Santander: ela tinha 25 anos de experiência como executiva de compliance (Luke MacGregor/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 7 de setembro de 2018 às 06h00.
Londres - Uma ex-diretora sênior de compliance do Banco Santander que teve um câncer de mama disse que foi demitida injustamente após encontrar dificuldades para explicar sua participação em uma competição de equitação durante o horário de trabalho.
Clair Gibson, que era diretora global de compliance da unidade de gerenciamento de ativos do Santander no Reino Unido, foi demitida por desonestidade após participar de um evento de adestramento quando deveria estar trabalhando de casa.
Ela disse a um tribunal de Londres, nesta semana, que os gerentes seniores do Santander não mantêm padrões elevados de compliance e que ela foi discriminada após ser diagnosticada com câncer.
“Acredito que, por causa do câncer, a empresa deixou de mostrar disposição para oferecer a mim o mesmo grau de liberdade dado aos demais”, disse Gibson em documentos judiciais.
Gibson, que tinha 25 anos de experiência como executiva de compliance, disse que teve promoções negligenciadas em diversas oportunidades e que foi tratada de forma insensível depois de informar à empresa que precisaria passar por uma cirurgia e, posteriormente, por quimioterapia e radioterapia para tratar o câncer.
Gibson, que também tem diabetes, foi demitida pela unidade do Santander Investment Holdings em maio de 2017 após o banco afirmar que ela “mentiu conscientemente” a respeito de uma participação em uma competição de equitação.
Gibson disse que a participação no evento, em janeiro de 2017, demorou mais do que o planejado. Ela disse que a competição ocorreu durante o horário de trabalho dela, mas que levou três horas em vez do intervalo padrão para o almoço.
Gibson disse que, quando foi indagada posteriormente por um diretor de RH, estava tendo um ataque de hipoglicemia, que é quando o nível de açúcar no sangue de um indivíduo cai rapidamente, e que, por equívoco, negou ter participado da competição de adestramento.
“Eu fiquei confusa e tive dificuldades para estruturar sentenças coerentes ou para pensar logicamente devido à confusão causada pela hipoglicemia”, disse Gibson, 46.
A firma de gerenciamento de ativos suspendeu Gibson e depois a demitiu. “A mentira dela não teve nenhuma relação com suas deficiências”, afirmou o banco em documentos judiciais.
Um porta-voz do Santander preferiu não comentar. A indenização em casos normais de demissão injusta geralmente é limitada a 83.000 libras (US$ 106.000) se uma demanda por discriminação ou denúncia de irregularidades não for bem-sucedida.
A unidade do Santander, que na época passava por uma tentativa fracassada de fusão de US$ 5,8 bilhões com o negócio rival do UniCredit, “era uma organização resistente a mudanças e em alguns casos perigosamente”, disse Gibson.
“Em um curto espaço de tempo, notei que parte da direção sênior não mantinha padrões de risco e compliance tão elevados quanto os meus”, disse.
Ela citou possíveis conflitos decorrentes do fato de Juan Alcaraz manter os cargos de CEO da Santander Asset Management e da plataforma de fundos de investimento do banco, a Allfunds Bank. Em março de 2017, Alcaraz deixou o cargo de CEO da SAM.
“Um veredicto de desonestidade, na minha profissão, pode acabar com a carreira da pessoa”, disse Gibson.