Bandeira do Canadá: questão da imigração é assunto de economia e, não, de segurança nacional (Chris Jackson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2022 às 06h05.
Por Elaine Maciel, da Universidade do Intercâmbio
Atualmente, o Canadá está entre os principais destinos mundiais de estudantes internacionais. Somente em 2021, o país recebeu mais de 620 mil estudantes internacionais, e o número triplicou nos últimos 20 anos.
Dados mostram que 450 mil novas permissões de estudo foram processadas no Canadá no ano passado. Já os números deste ano, referentes a janeiro e agosto, divulgados pelo próprio Ministro da Imigração, Sean Fraser, indicam uma alta de 23% em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa alta demanda para estudar no país se deve principalmente à qualidade das universidades e centros educacionais, bem como à acessibilidade do dólar canadense e às oportunidades de trabalho e residência permanentes que o governo oferece.
Além de estudar, muitos alunos embarcam rumo ao “Great White North” com intenção de se tornarem residentes permanentes. Um estudo recente do Canadian Bureau for International Education (CBIE) mostrou que a maioria dos estudantes internacionais afirmam que estão interessados em permanecer no Canadá como residentes após concluir seus estudos.
Já a pesquisa da Statistics Canada relata que os estudantes estrangeiros que obtêm residência permanente tendem a se integrar rapidamente ao mercado de trabalho canadense devido a fatores como a experiência de trabalho no Canadá e experiência de estudo, além da proficiência em inglês e/ou francês.
Considerando esse cenário de possibilidade de trabalho e estudo no Canadá, o setor responsável pelas imigrações tem facilitado alguns processos relacionados à permanência dos estudantes.
Uma das novas medidas foi a autorização para que estudantes internacionais ampliem suas jornadas de trabalho no país. A partir do dia 15 de novembro de 2022 até 31 de dezembro de 2023, os estudantes internacionais que estiverem no Canadá poderão trabalhar mais de 20 horas por semana fora do campus, mesmo durante o período letivo.
Esta é uma medida temporária que foi anunciada pelo Ministro da Imigração, Sean Fraser, durante pronunciamento no último dia 7 de outubro, na capital do Canadá, Ottawa. Ele explicou que esta medida visa aliviar a escassez de mão de obra que está ocorrendo em todo o país.
O Canadá está enfrentando números muito baixos de mão de obra e uma taxa de desemprego também considerada baixa pelos padrões históricos. Segundo os dados do Statistics Canada, a taxa de desemprego do país norte-americano ficou em apenas 5,2% no último mês de setembro.
De acordo com o ministro, a mudança nas normas também será aplicada aos estrangeiros que tenham apresentado um pedido de visto de estudo a partir da data do anúncio. Todos os estudantes vão poder ser beneficiados por essa nova política desde que tenham a autorização de trabalho fora do campus, chamado de work off campus, em seu visto de estudante.
Até então, os estudantes internacionais que se inscreviam para estudar em um programa educacional canadense poderiam receber autorização para trabalhar fora do campus, com um estágio ou emprego de meio período, por exemplo.
Porém, durante o semestre, a carga horária de trabalho ficava limitada em até 20 horas por semana. A exceção acontecia apenas durante o período de férias de verão ou de inverno, quando esse limite já era ampliado.
O objetivo dessa política era permitir que os estudantes internacionais conseguissem se manter no país, sem prejudicar o tempo necessário para a sua formação educacional. Entretanto, com o cenário atual de quase um milhão de vagas de emprego ociosas, o governo canadense decidiu afrouxar as regras.
A expectativa é que a nova possibilidade de conciliar estudos e mais horas de trabalho beneficiem cerca de 500 mil estudantes internacionais que já estão no Canadá.
Inicialmente, a medida será provisória e valerá até dezembro do ano que vem. Porém, caso o resultado seja positivo, a expectativa dos alunos intercambistas é que seja aplicada de forma definitiva. Em entrevista à CBC, o estudante oriundo de Camarões e residente no Canadá, Landry Wamba, comentou sobre a mudança.
Ele é o representante da Associação de Estudantes Internacionais da Universidade de Ottawa e afirmou que “a ampliação do limite de horas trabalhadas significa que os estudantes internacionais agora podem economizar dinheiro para suas próprias anuidades e aluguéis sem quebrar nenhuma regra”. O jovem também acrescentou que espera que a medida seja permanente para o bem estar dos próprios alunos.
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