10 profissões em baixa, segundo headhunters
Confira carreiras em que os profissionais podem encontrar dificuldade conquistar oportunidades no mercado. Direito e jornalismo estão na lista
Camila Pati
Publicado em 2 de julho de 2013 às 15h31.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h34.
São Paulo – Mudanças na economia, excesso de formandos e os avanços tecnológicos são três variáveis citadas pelos especialistas na hora de citar profissões e carreiras com menor número de vagas no mercado de trabalho atual. “Com isso, o ritmo de contratações diminui para algumas carreiras e o mercado não consegue absorver 100% das pessoas formadas”, explica Thiago Sebben, diretor da Hays. Ele lembra que são três os aspectos que tornam uma carreira mais ou menos atrativa. “Ambiente de trabalho, perspectiva de crescimento e salários. São esses os pilares”, diz Sebben. “Não é que a necessidade caiu e, sim, que a relação entre a oferta e a demanda está desequilibrada”, diz Sthaell Ramos, sócia diretora da People On time. Ela explica que o fato de as carreiras serem em sua maioria na área de ciências humanas está relacionado à maior facilidade que as instituições de ensino têm na hora de oferecer estes cursos. “É mais fácil criar cursos nestas áreas porque é preciso oferecer apenas professor e bibliotecas”, diz. Marcelo Cuellar, da Michael Page, no entanto, faz um alerta: “Não é que o conhecimento tenha se tornado desnecessário, a questão é verificar onde este conhecimento pode agregar valor”, diz. Para se dar bem no mercado, os profissionais devem encontrar maneiras de se diferenciarem, de acordo com os especialistas. “O profissional bem formado, adaptado e flexível sempre terá o seu lugar ao sol”, lembra Sthaell. Confira quais são as profissões com menor número de oportunidades e confira as dicas dadas por especialistas para que os profissionais consigam se diferenciar no mercado:
“Nunca foi uma carreira que teve alta demanda dentro das organizações por se tratar de uma profissão mais técnica e com ramo de atuação mais acadêmico”, diz Marcelo Cuellar, da Michael Page. Para quem não quer ficar restrito ao ambiente educacional, o especialista sugere uma flexibilização da atuação. “O profissional de antropologia pode ser escritor, roteirista de programas de televisão e até trabalhar em recursos humanos”, diz. Mas, para isso deve complementar a sua formação. “As pessoas buscam faculdades de olho em uma profissão, mas deveriam estar interessadas mais no conhecimento adquirido”, diz Cuellar.
O formando de um curso de sociologia que quiser apenas atuar como sociólogo vai encontrar poucas oportunidades fora das escolas, universidades e centro de pesquisa. “Se ele quiser só trabalhar com sociologia vai ficar restrito”, diz Cuellar. O conhecimento é importante e necessário, segundo o especialista. “Mas para encontrar mais ofertas de trabalho é preciso abrir o leque de atuação”.
“Também é um profissão mais técnica, dificilmente você vai encontrar posições para geógrafos dentro de uma empresa”, diz Cuellar. Mas, como ele mesmo diz, nem só do mundo corporativo vivem os profissionais. “Agora, se ele quer trabalhar dentro de uma empresa deve ter um ramo de atuação mais abrangente. Pode dar aulas alguns dias por semana, participar de projetos de pesquisa em uma organização, por exemplo”, diz Cuellar. Quem gosta de geografia física, por exemplo, pode investir em uma especialização na área de Geologia, já que para esta última há mais demanda de profissionais, principalmente no setor de petróleo e gás.
“Se o profissional quiser ser apenas historiador terá, como no caso dos geógrafos, o ramo acadêmico e de pesquisa”, diz Cuellar, para justificar a restrição do mercado de trabalho. Mas ele indica que é há outras possibilidades para quem for flexível. “O historiador pode ser roteirista de seriados históricos, por exemplo”, lembra. “É questão de abrir a cabeça e procurar uma qualificação complementar”, diz Sthaell.
Sair da faculdade de jornalismo com o objetivo “romântico” de fazer grandes reportagens para um jornal ou ainda de se o próximo a ocupar a cadeira de William Bonner na bancada do Jornal Nacional pode levar à frustração muitos jornalistas em início de carreira. “A profissão mudou, se o profissional quiser ser jornalista como se era antigamente vai encontrar dificuldade”, diz. Repórter de jornal impresso, por exemplo, foi considerada a pior profissão nos Estado Unidos, segundo levantamento realizado pelo site Career Cast, também por conta da projeção de queda de 6% nas oportunidades profissionais nos próximos anos. “É uma das carreiras em baixa, a figura de editor de jornal, por exemplo, tende a desaparecer. As pessoas deixam de ler o jornal impresso para ver notícias postadas nas redes socais”, diz Sthaell. Isso significa que a comunicação perdeu importância? “De jeito nenhum, o jornalista agora tem nova roupagem”, diz Sthaell. Ela cita a área de comunicação interna das empresas como uma área promissora dentro da comunicação. “Há oportunidades nesta área, mas é difícil ver interesse das pessoas”, conta, lembrando ainda que há muito espaço para inovação na comunicação, principalmente no que diz respeito à parte digital.
“Modelo de sair da faculdade e rapidamente arranjar um bom emprego em um escritório de advocacia não existe mais”, diz Cuellar. Com oferta de formandos maior do que a demanda, o profissional deve se destacar para conseguir boas oportunidades. Especializações fazem a diferença aos olhos do mercado. “Essa questão do mercado mais agressivo faz com que os profissionais se qualifiquem mais”, diz Thiago Sebben, diretor da Hays. “Há áreas como ambiental e TI que tem poucos profissionais qualificados”, diz Sthaell. Interessados em trabalhar em setores jurídicos das empresas devem complementar a formação com cursos que deem visão de negócios. “Visão de dono do negócio é importante”, diz o diretor da Hays. Vale destacar que direito societário voltado para fusões e aquisições é uma das áreas mais promissoras para os advogados, de acordo com a consultoria Salomon Azzi.
A área de vendas está aquecida, mas aquele tipo de vendedor que vai de porta em porta vendendo produtos é uma figura em extinção, de acordo com Thiago Sebben, diretor da Hays. “Hoje a gente fala em comércio eletrônico, então representante comercial que vai de porta e porta vai acabar", diz. A dica é se adaptar às mudanças do mercado procurando qualificações complementares que permitam a ampliação da atuação na área comercial para não correr o risco de tornar-se obsoleto.
As oportunidades de trabalho para assistentes socais também são mais raras, de acordo com a consultoria Michael Page. “Não tem vaga para trabalhar de assistente social dentro de uma empresa”, lembra Cuellar. Setor público e terceiro setor geralmente absorvem estes profissionais, mas não 100%, já que a oferta de formandos é maior do que a demanda. “Mas, se o profissional estiver atento à demanda pode migrar para outras áreas, como recursos humanos, por exemplo, e buscar formação complementar”, diz Cuellar.
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