Carreira

Cientistas de dados estão em alta

Empresas de telefonia e energia e o mercado financeiro estão recrutando um novo tipo de profissional: o cientista de dados

Gabriel Baptista, da Gávea Investimentos: pós-graduação em matemática para melhorar a capacidade de análise (Marcelo Correa/EXAME.com)

Gabriel Baptista, da Gávea Investimentos: pós-graduação em matemática para melhorar a capacidade de análise (Marcelo Correa/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2013 às 16h53.

São Paulo - Todos os dias, Dan Resnik e sua equipe, que conta com três engenheiros, enviam e-mails para os mais de 20 milhões usuários do Peixe Urbano, o maior site de compras coletivas do Brasil. Cada interação gera informações valiosas. Quem abriu uma oferta postada no site? Quem se interessou por qual assunto? Quem comprou?

O desafio de Dan e seu time é pegar todas essas respostas e transformá-las em estratégias de negócios para aumentar as vendas da empresa. “A partir do que observamos, podemos automatizar as próximas interações e fazer ofertas mais relevantes para o cliente, personalizando a experiência e aumentando o potencial de retorno”, diz Dan, cientista de dados do Peixe Urbano. 

O cientista de dados é um especialista em análise de informações. A característica mais importante desse profissional, portanto, é a capacidade analítica. Por isso, quem tem uma sólida formação em matemática e lógica, como engenheiros, economistas, estatísticos e matemáticos, é forte candidato a se sair bem na carreira.

“Ter um consistente background em matemática é fundamental, senão a pessoa tem que suar muito para preencher a lacuna”, diz o professor Renato Souza, responsável pelo mestrado de modelagem matemática da informação, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), lançado em 2011. O conhecimento da indústria em que vai trabalhar também é muito importante, já que esse profissional faz a ponte entre as áreas técnicas e a de negócios.

“Se a companhia atua no ramo de petróleo, por exemplo, o profissional tem que se aprofundar no assunto, do contrário ele não conseguirá ter a atuação estratégica que é esperada dele”, diz Osvaldo Aranha, consultor do setor de tecnologia da empresa de recrutamento Michael Page, de São Paulo. 

De olho nos padrões

O carioca Gabriel Baptista, de 26 anos, ouviu falar da carreira de cientista de dados no final do curso de engenharia da computação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2011. Ele, então, decidiu fazer o mestrado da FGV-RJ para aprender mais sobre o tema. “É a partir da matemática que você consegue entrar nos dados e descobrir padrões de comportamento”, explica. Hoje, Gabriel trabalha como analista de risco da Gávea Investimentos, fundo de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.


Ele utiliza seus conhecimentos para trabalhar com séries financeiras de dados e descobrir quais são os ativos mais arriscados para se investir — eles possibilitam maiores retornos financeiros. Como a carga de trabalho é alta, o mestrado teve de ficar para depois. Ainda há poucos profissionais especializados na área, por isso os salários são sedutores. Um recém-formado pode ganhar até 7 000 reais, mesmo antes de concluir uma especialização ou mestrado.

Já um profissional mais experiente, com doutorado concluído, pode ganhar até 15 000 reais. As empresas também oferecem ótimas perspectivas para quem vai trabalhar na área. É um mercado que se abre para um tipo de profissional que no passado só tinha lugar garantido nos laboratórios das universidades. 

Demanda crescente

A demanda vem de empresas que manipulam grandes volumes de informação. “Há oportunidades em diversos segmentos — de telefonia, energia e petróleo a mercado financeiro e varejo”, diz Alexandre Evsukoff, professor da Coppe-UFRJ, que também oferece cursos voltados para a modelagem de dados dentro do mestrado e do doutorado de engenharia civil da instituição. A Petrobras é uma das companhias que estão em busca de profissionais com esse perfil.

Ela utiliza as técnicas de análise de dados em projetos diversos, desde processamento de informações de grandes refinarias até experiências microscópicas. “Nossa demanda é gritante. Já tentamos buscar e temos dificuldade. É mais fácil até formar do que procurar no mercado”, conta Luis Gustavo Neves, analista de sistema da Petrobras.

Mas as oportunidades não estão apenas nas grandes organizações. Formado em economia pela FGV-RJ, Ariel Teixeira, de 28 anos, trabalhava na mesa de operações de um grande fundo de investimentos. Após ingressar no mestrado da FGV-RJ, recebeu o convite para fazer parte do time inicial da Trading One, fundada há três meses.

Lá, ele está ajudando a desenvolver uma ferramenta que tomará decisões de investimento pelos clientes, com base em cálculos matemáticos avançados. O principal atrativo da proposta, para ele, é a possibilidade de contribuir com inovações que poderão transformar o mercado em que atua. “Sou jovem e acho que esse é o momento de arriscar”, diz. Apesar de gratificante, o dia a dia apresenta desafios. “Não é fácil encontrar uma estratégia que funcione bem de primeira. É preciso ser persistente, trabalhar duro e ter a mente aberta”, diz Ariel.

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