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Como gerenciar sua carreira agora

Com a economia dando sinais de enfraquecimento, não é a hora de pedir aumento nem de galgar promoções, mas é um bom momento para investir em desenvolvimento

Momento é de cautela em relaçâo à carreira (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 12h18.

São Paulo - Uma luz amarela se acende no cenário de trabalho atual. Em julho, o Comitê de Política Monetária elevou a Selic, a taxa básica de juro do país, para 8,5% ao ano. A projeção do mercado é de que ela alcance 9,25% até o fim de 2013.

A inflação já acumula alta de 6,4% nos últimos 12 meses, chegando perto de atingir o teto da meta do Banco Central , de 6,5%. De 2011 a 2012, o lucro das 500 maiores empresas do Brasil listadas por Melhores & Maiores, anuário publicado por EXAME, caiu 48%. E o número de demissões nas 150 companhias do Guia VOCÊ S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, que será publicado em setembro, aumentou 36% de 2012 a 2013.

Com a economia dando sinais de enfraquecimento, é preciso cautela em algumas decisões. "A economia é um balizador para tudo em
relação à carreira", diz Clara Linhares, professora da Fundação Dom Cabral (FDC), de Minas Gerais. Diante desse cenário, o mercado de trabalho deverá entrar em compasso de espera por um ano e meio, de acordo com os economistas.

“Até 2014, ano eleitoral, nada deverá mudar. O empresário costuma esperar o resultado das eleições para ter um cenário mais bem definido”, diz Wilson Amorim, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo. E isso irá se refletir em seu dia a dia.

"As empresas vão cobrar mais produtividade, pois os quadros estarão enxutos", afirma Otto Nogami, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São Paulo.

Como se posicionar diante disso? O primeiro passo — e o mais importante — é entender o momento e estar preparado para responder às questões que vão surgir. Isso porque a crise muda a perspectiva do mercado e é preciso tomar cuidado. Pedidos de aumento, por exemplo, devem ser avaliados com mais critério. "O salário só vai crescer se tiver aumento real de produtividade",diz Wilson Amorim.

Mudar de emprego também não é o ideal. "Haverá mais gente disponível para as vagas, e as empresas selecionarão com mais rigor, então é hora de se preparar melhor", diz Josmar Verillo, presidente do Grupo Kyly, de Santa Catarina, conselheiro em várias empresas e que já comandou companhias como Klabin e Alcoa.

Veja a seguir como o cenário econômico deve mudar as perspectivas de carreira.


Momento de se aperfeiçoar

Não é raro ouvir funcionários reclamarem da falta de tempo para fazer cursos. No atual cenário, a pressão por resultados não deve ser reduzida, mas como as empresas deixam de investir em novos projetos — por exemplo, expandir as áreas de atuação —, o ritmo acaba ficando menos frenético. Assim, há mais tempo para investir em educação.

Quando a montadora de caminhões MAN Latin America, em Resende, no Rio de Janeiro, percebeu que 2012 seria um ano ruim de vendas, fruto de uma mudança pela qual o setor estava passando, a decisão foi aumentar em 30% o investimento em treinamento.

Os executivos sabiam que a empresa diminuiria o ritmo e os profissionais teriam mais tempo para a educação — o que é uma maneira de se preparar para os anos seguintes, que devem ser de maior venda.

“A crise cria o clima ideal para você se preparar melhor”, diz Josmar Verillo, do Grupo Kyly. Quando a crise for superada, você estará mais bem preparado para progredir na carreira e assumir posições desafiadoras. Segundo Otto Nogami, do Insper, se o profissional esperar que a economia melhore para se aperfeiçoar, outros vão ocupar antes as melhores posições.

Só fique atento à escolha dos cursos. Muitas vezes a economia reaquece e as necessidades não são as mesmas de antes da crise.

Sem promoção

De 2012 a 2013, o número de promoções caiu 16,6%, segundo dados do Guia VOCÊ S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, que será publicado em setembro. As empresas tiveram um ritmo de promoção acelerado nos anos anteriores e começaram a recuar no ano passado, consequência do crescimento mais lento.


Se sua promoção já estava sendo discutida, não há problemas em continuar as negociações, assim como se houver a saída de seu superior. Se você estiver preparado, pode se colocar como um possível sucessor. Mas, se não há nada em vista ou planejado, não galgue uma promoção.

"Isso faria você colocar a empresa em uma saia justa", diz Clara Linhares, da FDC. "Quando a empresa se sente pressionada, a tendência é que queira se desfazer do profissional." O melhor é levar propostas, e não problemas. "Você pode dizer que gostaria de ir para determinada área da companhia, pois acredita que lá poderia contribuir mais", afirma Clara.

