São Paulo - Como você reagiria se descobrisse amanhã que foi demitido? Em alguns casos, a notícia pode dar vazão a grandes explosões emocionais.
Foi o que aconteceu com um funcionário dispensado pelo McDonald’s, no estado de Minesotta, nos Estados Unidos. Sua reação, gravada pelo celular de uma das testemunhas, teve mais de 4 milhões de visualizações no YouTube.
Não é para menos: o espetáculo de fúria do rapaz incluiu uma discussão aos berros com o chefe na frente dos clientes, além de uma chuva de copos, canudos, guardanapos e até ketchup pelo chão do restaurante.
A angústia causada por uma demissão pode ser inevitável - mas é melhor evitar que o “chacoalhão” emocional se transforme num terremoto.
Segundo Henrique Gamba, gerente-executivo da Talenses, ceder ao pânico é temerário para a carreira, sobretudo a longo prazo. “É preciso aceitar as regras do jogo, ou você correrá o risco de mostrar pouco profissionalismo diante do mercado”, afirma.
O que muita gente esquece é que empregos são baseados em contratos, diz Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching. "São acordos temporários, isto é, podem ser quebrados a qualquer momento por ambas as partes”, explica.
Por essa razão, aconselha o especialista, ter um mínimo de distanciamento emocional é importante. "Alguns executivos lidam mal com a demissão porque confundem sua identidade pessoal com a profissional, e não sabem mais quem são fora daquela empresa”, afirma.
Planejamento financeiro também ajuda: quem investiu em fontes alternativas de renda consegue administrar melhor a perda do emprego a médio prazo.
Mas como não colocar tudo a perder? Para começar, é bom evitar as seguintes reações, dizem os especialistas ouvidos por EXAME.com:
1. Queixar-se sobre o ex-empregador
Gamba e Celestino concordam veementemente sobre um ponto: falar mal da empresa anterior é o maior de todos os pecados do profissional dispensado - por mais que ele tenha suas razões.
“Quem adota uma postura de vítima numa entrevista de emprego, por exemplo, é muito mal visto”, diz Gamba. “Passa a mensagem de que o candidato não aprendeu nada com a experiência”.
O mesmo vale para "desabafos" nas redes sociais. "Nunca se sabe o dia de amanhã”, comenta Celestino. “Você pode reencontrar chefes e colegas em futuros empregos”. Como nada desaparece completamente da internet, é bom se conter.
2. Sair em busca de outro emprego no dia seguinte
Por mais preocupado que você esteja com as suas finanças, é importante respirar um pouco antes de caçar uma nova oportunidade.
De acordo com Gamba, a pressa leva a escolhas erradas. “Não abrace a primeira vaga que aparecer”, diz o especialista. “Se ela não acrescentar nada à sua carreira, será perda de tempo e ainda deixará uma mancha no seu currículo”.
3. Tirar férias não planejadas
Demorar demais para reagir é tão perigoso quanto se precipitar. Isso porque longos períodos de afastamento podem gerar isolamento e desatualização, segundo Celestino.
A não ser que você realmente tenha programado um intervalo na sua carreira, o ideal é voltar o mais rápido possível ao mercado de trabalho. Para não perder o ritmo, é bom acordar cedo e manter uma rotina disciplinada até conseguir uma nova oportunidade.
4. Omitir a demissão da sua trajetória
Além de ser desonesto, esconder o fato de que você foi dispensado é inútil, segundo Gamba.
"O mercado está sempre conversando, então consegue desmascarar facilmente uma mentira desse tipo", diz ele. A postura mais correta é dizer a verdade sobre a demissão - com ênfase, claro, nas lições que ela trouxe para o seu desenvolvimento profissional.
Outro erro está em demorar propositalmente para atualizar a informação no LinkedIn. “O mercado hoje tem visto com maus olhos quem ‘esquece’ o emprego passado no perfil como se fosse atual”, afirma Celestino.
