Carreira

“A IA vai mudar literalmente todos os empregos”, diz CEO do Walmart, a maior empregadora do mundo

Empresa já automatiza centros de distribuição e cria cargos especializados em IA, como o de 'agent builder'

Doug McMillon, CEO do Walmart: “Talvez exista um emprego no mundo que a IA não vá mudar, mas eu ainda não pensei em qual seria” (Rick Wilking/REUTERS/Reuters)

Doug McMillon, CEO do Walmart: “Talvez exista um emprego no mundo que a IA não vá mudar, mas eu ainda não pensei em qual seria” (Rick Wilking/REUTERS/Reuters)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 11h57.

O Walmart não está mais tratando a inteligência artificial como um experimento de laboratório ou uma tendência a ser observada.

A maior rede de varejo do mundo — e também o maior empregador do planeta, com 2,1 milhões de funcionários — decidiu assumir publicamente que a IA vai transformar radicalmente o mercado de trabalho.

E isso significa, nas palavras do CEO Doug McMillon, que nenhum emprego será poupado.

“É muito claro que a IA vai mudar literalmente todos os empregos”, afirmou McMillon durante uma conferência com executivos de grandes empresas em Bentonville, no Arkansas, sede do Walmart.

A empresa, que movimenta mais de 600 bilhões de dólares em receita anual, já começou a cortar postos em centros de distribuição e automatizar parte das tarefas em lojas, de acordo com o jornal norte-americano Wall Street Journal.

Em paralelo, criou novas funções especializadas em IA e contratou executivos com experiência em plataformas de tecnologia para liderar essa transição.

O que muda na maior força de trabalho do mundo

Desde 2023, o Walmart passou a colocar a IA como tema fixo nas reuniões de planejamento estratégico.

A empresa criou modelos para monitorar quais funções devem desaparecer, quais podem crescer e onde há lacunas de capacitação. O objetivo: treinar quem for possível — e substituir quem não for.

“Talvez exista um emprego no mundo que a IA não vá mudar, mas eu ainda não pensei em qual seria”, disse McMillon. A mensagem foi clara, inclusive para os funcionários da empresa. Segundo ele, o foco agora é “criar a oportunidade para todos conseguirem passar para o outro lado”.

Na prática, isso significa que o número total de funcionários — cerca de 2,1 milhões — deve se manter estável pelos próximos três anos. Mas o tipo de trabalho executado será outro.

“Ainda não temos todas essas respostas. Precisamos fazer nosso dever de casa”, afirmou Donna Morris, chief people officer do Walmart.

Em vez de reduzir a estrutura de maneira agressiva, o Walmart está promovendo um redesenho de funções.

Algumas áreas vão ser totalmente reformuladas com base em automação e ferramentas generativas. Outras, como logística de última milha e atendimento personalizado, devem ganhar mais protagonismo — e mais gente.

IA nas lojas, nos depósitos e no backoffice

Boa parte da transformação já está em curso. O Walmart desenvolveu chatbots, chamados de “agentes”, para automatizar interações com clientes, fornecedores e até com funcionários.

Também passou a monitorar dados de sua cadeia de suprimentos e de comportamento de consumo com sistemas baseados em IA. Em julho do ano passado, contratou Daniel Danker, ex-Instacart e ex-Meta, para liderar essa agenda de transformação digital — ele responde diretamente a McMillon.

Entre as novas posições criadas, uma chama atenção: o cargo de agent builder, função destinada a criar soluções de IA para apoiar os times comerciais.

A empresa também começou a investir mais em áreas operacionais que exigem presença humana, como manutenção, padarias, entregas e logística.

O que outras grandes empresas estão fazendo

O Walmart não está sozinho. A conferência em Bentonville reuniu executivos de empresas como Blackstone, Bank of America, Amazon, JPMorgan e Accenture — todas já lidando com impactos diretos da IA sobre o mercado de trabalho, de acordo com o Wall Street Journal.

Algumas adotaram uma abordagem ainda mais agressiva.

A Accenture, por exemplo, começou a desligar funcionários que não conseguiram se adaptar ao novo cenário, enquanto contrata especialistas em IA generativa.

Já a Blackstone tem aplicado uma metodologia própria para mapear os líderes mais preparados para navegar na transformação digital — e usa “resiliência” como o principal critério.

A OpenAI também marcou presença. Ronnie Chatterji, economista-chefe da empresa, foi direto: “A IA está apenas começando a causar ondas no mercado de trabalho. Em 18 a 36 meses, o impacto será muito maior.”

A empresa anunciou uma parceria com o Walmart e outras companhias para desenvolver um programa de certificação em IA, voltado à capacitação de profissionais de grandes corporações.

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