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"Deixei de ser empresário para ser criador", diz Fause Haten

Às vezes, nossas escolhas profissionais nos levam para longe de quem somos na essência. E aí é preciso aprender o caminho de volta

Fause Haten é estilista, empresário e figurinista de musicais para teatro. É autor do livro Algumas Palavras e dos CDs CDFH e Vício (Marcello Fontes / Contigo)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 19h30.

"Minha casa tem minha moda, minha família, minhas cores, meus amores. Por aqui nunca passou um decorador. Minhas paredes podem ser tortas, mas são como são. Talvez o sofá não combine tanto com o quadro na parede, mas na vida nem tudo combina. Por exemplo, eu vivo no mundo do espetáculo, do glamour, mas me interesso pela rua, pelo jovem, pelo feio, pelo risco, pelo erro. Porque só da tentativa pode surgir o novo.

Um pouco pelos astros, um pouco pela maturidade, tenho uma necessidade profunda de ser fiel ao que sou. Quando abro a porta de casa, me pergunto como defender o meu espaço lá fora respeitando o dos outros. Na adolescência, cortava e costurava tecidos no chão do meu quarto para vender e, com o dinheiro, viajar.

O trabalho me levou a fazer desfiles no Brasil, em Nova York, Milão. Um dia, me vi exausto, percorrendo o mundo, lidando com fornecedores, compradores, administradores. Será que era isso mesmo o que eu queria?

Tomei a difícil, mas sábia, decisão de dizer não a tudo e voltar para o Brasil. E meu ego me levou a achar que eu precisava de uma loja na Oscar Freire, a meca do luxo em São Paulo. Naquela época, um movimento de grupos de investimento rondava a moda e lá estava eu à frente dela.

Janeiro de 2008 e a TV anunciava a venda da minha empresa e da marca Fause Haten, lucrativas e sem dívidas, para um desses grupos. Quatro meses depois, a base financeira e comercial do negócio foi destruída e me vi dentro de um barco afundando. E numa terça de junho saí de lá com a roupa do corpo. Deixei meus livros, minhas modelagens, minha história.

Depois do choque, entendi que precisava começar "novo" e não "de novo". Eliminei partes da coleção que só davam status, gerências, controladorias, estoques, pontos comercias caros. Montei uma empresa pequena, ágil e criativa com pessoas-chave atuando juntas em todas as áreas.Deixei de ser um empresário para ser um criador. Não passo mais meus dias em reuniões ou resolvendo problemas administrativos.

Abandonei muitas coisas, perdi dinheiro, uma empresa, alguns imóveis. Mas faço desfiles que mostram o que sou. Escrevi um livro, lancei dois CDs. Hoje, fotografias, quadros e obras feitas por mim decoram o espaço onde moro e me definem. Acordo sem despertador, durmo de madrugada, almoço sempre nesse meu canto. Era isso o que a minha alma pedia. Voltei para casa."

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"Minha casa tem minha moda, minha família, minhas cores, meus amores. Por aqui nunca passou um decorador. Minhas paredes podem ser tortas, mas são como são. Talvez o sofá não combine tanto com o quadro na parede, mas na vida nem tudo combina. Por exemplo, eu vivo no mundo do espetáculo, do glamour, mas me interesso pela rua, pelo jovem, pelo feio, pelo risco, pelo erro. Porque só da tentativa pode surgir o novo.

Um pouco pelos astros, um pouco pela maturidade, tenho uma necessidade profunda de ser fiel ao que sou. Quando abro a porta de casa, me pergunto como defender o meu espaço lá fora respeitando o dos outros. Na adolescência, cortava e costurava tecidos no chão do meu quarto para vender e, com o dinheiro, viajar.

O trabalho me levou a fazer desfiles no Brasil, em Nova York, Milão. Um dia, me vi exausto, percorrendo o mundo, lidando com fornecedores, compradores, administradores. Será que era isso mesmo o que eu queria?

Tomei a difícil, mas sábia, decisão de dizer não a tudo e voltar para o Brasil. E meu ego me levou a achar que eu precisava de uma loja na Oscar Freire, a meca do luxo em São Paulo. Naquela época, um movimento de grupos de investimento rondava a moda e lá estava eu à frente dela.

Janeiro de 2008 e a TV anunciava a venda da minha empresa e da marca Fause Haten, lucrativas e sem dívidas, para um desses grupos. Quatro meses depois, a base financeira e comercial do negócio foi destruída e me vi dentro de um barco afundando. E numa terça de junho saí de lá com a roupa do corpo. Deixei meus livros, minhas modelagens, minha história.

Depois do choque, entendi que precisava começar "novo" e não "de novo". Eliminei partes da coleção que só davam status, gerências, controladorias, estoques, pontos comercias caros. Montei uma empresa pequena, ágil e criativa com pessoas-chave atuando juntas em todas as áreas.Deixei de ser um empresário para ser um criador. Não passo mais meus dias em reuniões ou resolvendo problemas administrativos.

Abandonei muitas coisas, perdi dinheiro, uma empresa, alguns imóveis. Mas faço desfiles que mostram o que sou. Escrevi um livro, lancei dois CDs. Hoje, fotografias, quadros e obras feitas por mim decoram o espaço onde moro e me definem. Acordo sem despertador, durmo de madrugada, almoço sempre nesse meu canto. Era isso o que a minha alma pedia. Voltei para casa."

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