Carreira

Como ir do emprego freelancer ao CLT e aprender muito no caminho

O trabalho freelancer não é só para quem quer largar tudo e viajar o mundo. Confira as dicas para iniciantes que ainda procuram um emprego

Freela: “Usei os freelas como um trampolim para me dar estabilidade financeira e psicológica" (Caiaimage/Agnieszka Olek/Getty Images)

Freela: “Usei os freelas como um trampolim para me dar estabilidade financeira e psicológica" (Caiaimage/Agnieszka Olek/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 15h00.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 15h40.

São Paulo - Com a vida dividida entre o Brasil e o Chile, em 2016,  a brasileira Daniele Rodrigues estava com dificuldade para encontrar um emprego que permitisse a ela voltar definitivamente para seu país após cinco anos morando fora.

Foi quando ela descobriu a plataforma de serviços freelancer Workana e começou a buscar projetos na área de marketing e tradução. Dois meses depois de se cadastrar, ela conseguiu um cliente. “Os primeiros meses são mais difíceis, mas começar a oferecer meu trabalho como freelancer mudou minha vida. Existe uma dinâmica diferente, do primeiro cliente foram surgindo novas oportunidades”, conta ela.

Hoje, Daniele está empregada, mas ainda pega projetos no Workana para se manter atualizada na área. “Gosto de ficar antenada para as novas tendências de marketing, pois o mercado é muito dinâmico. Também consigo manter meu nível de espanhol, fazer freelas me obriga a praticar”, fala.

Além de uma forma de trabalho com maior flexibilidade, ser freelancer pode ser uma alternativa para momentos de transição de carreira. Como Daniele, muitos profissionais podem usá-lo para se reinserir no mercado e atualizar suas habilidades.

Com alto desemprego no Brasil e muitos profissionais escolarizados desistindo de buscar vagas, ser freelancer se torna uma alternativa temporária interessante.

“Meu objetivo não era ser nômade digital. Usei os freelas como um trampolim para me dar estabilidade financeira e psicológica. Ficar parado é muito complicado”, comenta ela.

De acordo com Guillermo Bracciaforte, cofundador da Workana, é muito comum que a plataforma seja usada por profissionais que querem desenvolver suas habilidades e reforçar seus portfólios, mesmo entre aqueles com emprego fixo.

Para ele, o primeiro passo antes de começar a procurar um trabalho freelance paralelamente à sua principal atividade de carreira, é pesquisar como anda o mercado para aquela área.

“Quem trabalha como programador em uma empresa pode encontrar com facilidade um projeto avulso, a demanda é alta. Alguém da área de administração ou arquitetura pode levar mais tempo para conseguir clientes. Existem trabalhos, mas em menor volume”, diz ele.

A maioria das oportunidades encontradas por iniciantes na Workana foi de redação de artigos, segundo dados da plataforma. Em seguida, 9% dos novatos pegaram trabalhos de criação de logos e 5% de ilustrações. Depois, com 4% cada, foram web design e edição de vídeos.

Após apesquisa de mercado, é bom traçar sua estratégia com os novos conhecimentos, pensando em como criar uma reputação e se destacar dentro do seu nicho.

“Você pode verificar que falta se especializar, buscando estudar e se aperfeiçoar para realizar um trabalho específico”, diz ele.

Bracciaforte alerta que não é recomendado manter uma vida dupla, de emprego fixo e freelancer, por muito tempo. Ao começar uma transição enquanto está empregado, é preciso limitar as horas de trabalho.

O risco é perder qualidade de vida e de trabalho, prejudicando seu tempo de resposta ao cliente e a entrega dos projetos. No mundo freelancer,  uma boa reputação nesses dois pontos faz muita diferença.

Para Gabriel Matias, CEO da Crowd, que também conecta clientes e profissionais freelancers, uma das habilidades a ser desenvolvida para se dar bem no mercado é o atendimento.

“Além do seu portfólio, que é mais importante do que um currículo aqui, a pessoa deve saber atender bem seus clientes. E isso deve acontecer ao longo do dia, não apenas durante a noite. Essa atenção é importante para criar sua reputação. Para vender seu serviço, não é só o preço que precisa saber colocar, mas saber manter uma comunicação e relacionamento”, diz.

Para se organizar, Bracciaforte recomenda estabelecer metas. “Funciona para muitas pessoas. Por exemplo, estabelecer que vai ficar três meses com duas tarefas e no final desse tempo tomar uma decisão, como se tornar freela em tempo integral. Seu objetivo também pode ser se manter atualizado em novas tendências do mercado ou ter certa quantidade de clientes para tornar sua remuneração estável”, fala ele.

Sua principal dica é: manter o compromisso com seu objetivo. Segundo ele, o trabalho freelancer não acontece de um dia para o outro, a grande barreira é conseguir os primeiros clientes e mantê-los estáveis.

É o conselho que Daniele também dá para quem está começando. "Não desista. No começo, você não tem recomendações de antigos clientes, então conseguir oportunidades é mais difícil. Tente fazer um bom marketing pessoal para vender seu trabalho”, diz.

Um erro comum entre iniciantes é aceitar realizar trabalhos por preços baixos ou de graça. Embora o valor de início possa ser mais modesto, até pela falta de experiência, o CEO da Crowd não recomenda que o profissional aceita a influência do cliente como moeda de troca.

“Acontece muito a promessa do trabalho dar visibilidade no mercado, mas não é bem assim. Mesmo o trabalho digital não é de graça. Você tem que cobrar e dar valor ao que está fazendo. Outro erro comum é o próprio profissional considerar que o que faz é fácil e precificar muito baixo”, alerta ele.

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