As profissões mais estressantes em 2011
Conheça quais as carreiras cujos ambientes de trabalho e competitividade mais contribuem para altos níveis de estresse
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2011 às 18h33.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h34.
São Paulo – Depois de listar os empregos que trazem mais felicidade, o site de empregos CareerCast coloca, agora, na berlinda as carreiras com os piores índices de estresse. Para montar o ranking, o site avaliou 200 profissões diferentes nos Estados Unidos. Entre os critérios estavam condições do ambiente de rabalho, grau de competitividade e riscos no trabalho, além de salário e potencial de crescimento na carreira. De acordo com um estudo recente da Associação de Psicologia Americana, 70% dos profissionais apontam seus empregos como a principal causa para sintomas de estresse. No Brasil, o cenário não é diferente. Por isso, Exame.com listou as 10 profissões com os índices mais altos de estresse e consultou especialistas para entender se a história se repete no país e os motivos para isso.
Por mais seguro que, segundo as companhias do setor, seja o transporte aéreo, os pilotos de avião sentem na pele (e na mente) o peso da responsabilidade de conduzir as vidas de centenas de pessoas céus afora. No topo do ranking, os pilotos comerciais apresentaram um nível de estresse de 59.53. Além dos cuidados com a segurança dos passageiros, eles sempre têm de estar dentro dos horários de vôo estabelecidos, além de trabalhar por várias horas seguidas. No Brasil, as companhias aéreas começam a sofrer com a falta de profissionais bem qualificados no setor. Para pleitear uma oportunidade em companhias como TAM e Gol, os pilotos precisam contabilizar mais de 1.500 horas de voo. A licença para piloto comercial sai por 35 mil reais, mas o valor das despesas com formação acadêmica e profissionalizante pode dobrar esse valor. Os salários podem chegar a 16 mil reais.
Ser a ponte entre as empresas e o público em geral não é tarefa fácil. Resultado? A carreira de Relações Públicas conquistou a segunda posição do ranking com nível de stress em 47,6. “Trabalhamos sempre sob pressão. O relações sempre corre na frente para cuidar da imagem da empresa”, afirma Maria Amélia Cruz, presidente da Confederação Nacional de Relações Públicas. “Não tem essa de trabalhar apenas nos dias úteis ou em horários convencionais”. A carreira, segundo a especialista, vive uma fase favorável no Brasil. O problema, no entanto, é o reconhecimento pelas empresas. “Raramente, há anúncios voltados especificamente para relações públicas. O mercado está muito competitivo”, diz. Nos Estados Unidos, segundo dados da pesquisa, um profissional de relações públicas pode trabalhar em média 9 horas por dia. “Mas não tem essa de trabalhar apenas nos dias úteis ou em horários convencionais”, afirma Maria Amélia. Os salários para profissionais com mais experiência podem ultrapassar os 10 mil reais.
Chegar no topo do escalão é o objetivo de quase todo profissional que trabalha em grandes empresas. No entanto, a pesquisa mostra que maior status profissional e salarial é diretamente proporcional aos níveis de estresse. Com jornadas que podem superar as 11 horas por dia, os alto executivos apresentaram níveis de estresse de 47.41, segundo a pesquisa. A pressão por resultados, a responsabilidade de gerir e conhecer em profundidade detalhes de vários departamentos contribuem para o cenário. No Brasil, de acordo com especialistas, a realidade pode ser mais alarmante. “No dia-a-dia, o executivo precisa driblar uma série de questões políticas ou de infraestrutura que impactam o ciclo produtivo, sem contar que o custo Brasil é muito alto”, afirma Davi Braga, gerente de negócios da Dasein. Isso significa que, em solo brasileiro, o tamanho do abacaxi que cada executivo tem que descascar é grande – fato que exige profissionais mais experientes e com uma senioridade elevada. Por conta disso, segundo uma pesquisa recente da consultoria Dasein, em 2010, os executivos que trabalham em São Paulo receberam salários maiores do que profissionais que têm o mesmo cargo em Nova York. De acordo com o estudo, um diretor de uma empresa em São Paulo teve, em 2010, remuneração anual média de 243 mil dólares.
Estar em lugares inóspitos e brigar por espaço para conseguir os melhores enquadramentos. A combinação de fatores que tornam a rotina de um fotojornalista estressante é até óbvia. Some-se a isso salários nem tão atraentes, horários estranhos e muita pressão. Pronto, terá como resultado um nível de estresse de 47.09.
No Rio de Janeiro, fotojornalistas freelancers recebem cerca de 840 reais por foto publicada em capa de revista.
No Rio de Janeiro, fotojornalistas freelancers recebem cerca de 840 reais por foto publicada em capa de revista.
