3 detalhes no currículo que conquistam qualquer recrutador
Os recrutadores mais calejados e experientes são sensíveis aos detalhes. Veja como conquistá-los sutilmente
Claudia Gasparini
Publicado em 26 de julho de 2017 às 15h00.
Última atualização em 26 de julho de 2017 às 15h00.
São Paulo — Graças à internet, não é difícil elaborar um currículo em padrões minimamente aceitáveis. Basta fazer o download de um modelo entre centenas de milhares disponíveis na web, e preencher as seções básicas do documento, tais como formação acadêmica e experiência profissional.
Ocorre, porém, que os recrutadores mais calejados e experientes são sensíveis aos detalhes. E é justamente por causa das sutilezas que um candidato pode estragar um CV quase perfeito ou, por outro lado, ganhar a simpatia e a preferência do avaliador.
Prova disso é o valor que os headhunters atribuem à fonte usada no texto do currículo. Muita gente acredita que a escolha entre Arial, Comic Sans ou Times New Roman é só uma questão de gosto, sem grandes consequências — mas a decisão passa recados sutis sobre a personalidade do candidato.
Uma fonte rebuscada demais, por exemplo, pode transmitir uma impressão de pouca objetividade, além de tornar a leitura do texto cansativa e desestimulante.
Na visão de Bruno Lourenço, sócio da empresa de recrutamento Vittore Partners, os detalhes fazem, sim, muita diferença, sobretudo por causa do grande volume de CVs analisados diariamente por um headhunter. “Em meio a uma pilha de currículos, aquele que está impecável nos detalhes acaba saltando aos olhos”, explica ele.
Prestar atenção às minúcias também é o conselho de Manoela Costa, gerente executiva da consultoria Page Talent. Quanto maior o cuidado com o detalhe, diz ela, melhor será a “tradução” de quem você é como profissional — e maiores as chances de ser chamado para uma entrevista.
Conheça a seguir três detalhes que podem fazer diferença para a sua candidatura, segundo os recrutadores consultados:
1. Os dados são altamente precisos
Para Costa, um currículo precisa ser o mais detalhado possível, isto é, trazer informações bastante específicas sobre as suas habilidades, experiências e resultados ao longo da carreira.
Em vez de mencionar genericamente que você liderou o time de marketing de uma multinacional, por exemplo, é interessante dizer especificamente quantas pessoas estavam sob o seu comando, quais foram as suas principais campanhas e quais foram os resultados atingidos. Se puder trazer dados numéricos, melhor ainda.
Mas cuidado: ser específico é diferente de ser prolixo. Segundo a gerente da Page Talent, é importante que o candidato apresente informações detalhadas, específicas e exatas, mas ele nunca deve deixar de ser sucinto. “Um currículo precisa ser enxuto e ocupar no máximo duas páginas”, diz ela. O segredo está em selecionar tudo (e apenas) o que for necessário.
2. O candidato não tem medo de usar termos técnicos
Outro detalhe que poderia passar despercebido é a presença ou ausência de termos típicos da sua profissão na descrição das atividades desempenhadas ou no resumo de qualificações.
Lourenço diz que gosta muito quando um candidato da área tributária, por exemplo, usa expressões como compliance de impostos ou preço de transferência. “Muita gente deixa de colocar, por medo de que o recrutador não entenda, mas entendemos sim e achamos isso importante, porque nos permite entender melhor o que aquela pessoa faz”, explica.
Vale lembrar que a presença de jargões não pode ser confundida com falta de clareza. Para Costa, é obrigatório tomar cuidado para não deixar passar nenhuma ambiguidade ou mal-entendido. Daí a obrigatoriedade de fazer uma revisão criteriosa do texto para não deslizar na norma culta da língua portuguesa — fator de desclassificação sumária, se o erro for crasso.
3. A formatação é cuidadosa com o leitor
Fazer um currículo limpo, com poucas cores e fontes sóbrias significa cumprir as regras básicas de formatação desse tipo de documento. Mas, se você quiser realmente ganhar pontos extras com um recrutador, vale ir além.
Na visão de Lourenço, é evidente quando o candidato se preocupou em criar um padrão visual para o CV. Se você decidiu, por exemplo, colocar os títulos maiores de cada seção num tamanho x, em negrito, e os subtítulos num tamanho y, em itálico, é importante seguir essa lógica para todas as seções até o final do documento.
“Quando existe uma uma coerência visual em todo o documento, a leitura fica mais fluida e eu consigo enxergar melhor a hierarquia entre as informações”, diz o recrutador. Organizar o texto em tópicos ou bullet points também facilita e agiliza a compreensão do que está escrito.
A preocupação com o leitor não aparece apenas no visual, mas também no conteúdo — e até em detalhes como o nome do empregador. “Gosto muito quando o candidato coloca o nome fantasia, mais conhecido, no lugar da razão social de um ex-empregador, que muitas vezes é obscuro e difícil de reconhecer numa primeira leitura”, explica Lourenço.