Ousadia dosada

Esta não é a hora de fazer autopromoção. “Todos os ânimos estão exaltados”, diz Clara Linhares, da FDC. Segundo ela, qualquer movimento — negativo ou positivo — pode recair sobre quem está mais exposto. Os projetos arrojados, que têm alto risco, tendem a ficar na fila de espera. Consequentemente, os profissionais que costumam ser mais ousados e gostam de assumir grandes riscos são menos valorizados.

"As empresas querem pessoas que analisem bastante e apresentem soluções de baixo risco", afirma Josmar Verillo, do Grupo Kyly. “É natural que as empresas fiquem mais conservadoras.” Para ganhar destaque, o profissional deve mostrar capacidade analítica e saber avaliar os riscos com os pés no chão. É hora de dar passos seguros.

Fique onde está

Movimentar-se na carreira pode ser arriscado. O ideal é manter tudo como está. Até julho, foram criados 826 000 postos de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho — o pior desempenho para o período desde 2009. "A perspectiva para os próximos 18 meses é que diminua a contratação", diz Otto Nogami, do Insper.

Porém, é preciso analisar o setor. Alguns deles não foram tão afetados, como o agrícola. “Se o setor não tiver sido afetado e a empresa continuar no ritmo normal, é possível negociar mudanças”, diz Clara Linhares, da FDC.


Aumento, só por mérito

O momento é de pausa para negociações salariais. No primeiro semestre de 2013, 86% dos reajustes ficaram acima da inflação, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), uma queda de 11 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

A conversa da variação dos salários, agora, será por profissionais mais produtivos. “Quanto mais você conseguir cortar custos e ser capaz de inovar para fornecer ganhos reais para a empresa, maior a chance de conseguir aumentos salariais”, diz Wilson Amorim, da FIA. Ou seja, a não ser que você realmente tenha motivos para pedir um aumento, esta não é a hora.

Empenho  de sobra

Apesar dos impactos do cenário econômico internacional, muitos creditam a falta de confiança de empresários, investidores e consumidores ao momento que a economia brasileira vive. “É necessária uma reversão dessa confiança para a economia continuar no processo de recuperação gradual”, disse Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

A confiança é a base primária da economia. Sem ela, contratos não conseguem ser negociados e as dúvidas fazem os ânimos ficarem instáveis. Por isso, em um momento de crise, como o que estamos passando, o funcionário deve mostrar que é comprometido e de confiança.

"Diante da maior dificuldade, você deve mostrar que tem uma solução", diz Josmar Verillo, do Grupo Kyly. Mesmo que haja cortes, a empresa vai manter e recompensar aqueles em que confia. "É estratégico você mostrar que está disposto e comprometido", diz Clara Linhares, da FDC. Quando a tempestade passar, os profissionais comprometidos são os possíveis recompensados.

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São Paulo - Uma luz amarela se acende no cenário de trabalho atual. Em julho, o Comitê de Política Monetária elevou a Selic, a taxa básica de juro do país, para 8,5% ao ano. A projeção do mercado é de que ela alcance 9,25% até o fim de 2013.

A inflação já acumula alta de 6,4% nos últimos 12 meses, chegando perto de atingir o teto da meta do Banco Central , de 6,5%. De 2011 a 2012, o lucro das 500 maiores empresas do Brasil listadas por Melhores & Maiores, anuário publicado por EXAME, caiu 48%. E o número de demissões nas 150 companhias do Guia VOCÊ S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, que será publicado em setembro, aumentou 36% de 2012 a 2013.

Com a economia dando sinais de enfraquecimento, é preciso cautela em algumas decisões. "A economia é um balizador para tudo em
relação à carreira", diz Clara Linhares, professora da Fundação Dom Cabral (FDC), de Minas Gerais. Diante desse cenário, o mercado de trabalho deverá entrar em compasso de espera por um ano e meio, de acordo com os economistas.

“Até 2014, ano eleitoral, nada deverá mudar. O empresário costuma esperar o resultado das eleições para ter um cenário mais bem definido”, diz Wilson Amorim, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo. E isso irá se refletir em seu dia a dia.

"As empresas vão cobrar mais produtividade, pois os quadros estarão enxutos", afirma Otto Nogami, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São Paulo.

Como se posicionar diante disso? O primeiro passo — e o mais importante — é entender o momento e estar preparado para responder às questões que vão surgir. Isso porque a crise muda a perspectiva do mercado e é preciso tomar cuidado. Pedidos de aumento, por exemplo, devem ser avaliados com mais critério. "O salário só vai crescer se tiver aumento real de produtividade",diz Wilson Amorim.

Mudar de emprego também não é o ideal. "Haverá mais gente disponível para as vagas, e as empresas selecionarão com mais rigor, então é hora de se preparar melhor", diz Josmar Verillo, presidente do Grupo Kyly, de Santa Catarina, conselheiro em várias empresas e que já comandou companhias como Klabin e Alcoa.

Veja a seguir como o cenário econômico deve mudar as perspectivas de carreira.


