4 formas de vencer a apatia da plateia em uma apresentação
Sua plateia está muito quieta? Saiba como aplicar lições da psicologia comportamental para fazer as pessoas participarem da sua apresentação
Claudia Gasparini
Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 14h00.
São Paulo - Às vezes, não adianta ter slides vistosos nem falas bem ensaiadas. Se você tem alguma experiência com o assunto, deve saber que mesmo as melhores apresentações estão sujeitas à frieza e à apatia da plateia.
Por mais que você se esforce - e até tente fazer piadas sobre o silêncio mortal do público - a sensação é a de estar falando com as paredes. Mas por que é tão difícil fazer as pessoas participarem?
Autora do livro “Apresentações brilhantes” (Editora Sextante), a psicóloga Susan Weinschenk tem uma explicação simples: somos preguiçosos.
Nossa tendência natural ao repouso remonta ao tempo das cavernas. “Os seres humanos aprenderam que serão capazes de sobreviver por mais tempo e melhor se conservarem sua energia”, escreve Susan.
O desafio do apresentador não é pequeno. Se milênios de evolução nos ensinaram as vantagens de ficarmos quietos em nossas cadeiras, para que vamos gastar nossas forças respondendo a uma pergunta em voz alta, por exemplo?
De acordo com Susan, uma possível solução é aplicar lições da psicologia comportamental para derrotar a inércia e induzir as pessoas a participarem. Veja a seguir algumas das táticas sugeridas pela autora:
1. Dê a recompensa favorita do público (às vezes)
“Ratos famintos querem ração. O que a sua plateia deseja?”, escreve Susan. As recompensas podem ser diversas: prêmios, chocolates ou até um simples elogio do apresentador. O importante é estudar o perfil da plateia antes da apresentação para saber o que a estimula.
Uma dica, aqui, é usar o que se chama em psicologia de “estímulo variável”. Em vez de dar a recompensa sempre que as pessoas participarem da sessão, limite-se a concedê-la apenas algumas vezes, de forma aleatória. Segundo a autora, a imprevisibilidade do estímulo é instigante para as pessoas e ajuda criar expectativa.
2. Conceda autonomia
As pessoas gostam de fazer as coisas por si mesmas. Vai propor uma atividade? É melhor deixar a plateia decidir os detalhes. Será em grupo? Permita que as pessoas formem suas próprias equipes.
“Reconheça que as pessoas gostam de ser independentes e crie maneiras para que elas se sintam no controle”, diz Susan. A sensação de autonomia traz segurança à plateia e incrementa sua motivação para agir.
3. Estimule a competição em pequenos grupos
Não é novidade que a maioria das pessoas adora disputar - e o que quer que seja. Usar essa característica humana para mobilizar a plateia costuma funcionar, principalmente se a “briga” for travada em pequenos grupos.
“Quanto menor a plateia, maior a probabilidade de que as pessoas se motivem a fazer um exercício que envolva competição”, diz a psicóloga. Isso porque pesquisas de comportamento já provaram que ficamos mais motivados para competir quando temos poucos concorrentes.
4. Proponha ações que envolvam contato social
Embora não devam ser esquecidas por completo, tarefas individuais costumam gerar menos entusiasmo do que aquelas feitas em grupo.
Não é à toa: somos estimulados pela perspectiva de travar contato social.“Se você incluir atividades em sua apresentação que permitam às pessoas conversar, trabalhar juntas ou discutir o conteúdo que está sendo abordado, a plateia ficará mais interessada”, diz Susan.
Pensando nisso, os sócios da SOAP, consultoria especializada no assunto, compartilharam com EXAME.com algumas das regras básicas para usar a linguagem corporal do jeito certo durante as apresentações. Confira:
Em uma apresentação, a plateia é a protagonista – não você, seus slides ou lousa. Por isso, seu foco deve estar em quem está do lado de lá do palco ou da mesa.
Na prática, isso significa que seus olhos devem estar fitos neles – e não na sua apresentação de slides ou outro recurso.
“Você não pode interromper por muito tempo a conexão com a audiência”, afirma Rogério Chequer, sócio da SOAP. “Sem conexão, não há empatia. Sem empatia, não há credibilidade”.
Apesar da multidão de notas na partitura, é o maestro quem determina em que ponto de toda harmonia cada músico deve se focar. Faça o mesmo.
Assuma a postura de maestro da atenção da plateia. Segundo os especialistas, este processo começa antes de sua chegada ao palco – para ser mais preciso, no momento em que você confecciona os slides que irão auxiliá-lo durante a apresentação.
“O conteúdo mais importante não é o que está no slide, mas sim o que você está falando. Então, mostre apenas imagens sobre o que você diz”, afirma Eduardo Adas, sócio da SOAP. “Se você mostrar tudo de uma vez, a audiência não vai saber para onde olhar”.
Braços cruzados, mão na cintura ou nos bolsos, pernas muito abertas e por aí vai. Posturas assim passam “mensagens subliminares para a audiência na direção de desleixo, falta de disciplina, organização ou profissionalismo”, afirma Chequer.
A melhor estratégia para evitar isso é apostar em posturas e gestos neutros. “O que você busca em termos gestuais deve sempre visar à neutralidade e à complementariedade”, afirma Adas.
Ou seja, a maneira como você usa as mãos ou desloca o seu corpo não pode interferir na história que está contando – antes, deve reforçá-la.
Manter as mãos ao lado do corpo, por exemplo, cumpre essa função. Fazer gestos abertos, por sua vez, mostra ausência de proteção e confiança. “A conexão com a audiência é mais forte se seu gesto é natural”, diz Chequer.
“Muita gente odeia que aponte o dedo para elas. Ao fazer isso, você quebra a empatia”, diz Chequer.
Quando o grupo é pequeno, contudo, muitas vezes não faz sentido ficar em pé. Aí, a dica é aguçar os sentidos para perceber qual postura é mais adequada para cada reunião.