Carreira

Bancos tentam ler mentes para contratar talentos em tecnologia

O Royal Bank of Scotland Group está grudando sensores nas cabeças dos potenciais candidatos para medir atividade cerebral e atenção

Mente: dependendo da reação, eles recebem uma descrição de seu tipo de personalidade e uma sugestão da área do banco que melhor se encaixaria no perfil deles (Foto/Thinkstock)

Mente: dependendo da reação, eles recebem uma descrição de seu tipo de personalidade e uma sugestão da área do banco que melhor se encaixaria no perfil deles (Foto/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2016 às 16h56.

Londres - O candidato que quiser trabalhar em um banco agora precisa deixar que leiam sua mente.

Em eventos de carreira e em universidades que fazem parte do esquema de contratação de formados, o Royal Bank of Scotland Group está grudando sensores nas cabeças dos potenciais candidatos para medir atividade cerebral e atenção.

Os alunos assistem a vídeos e sequências de imagens por alguns minutos enquanto são monitorados.

Dependendo da reação, eles recebem uma descrição de seu tipo de personalidade e uma sugestão da área do banco que melhor se encaixaria no perfil deles.

“Estamos usando gamificação e simulações online" para criar experiências a partir das quais os formados são avaliados, disse o diretor de informação do RBS, “mas também damos a eles feedback valioso”.

Batalha tecnológica

Os bancos têm demanda sem precedentes por funcionários talentosos na área de tecnologia, devido à maior necessidade de velocidade em diversas atividades -- desde a negociação institucional de ativos até os aplicativos móveis para transações bancárias.

Também pesam o perfil demográfico dos clientes e a ameaça à segurança representada por hackers patrocinados por governos e adolescentes atrás de encrenca.

Mas os bancos têm de convencer os formados que é melhor trabalhar para eles do que para uma startup. Assim, precisam se apresentar como empresas de tecnologia acima de tudo.

Em dois anos, o Deutsche Bank dobrou o quadro de pessoal de tecnologia que acabava de sair da faculdade.

“Em sua maioria, os formados em tecnologia que desejamos contratar são focados em engenharia de software”, disse Scott Marcar, responsável pela área de TI do Deutsche Bank em Londres.

No ano passado, o JPMorgan Chase aumentou o número de contratados para a área. O banco já gasta US$ 9 bilhões por ano com tecnologia.

O orçamento cobre desde os salários dos programadores até cybersegurança e um terço vai para novos investimentos. O Bank of America tem orçamento anual de US$ 3 bilhões para novos projetos de tecnologia.

Apesar da potência financeira do setor bancário, a concorrência por esses profissionais é acirrada. Facebook, Google e Snap anunciaram recentemente planos para aumentar as contratações em Londres.

Já a empresa de entrega de refeições Deliveroo estuda dobrar o quadro de mais de 150 funcionários em Londres, de olho em cientistas de dados e especialistas em aprendizagem automática, segundo uma pessoa a par do assunto.

“Existe definitivamente um desafio no setor oriundo da reputação histórica e de algum legado da crise financeira global”, disse Paul Aldrich, diretor de tecnologia para serviços financeiros na firma de recrutamento Odgers Berndtson.

Não são apenas as novas empresas de tecnologia que caçam talentos. Startups do setor bancário também disputam jovens programadores.

“Para nós, costuma ser mais fácil atrair e reter pessoas do que para os grandes bancos”, disse Tom Blomfield, tecnólogo de 31 anos que conseguiu uma licença do banco central britânico para abrir o Monzo Bank neste ano.

“As pessoas querem trabalhar em problemas dificílimos a partir do zero com outras pessoas talentosas, em vez de serem peixes pequenos em um lago grande, mantendo software que está lá há 30 anos.”

O Monzo publica seus planos técnicos na internet e isso conquista desenvolvedores interessados em se juntar à instituição, de acordo com Blomfield.

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