Momento de se aperfeiçoar

Não é raro ouvir funcionários reclamarem da falta de tempo para fazer cursos. No atual cenário, a pressão por resultados não deve ser reduzida, mas como as empresas deixam de investir em novos projetos — por exemplo, expandir as áreas de atuação —, o ritmo acaba ficando menos frenético. Assim, há mais tempo para investir em educação.

Quando a montadora de caminhões MAN Latin America, em Resende, no Rio de Janeiro, percebeu que 2012 seria um ano ruim de vendas, fruto de uma mudança pela qual o setor estava passando, a decisão foi aumentar em 30% o investimento em treinamento.

Os executivos sabiam que a empresa diminuiria o ritmo e os profissionais teriam mais tempo para a educação — o que é uma maneira de se preparar para os anos seguintes, que devem ser de maior venda.

“A crise cria o clima ideal para você se preparar melhor”, diz Josmar Verillo, do Grupo Kyly. Quando a crise for superada, você estará mais bem preparado para progredir na carreira e assumir posições desafiadoras. Segundo Otto Nogami, do Insper, se o profissional esperar que a economia melhore para se aperfeiçoar, outros vão ocupar antes as melhores posições.

Só fique atento à escolha dos cursos. Muitas vezes a economia reaquece e as necessidades não são as mesmas de antes da crise.

Sem promoção

De 2012 a 2013, o número de promoções caiu 16,6%, segundo dados do Guia VOCÊ S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, que será publicado em setembro. As empresas tiveram um ritmo de promoção acelerado nos anos anteriores e começaram a recuar no ano passado, consequência do crescimento mais lento.


Se sua promoção já estava sendo discutida, não há problemas em continuar as negociações, assim como se houver a saída de seu superior. Se você estiver preparado, pode se colocar como um possível sucessor. Mas, se não há nada em vista ou planejado, não galgue uma promoção.

"Isso faria você colocar a empresa em uma saia justa", diz Clara Linhares, da FDC. "Quando a empresa se sente pressionada, a tendência é que queira se desfazer do profissional." O melhor é levar propostas, e não problemas. "Você pode dizer que gostaria de ir para determinada área da companhia, pois acredita que lá poderia contribuir mais", afirma Clara.

Ousadia dosada

Esta não é a hora de fazer autopromoção. “Todos os ânimos estão exaltados”, diz Clara Linhares, da FDC. Segundo ela, qualquer movimento — negativo ou positivo — pode recair sobre quem está mais exposto. Os projetos arrojados, que têm alto risco, tendem a ficar na fila de espera. Consequentemente, os profissionais que costumam ser mais ousados e gostam de assumir grandes riscos são menos valorizados.

"As empresas querem pessoas que analisem bastante e apresentem soluções de baixo risco", afirma Josmar Verillo, do Grupo Kyly. “É natural que as empresas fiquem mais conservadoras.” Para ganhar destaque, o profissional deve mostrar capacidade analítica e saber avaliar os riscos com os pés no chão. É hora de dar passos seguros.

Fique onde está

Movimentar-se na carreira pode ser arriscado. O ideal é manter tudo como está. Até julho, foram criados 826 000 postos de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho — o pior desempenho para o período desde 2009. "A perspectiva para os próximos 18 meses é que diminua a contratação", diz Otto Nogami, do Insper.

Porém, é preciso analisar o setor. Alguns deles não foram tão afetados, como o agrícola. “Se o setor não tiver sido afetado e a empresa continuar no ritmo normal, é possível negociar mudanças”, diz Clara Linhares, da FDC.


Aumento, só por mérito

O momento é de pausa para negociações salariais. No primeiro semestre de 2013, 86% dos reajustes ficaram acima da inflação, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), uma queda de 11 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

A conversa da variação dos salários, agora, será por profissionais mais produtivos. “Quanto mais você conseguir cortar custos e ser capaz de inovar para fornecer ganhos reais para a empresa, maior a chance de conseguir aumentos salariais”, diz Wilson Amorim, da FIA. Ou seja, a não ser que você realmente tenha motivos para pedir um aumento, esta não é a hora.

Empenho  de sobra

Apesar dos impactos do cenário econômico internacional, muitos creditam a falta de confiança de empresários, investidores e consumidores ao momento que a economia brasileira vive. “É necessária uma reversão dessa confiança para a economia continuar no processo de recuperação gradual”, disse Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

A confiança é a base primária da economia. Sem ela, contratos não conseguem ser negociados e as dúvidas fazem os ânimos ficarem instáveis. Por isso, em um momento de crise, como o que estamos passando, o funcionário deve mostrar que é comprometido e de confiança.

"Diante da maior dificuldade, você deve mostrar que tem uma solução", diz Josmar Verillo, do Grupo Kyly. Mesmo que haja cortes, a empresa vai manter e recompensar aqueles em que confia. "É estratégico você mostrar que está disposto e comprometido", diz Clara Linhares, da FDC. Quando a tempestade passar, os profissionais comprometidos são os possíveis recompensados.

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