Como e por que escrever bem?
Professor Diogo Arrais comenta em sua coluna de hoje sobre os caminhos que uma boa escrita pode nos abrir e dá dicas de como nos inspirar
Redação Exame
Publicado em 11 de julho de 2023 às 13h51.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 15h30.
Por Diogo Arrais, professor de português (@diogoarrais)
Escrever é como tocar Piano. Existem os que se esforçam para o estudo da Música; os que praticam para serem profissionais; os que conseguem redigir com simplicidade; os que fazem mensagens sem cuidado algum, por mero improviso.
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Por que escrever? Por que a profissão exige? É preciso pensar além: com a fina escrita, a intenção será concretizada, sem eventuais confusões.Palavras bem-educadas garantirão o admirável.Com admiração, um profissional estará sempre (ou durante muito tempo) na memória das pessoas.
Desconheço quem não dobra os joelhos à elegância da caneta, às sutilezas da inversão oracional, ao tempero de determinada ironia, à educação de vocativos racionais, ao fechamento chique. Um ser consciente do poder vocabular passa a ganhar asas, a ver sentimento, a saber a força do sinestésico, a refletir mais antes de quaisquer registros, a pesquisar para conferir autenticidade, a agradar sem bajular hipérboles malfeitas.
E quando faltar a ideia? É abrir um poema de Drummond e observar atento o radical do termo "restaurante": restaure-se. Quando o tanque criativo estiver quase vazio, é embebedar-se da Literatura. Sugiro Crônicas, Poemas, Romances Clássicos, Contos. O mais importante - neste parágrafo de orações tão curtas - é: seja curioso e detalhista. Abrace uma nova palavra, como se conhecesse uma nova pessoa; é essa aparente loucura, nada literal, que engravidará sua percepção de escrita: o processo demorará meses, mas enfim chegará o dia...o dia em que o aplauso encontrará sua habilidade comunicativa; o dia em que muitos perguntarão a você: "Onde diabos você consegue achar tantos novos termos, lágrimas e ideias?"
Será hora das respostas clichês: valorize o dicionário; faça como o Buarque e tenha um Analógico; leia Manoel de Barros; estude a Gramática de sua Língua, como se estudasse a estratégia de uma batalha; treine, treine e treine - a recompensa vocabular virá.
Sem a consciência do plural, a mensagem pode (e até deve) chegar; sem a devida pontuação, um texto também seguirá o seu destino; até mesmo sem quaisquer processos normativos, quaisquer ideias hão de levar o pensamento a algum lugar. No entanto, a pergunta do escritor pode ser: "Como minha palavra chegará àquele leitor? Como causarei determinada reflexão? Como atingirei meu objetivo pessoal ou profissional?
Um homem ciente da palavra polida não apenas convence: adentra a emoção alheia,para conquistar vidas, carreiras e negócios.
Um grande abraço e até a próxima!