-
1. Não basta se demitir, tem que compartilhar?
zoom_out_map
1/8 (Marcelo Spatafora/EXAME.com)
São Paulo – É só fazer uma rápida pesquisa na
internet para encontrar, sem dificuldade, uma série de vídeos de um momento bem particular na vida de um profissional: o pedido de
demissão. Há desde casos bem humorados e criativos a situações em que os funcionários não escondem a insatisfação com chefes e empresas. Mas antes de usá-los como fonte de inspiração, Ana Cortes, sócia da BR Talent, sugere cautela. “O vídeo é eterno, a sensação de insatisfação, não”, diz. Ela explica que a gravação, seja ela engraçadinha ou raivosa, vai ficar como um carimbo no
currículo do profissional. Esse é o grande risco de deixar registrada para a posteridade a sensação vivida em um momento específico da vida. A especialista faz uma distinção importante. “Uma coisa é fazer um vídeo porque você está fazendo uma transição de carreira e aceitando um novo desafio, deixando uma mensagem positiva. Outra é fazer um vídeo porque está pedindo demissão porque chegou a uma situação limite”, explica. Veja alguns casos, clicando nas fotos acima:
-
2. Tchau, Google!
zoom_out_map
2/8
O mais recente caso de pedido de demissão viral é o de Michael Peggs. Depois de escrever
um artigo explicando seus motivos para deixar a empresa, ele publicou um vídeo no Youtube para reforçar a despedida. Nas imagens ele passeia de patinete pela empresa, ao som de uma mixagem a partir da música “The Best Is Yet To Come” de Frank Sinatra, mostrando que está deixando para trás benefícios e instalações que seriam o sonho de muitos profissionais. “Nesse caso, por ter sido bastante criativo é algo que até entra para o portfólio dele porque a mensagem que ele deixa é a de que resolveu sair da zona de conforto, mesmo com todos aqueles benfícios”, explica Ana Cortes, sócia da BR Talent.
-
3. Pedido ao vivo
zoom_out_map
3/8
Charlo Greene surpreendeu seus colegas na emissora KTVA, filiada à CBS no Alasca (EUA) ao pedir demissão ao vivo enquanto apresentava o jornal local, em setembro deste ano. O motivo: concentrar sua carreira na militância pela legalização do uso recreativo de maconha naquele estado, o que ocorreu no começo deste mês. "Dedicarei todas minhas forças em lutar pela liberdade e justiça, que começa por legalizar a maconha no Alasca. Para isso, não tenho mais alternativas do que deixar o programa. Estou indo embora", disse ela. Nesse caso, carimbou seu currículo com o símbolo da erva.
-
4. Videoclipe
zoom_out_map
4/8
Cansada da cobrança por audiência de vídeos que produzia para o escritório em que trabalhava, a roteirista e comediante Marina Shifrin resolveu pedir demissão... por vídeo, em setembro do ano passado. Dançando a música “Gone” de Kanye West, o resultado é um videoclipe que já teve mais de 18 milhões de acessos. Nele, ela conta ter sacrificado sua vida pessoal nos dois anos em que trabalhou na empresa. O sucesso do vídeo foi tanto que ela até recebeu propostas de trabalho. Mas, segundo Ana Cortes, sócia da BR Talent, fechou uma porta, pra sempre. “Para aquela empresa ela não volta mais”, diz.
-
5. Banda
zoom_out_map
5/8
Bastante descontente com o trabalho em um hotel de Rhode Island EUA), Joey DeFrancesco levou uma banda para apresentar sua carta de demissão ao chefe, em 2011. O gestor, é claro, não achou a menor graça. O sucesso do vídeo foi tanto, que Joey começou a receber muitas histórias de funcionários de hotéis que também estavam descontentes com as condições det rabalho. Hoje ele mantém um
site sobre o tema e continua coletando histórias.
-
6. À capela com a ajuda de um programa de tv
zoom_out_map
6/8
Em 2012, um funcionário de um café nos Estados Unidos resolveu fazer uma saída triunfal do seu emprego. Com a ajuda da equipe do programa de TV de Steve Harvey, levou um grupo de cantores e fez o anúncio cantando à capela. A iniciativa até que foi bem recebida e, de quebra, ele fez marketing para seu novo desafio já que virou empreendedor e obteve as atenções do público.
-
7. Ao som de Strauss
zoom_out_map
7/8
Mais uma saída triunfal. O encarregado de limpeza de uma empresa de autopeças escolheu uma trilha sonora de peso para anunciar que estava deixando o emprego. Ao som de “Also Sprach Zarathustra” de Richard Strauss, subiu em uma das mesas do refeitório e abriu a camisa. No tórax, a frase: “ eu me demito”.
-
8. Agora veja as melhores empresas para trabalhar segundo o LinkedIn
zoom_out_map
8/8 (Krisztian Bocsi/Bloomberg)