outline)

Vai demitir a empresa? Não perca a elegância e o senso de que "a vida dá voltas" (Marc Royce/Corbis Outline)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 10 de junho de 2011 às 12h00.

São Paulo – Apesar da desaceleração, as oportunidades de trabalho continuam pipocando por aí. Quem cede à tentação - ou admite que seu ciclo dentro da empresa atual terminou - tem que se encher de coragem para enfim chegar até a sala do gestor e pedir demissão.

Mas é aí que reside boa parte dos perigos e escorregões profissionais. Naquela de jogar tudo para o alto, muita gente se esquece de que a vida dá, sim, algumas boas voltas. E, mais cedo ou mais tarde, você pode topar com seu superior, colegas de trabalho ou empresa ao longo da trajetória profissional.

EXAME.com consultou especialistas em comportamento organizacional para checar qual a melhor maneira de se comportar na hora de pedir demissão - e nos dias que antecedem o adeus.

1. Você está certo disso?
Não se atreva a rumar para a sala do chefe sem ter plena convicção da sua decisão. Em outras palavras, não vale pedir demissão com o corpo inteiro ainda em cima do muro. Antes de pedir para sair, de maneira racional, levante todos os prós e contras dessa transição para a sua carreira como um todo.

2. Ainda não fechou em contrato? Então, espere
Outro ponto: só peça demissão quando tiver certeza plena que a vaga é sua – com data de início e documentação. “Vira e mexe aparece alguma empresa que cancela o processo”, afirma Vladimir Araujo, diretor de projetos da Ricardo Xavier Recursos Humanos. “Diante de crises econômicas ou acidentes, como o que aconteceu na usina de Fukushima, todas as contratações ficam em stand by”.

3. Converse, não acuse
Agora, nada de enviar um e-mail ou informar primeiro com o setor de RH. “Fale sempre com o gestor”, diz Mariciane Gemin, sócia-gerente da Asap. “É uma questão de compromisso, de respeito e maturidade”.

Não vale também atravessar a porta da sala do seu quase ex-chefe com todas as pedras possíveis nas mãos. Esse é um momento diplomático. E não a hora de lavar a roupa suja ou desentalar todos os sapos que engoliu ao longo do tempo. Só faça críticas construtivas se isso realmente for pertinente. Se não, o ideal é manter-se transparente e sincero, mas sem atacar.



4. É proibido blefar
Agora, se a sua estratégia é pedir demissão apenas para conseguir um aumento, esqueça. Definitivamente, esqueça. Há grandes chances de esta técnica malandra descambar para um belo tiro no próprio pé.
 

O pedido de demissão não pode virar um jogo de pôquer: blefes estão proibidos (Getty Images)

“Não deve virar um leilão. Se você sentiu desvalorizado ao longo de todo esse tempo, em um curto espaço de tempo vai voltar a questionar a relação de novo”, afirma Mariciane.

5. Esteja pronto para a guerra por talentos
Agora há também a chance do chefe fazer uma contraproposta. E você deve estar preparado (e certo) da resposta que dará a ele. Se for sim, avise imediatamente a outra parte envolvida.

“Quando a reposta for não, diga que é mais que uma questão de remuneração e, sim, experimentar novos ares, conhecer novas pessoas”, diz Araújo.

6. Não saia do dia para a noite
Cuidado com as empresas que querem que você assuma o novo cargo já no dia seguinte à proposta de emprego. Em média, o mercado pede 15 dias para o tempo de transição.

Mas só feche isso com a nova empresa após conversar com a antiga.

7. Não fuja aos 45 do segundo tempo

Se o chefe aceitar sua disponibilidade durante esse período, não jogue tudo para o alto. Faça seu trabalho como se não fosse deixá-lo dali em alguns dias.

“Trabalhe para deixar a casa em ordem da melhor maneira possível”, diz Araujo. “Repasse todos os detalhes dos projetos em que estava envolvido. Faça de tudo para que a empresa não saia prejudicada dessa transição”.

8. Discrição
Nesse período, jamais dê espaço para conversas de corredor. Fofocas, maledicências ou outros parentes próximos dessa prática devem ficar abolidos do seu cotidiano.

“Nessa transição, dependendo da posição, algumas empresa acabam optando por não declarar que o executivo está fazendo uma passagem de bastão para não gerar ruído, euforia no mercado”, diz Mariciane. Não fure esse acordo.


9. O último dia
No último dia de emprego, envie um e-mail com seus contatos pessoais – não os da futura empresa – apenas para as pessoas com quem você conviveu ou manteve proximidade durante o período de trabalho. Não vale enviar uma mensagem para a empresa inteira. Cuidado com o teor do texto do e-mail para não colocar a companhia e seu chefe em uma saia justa.

10. É a vida

Agora, por mais desafiante que uma transição como essa possa parecer, lembre-se isso faz parte da vida profissional. Se tomada no tempo correto, essa decisão pode ser determinante para a sua evolução na carreira.

“Da mesma forma que as empresas demitem os funcionários, eles podem demiti-la também”, diz Araújo. Mas sem perder a compostura e o senso de profissionalismo. Combinados?

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosComportamentoDemissõesDesempregogestao-de-negocios

Mais de Carreira

Como responder 'Como você lida com fracassos?' na entrevista de emprego

7 profissões para quem gosta de cuidar de crianças

Será o fim da escala 6x1? Entenda a proposta que promete mexer com o mercado de trabalho no Brasil

Amazon, Meta, HSBC.... As reestruturações podem desanimar os funcionários?