Mundo BANI: como preparar sua carreira olhando para as principais tendências do futuro do trabalho (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 1 de setembro de 2021 às 06h45.
Última atualização em 1 de setembro de 2021 às 12h09.
Se você está procurando um mapa para entender o mundo do trabalho após a pandemia, é melhor desistir agora: o cenário que antes já era incerto e complexo passou por uma nova transformação. Não existem mapas que deem conta de uma realidade cheia de mudanças constantes e aceleradas.
“Vivemos em um cenário em que a gente não tem nenhuma certeza do que pode acontecer. Todas as transformações são exponenciais. Se estou me programando ou organizando como empresa, não consigo mais dar respostas prontas sobre como será o futuro”, diz Wilma Dal Col, diretora de gestão estratégica de pessoas do ManPowerGroup.
Na corrida atrás de respostas para definir o pós-pandemia e guiar profissionais e empresas, a consultoria criou um relatório para reunir as principais tendências que estarão presentes no mundo do trabalho e ditarão as novas regras do jogo para os profissionais.
O relatório juntou 20 tendências para o futuro do trabalho úteis para navegar o mundo BANI.
Essa é a primeira grande definição que servirá de guia para os próximos anos. O conceito é uma sigla em inglês para Brittle, Anxious, Nonlinear, and Incomprehensible, uma série de conceitos traduzidos para o Português como “Frágil, ansioso, não linear e incompreensível”. A teoria ganhou força na pandemia, um evento histórico capaz de revelar a impotência dos seres humanos em colocar ordem nos acontecimentos.
Até então outra sigla dominava a forma de pensar as tendências do mercado: a VUCA, um acrônimo para Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity. Ao traduzi-la do inglês, a sigla significa “volátil, incerto, complexo e ambíguo”. Esse conceito era o mais aceito para explicar as mudanças no mundo após o ataque terrorista do 11 de setembro.
“É o primeiro exemplo moderno de um impacto tão global no coração, alma e vida das pessoas. E foi como aconteceu com a Covid-19. A pandemia trouxe a força do BANI e pede muita precaução para a maior fragilidade e ansiedade que está por vir”, diz Dal Col.
Se você ficou ansioso com essa nova definição, não está sozinho. O mesmo incomodo levou os pesquisadores da consultoria a reunir tendências para ajudar a entender os diferentes ventos que sopram sobre o mercado, as empresas e os profissionais. O estudo resultou no ebook sobre Futuro do Trabalho.
O compilado resume diversas pesquisas sendo produzidas para trazer alguma luz para o mundo. São previsões sobre o perfil demográfico da população, novos modelos e configurações de trabalho, mudanças tecnológicas e os novos papeis das empresas.
Da mesma forma que as lideranças não possuem mais todas as respostas, definir os próximos passos na carreira profissional também será uma missão mais complexa a partir de agora. No entanto, segundo a diretora da ManPowerGroup, algumas tendências do relatório também podem servir de lições para o trabalhador.
Já ouviu falar em aprendizado contínuo? Pois é, essa ainda é uma habilidade relevante para o futuro, mas não é igual ao aprendizado intencional. Na verdade, é uma ferramenta mental que auxiliará na continuidade da sua qualificação. Wilma define:
“É quando você está disposto a se manter conectado para aprender em tempo real diante do que está vivendo. Além de buscar o conhecimento ou se atualizar com cursos, é muito importante saber pegar informações no seu contexto cotidiano”.
Não é um processo tão fácil. No entanto, essa habilidade tornará o aprendizado contínuo menos cansativo e mais natural. E essa é uma atitude que vai ajudar o profissional a se manter em transformação junto com as novas tendências e, como consequência, manter sua empregabilidade.
Uma grande tendência para o futuro das profissões é que cada vez existam menos silos entre os cargos e funções. E isso significa uma mudança de mentalidade drástica para pensar na sua carreira.
Até o momento, existe um pensamento linear para imaginar essa trajetória. Exemplo: você se forma em direito e trabalha como advogado; e sua trajetória vai progredindo por cargos conforme a hierarquia da sua profissão.
Na forma de imaginar a carreira para o futuro no mundo não-linear, é necessário pensar no conjunto de habilidades que temos. O mesmo profissional formado em direito pode entrar na empresa para trabalhar no time legal, mas adquirir uma habilidade digital e começar a atuar no time de segurança de dados.
“A jornada que você trouxe de outros cargos não se perde. É isso que as tendências mostram quando levantam novas profissões ou a transformação de cargos. A transição vai ser parte do planejamento da carreira dos profissionais”, diz Wilma.
“Uma visão importante para rever a carreira é deixar de lado a ideia de que está competindo com a máquina. Sabe aquela frase ‘sozinho vou mais rápido, mas juntos vamos mais longe’? Em situações difíceis e inusitadas, o individualismo não serve mais. Ao juntar aprendizados, trocar conhecimento e fortalezas, temos mais a contribuir e evoluir”.
A inteligência artificial vai mudar as regras do jogo, mas é o pensamento colaborativo que vai destacar os profissionais humanos. Assim, entender quais são suas contribuições individuais dentro do contexto maior ajudará a pensar no futuro do seu trabalho auxiliado por máquinas.
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