De dentro de um estúdio, redação ou direto do local dos acontecimentos, o repórter deve ser o primeiro a levar o fato do momento para o público. O profissional que trabalha na busca pelas notícias em tempo real vive sob pressão. Os prazos de entrega apertados, a constante procura pelo inédito, longas horas de trabalho e, muitas vezes, a exposição a situações de perigo faz com que o jornalista atinja o nível de estresse de 43,56. O repórter no estado de São Paulo recebe a partir de 1,9 mil por cinco horas de trabalho, de acordo com a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Profissionais com mais experiência ou com mais exposição em telejornais, no entanto, podem ganhar até 200 mil reais em salário e benefícios.
O profissional que traduz os desejos do cliente à área de criação da agência de publicidade vive sob pressão. É o chamado executivo de contas ou “atendimento” que fica responsável por fazer a relação entre as duas pontas ser satisfatória. Fazer esse meio de campo pode ser estressante e exigir dedicação de várias horas de trabalho por dia. Segundo o estudo, um executivo de contas trabalha, em média, 9, 5 horas por dia e atinge até 41,05 pontos em nível de estresse.
“A rotina é estressante porque geralmente o profissional deve cuidar de várias contas ao mesmo tempo e dar atenção personalizada para cada cliente”, diz Marcelo D’Emídio, chefe do departamento de marketing da graduação da ESPM-SP. O executivo de contas enfrenta ainda um mercado “extremamente competitivo”, conta D’Emídio, “tendo que estabelecer estratégias para resultados positivos e de alguma forma fidelizar a empresa-cliente para que ela não mude de agência”.
“A rotina é estressante porque geralmente o profissional deve cuidar de várias contas ao mesmo tempo e dar atenção personalizada para cada cliente”, diz Marcelo D’Emídio, chefe do departamento de marketing da graduação da ESPM-SP. O executivo de contas enfrenta ainda um mercado “extremamente competitivo”, conta D’Emídio, “tendo que estabelecer estratégias para resultados positivos e de alguma forma fidelizar a empresa-cliente para que ela não mude de agência”.
Com nível de estresse de 39,93, os arquitetos estão na sétima posição do ranking do CareerCast. Mas as pressões, segundo o arquiteto Marcílio Barotti, não estão ligadas ao processo de elaboração do projeto. “O problema são os entornos, a burocracia para aprová-lo junto à prefeitura, as reclamações dos vizinhos e preocupações dos clientes”, diz. Ele, que trabalha 12 horas todos os dias, estima que, em média, um arquiteto com experiência e negócio estabelecido receba em torno de 20 mil reais por mês.
Um telefone em cada mão e sempre de olho na movimentação de ações nas bolsas de valores em todo o mundo. O corretor de valores no Brasil não corresponde à a imagem que se vê nos filmes, de gritaria com a variação de humor dos mercados, que é mais comum em bolsas no exterior. Mesmo assim, a profissão exige jogo de cintura para sobreviver às pressões de clientes investidores e às alterações rápidas e, muitas vezes, abruptas, do mercado de ações. O corretor de valores é responsável pela compra e venda de ações, ou outro tipos de título, para investidores de acordo com as tendências do mercado e procurando atingir o melhor resultado. Com essa missão, o profissional que trabalha, em média, 8 horas por dia pode atingir o nível de estresse de até 39,7.
Os profissional da área de saúde que faz o primeiro atendimento emergencial são os responsáveis por manter vivo o paciente até a chegada ao hospital. O socorro pré-hospitalar é geralmente feito por técnicos de emergência médica em diversos níveis. Paramédicos e socorristas que cumprem essa função trabalham longas horas sob pressão, muitas vezes em turnos noturnos de atendimento e plantões de 24 horas. Sem rotina precisa, os técnicos de emergência médica podem atingir o nível de estresse de 39,68.
A crise financeira americana (que teve seu estopim no mercado imobiliário) pode ter ajudado a colocar os corretores entre as piores profissões em termos de estresse. No ranking do CareerCast, esses profissionais apresentaram um nível de estresse de No Brasil, de acordo com Carlos Kapudjian, diretor de Vendas da Lopes, o cenário é diferente. Otimista, ele prefere descrever a rotina de trabalho dos corretores de imóveis no país como agitada. E os motivos para isso são positivos. Impulsionado pelas facilidades de crédito, aumento da renda e bônus demográfico, o mercado imobiliário brasileiro está a todo vapor. "O corretor precisa falar com pessoas todos os dias, conhecer novos empreendimentos, cultivar a carteira de clientes que possui, além de estar sempre com o astral bom", afirma o especialista. O resultado da combinação desses fatores podem ser jornadas de trabalho de até 12 horas por dia - mas com direito a uma maior autonomia na hora de escolher sua grade de trabalho. Para compensar, os rendimentos mensais podem extrapolar os 30 mil reais para profissionais mais experientes. "É uma carreira que não tem limite de ganho. O salário é 100% variável, por isso, é muito competitivo". Mas, na opinião dele, isso não implica, necessariamente, em uma rotina negativa em termos de estresse
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