São Paulo - Criatividade, capacidade de observação e de improviso são qualidades cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho. Profissionais com essas habilidades têm mais chance de sucesso na carreira. Mas como se tornar mais criativo e observador em um mundo em que a objetividade, a racionalidade e praticidade são imperativas? É nessa hora que a arte entra em cena. “As atividades artísticas são importantes para despertar lembranças, referências e trabalhar o autoconhecimento”, diz Sueli Garcia, professora da Universidade Belas Artes. Na opinião dela, as próprias empresas deveriam adotar essas atividades em seus sistemas de trabalho. “Seria uma forma também de diminuir o stress e tornar a atividade profissional mais prazerosa”, diz. Mas enquanto essa não é a realidade da maioria das companhias, escolha qual atividade ligada à arte pode contribuir mais com a sua vida e o seu momento profissional:
É uma ótima opção para quem tem uma rotina de reuniões, apresentações de produtos e projetos. Aprender a “encantar com a palavra” é um dos principais aspectos tratados, diz Nany di Lima, professora do curso Teatro para Executivos da FAAP. “Isso é o que o ator sabe fazer”, diz. “Jogo de cintura” também é uma das qualidades que podem ser desenvolvidas com o teatro. As artes cênicas, na opinião dela, ajudam profissionais que se tornaram excessivamente práticos e racionais com o dia a dia corporativo. “Os alunos aprendem técnicas de improvisação e participam de jogos e dinâmicas que ativam todos os sentidos”, explica.
Não é preciso ter talento para o desenho para aproveitar os benefícios de um pincel e de uma tela em branco. “Desenhar, além de ativar a memória, estimula a criatividade”, diz o artista plástico e arte - educador Luis Castañón. Para ele, o “fazer artístico” não deve ser encarado como uma excentricidade e, sim, como uma necessidade básica e imprescindível.“Nos torna mais espontâneos e criativos em tudo o que fazemos”, diz Casteñón. “O contato com a arte liberta e nos obriga a pensar e, se isso não for suficiente para nos converter em cidadãos melhores, certamente fará de nós pessoas diferentes”, diz o especialista, que ministra cursos na Universidade Belas Artes. A própria observação de uma obra de arte já traz benefícios. “Ao apreciarmos um trabalho criativo, estamos também criando”.
“A prática fotográfica é um grande incentivo à criatividade”, diz o fotógrafo Nelson Paim, que ministra cursos e workshops nessa área. O desenvolvimento do olhar fotográfico permite uma observação mais criativa e crítica, diz ele. Os praticantes passam a ver o mundo com mais sensibilidade e atenção. Se o poder de planejamento é crucial para as empresas, a fotografia também pode ajudar neste aspecto. Isso porque, toda fotografia é planejada. “Em frações de segundo ou horas, o fotógrafo decide como mostrar uma situação”, diz. “Um bom fotógrafo observa a luz, faz o enquadramento obedecendo a uma composição esteticamente equilibrada e cria uma imagem que demonstra seu planejamento e sensibilidade. Um bom executivo, também”, diz Paim.
Quem pretende se aventurar no mundo da música vai desenvolver habilidades como lógica, concentração, disciplina e paciência, segundo Eric Luciano, fundador e diretor da escola de música Atelier de La Musique. Para ele, também se trata de uma boa ferramenta de combate da timidez ao estresse. “Muitos dos nossos alunos chegam até nós com o principal propósito de reduzir o estresse e a ansiedade causados pelo trabalho”, diz. No campo físico, a prática de um instrumento musical melhora a coordenação motora, precisão dos movimentos e postura corporal.Como as outras artes, a música também contribui para a criatividade, comunicação e percepção das emoções, explica Luciano. “Ouvir e estudar música pode abrir seus horizontes para novas sensações e novas culturas, e estimular o prazer nas tarefas do cotidiano”, diz.
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