São Paulo - Se a proposta é fisgar o recrutador logo de cara, por que não se apresentar para ele de uma maneira inovadora? Esta, provavelmente, foi a conclusão que muitos dos autores dos currículos mais criativos chegaram ao esboçar os traços (ou gravar, bordar ou cantar) de suas apresentações profissionais.  Para boa parte deles, a estratégia deu certo. Da lista de currículos selecionados por EXAME.com, quase todos os autores conseguiram uma oportunidade profissional depois de ganhar projeção com a própria criatividade.  Mas, atenção: formatos surpreendentes não são suficientes. A relevância do conteúdo do currículo segue como a melhor estratégia para conquistar um bom emprego. Confira os exemplos incríveis a seguir.

“Máquina de ideias Dawn Siff. Jornalista. Estrategista. Gestora. Jedi do deadline”. Estas cinco frases, ditas em um vídeo de seis segundos, foram suficientes para garantir uma nova oportunidade profissional para a jornalista americana Dawn Siff. Conhecida na imprensa americana como a autora do primeiro currículo no aplicativo Vine (que permite a gravação de vídeos de até 6 segundos), Dawn é hoje gerente de projetos de uma unidade comercial do grupo Economist. Veja o vídeo direto no Vine. 

Para cativar a atenção dos diretores das agências de publicidade, o francês Victor Petit resolveu fazê-los ouvir a voz dele. Como? Enviou um currículo em papel com um código de QR Code. Bastava o recrutador colocar o celular no local para saber o que ele tinha a dizer. “

Depois de ficar nove meses sem trabalho, o irlandês Féilim Mac An Iomaire tomou uma atitude desesperada em 2011 e investiu todas as suas economias em uma propaganda de outdoor pelas ruas de Dublin para atrair a atenção de headhunters. Com a frase de impacto “Save me from emigration”, Mac An Iomaire, formado em comércio exterior,  deixa um e-mail de contato para possíveis interessados em receber seu currículo – e oferecer um emprego. A ideia custou 2 mil euros.

Para driblar os altos níveis de desemprego na Espanha, o jornalista espanhol desempregado Enzo Viscaíno foi para o metrô de Barcelona cantar o próprio currículo. O vídeo da apresentação, postado no YouTube, ganhou repercussão internacional e, até a tarde de ontem, contabilizava mais de 600 mil visualizações.  “Eu não estou aqui para pedir dinheiro. Mas talvez você tenha tiver um amigo ou parente que precisa de um jornalista, roteirista, escritor ou compositor”, diz um trecho da música. “Eu sou especialista em Twitter, Facebook, Pinterest, Linkedin e MySpace. Experiência profissional em uma rádio local”.  Há uma semana, Viscaíno anunciou, em seu blog (e com uma nova música), que havia conseguido emprego como roteirista em um programa de televisão. 

A estratégia do britânico Graeme Anthony para atrair atenção dos recrutadores foi fazer exatos seis vídeos com o conteúdo do próprio currículo. O lado inusitado da iniciativa? Anthony utilizou o recurso de links entre vídeos para aprofundar informações sobre ele e tornou cada vídeo único. Assista o vídeo ao lado e clique nos links no final para ter uma ideia do que estamos falando. 

Para conseguir um emprego no Shopify, uma plataforma que permite criar lojas online customizadas, o economista Mike Freeman não teve dúvidas: usou o próprio site como ferramenta para montar o currículo e fazer uma espécie de loja online de si mesmo. Assim, ao lado do link com informações do currículo, Freeman criou uma página dedicada apenas ao agendamento de uma entrevista com ele com uma estrutura semelhante ao sistema usado por lojas online. Ou seja, para entrevistá-lo, o recrutador teria que adicionar a reunião ao carrinho – como quando compra um produto. 

O jamaicano Jannic Nielssen se inspirou na ideia do site Kickstarter, uma plataforma online de financiamento coletivo de projetos, para deslanchar a própria carreira. Confiante na força das redes sociais, ele lançou uma espécie de campanha na internet pedindo para que desconhecidos compartilhassem o vídeo currículo dele. O projeto contou até com entrega de brindes para quem aderisse à ideia. Resultado? Em um mês, ele já estava contratado. 

A também designer Sarah Odgers quis mostrar todas as possíveis facetas das suas hablidades profissionais com este currículo 3D. Formada em 2010, a jovem, no entanto, ainda procura uma oportunidade profissional de tempo integral. 

O irlandês Jordan McDonnell decidiu usar o que a cultura popular chama de psicologia reserva ao entregar para recrutadores um “não-currículo”. Para isso, ele fez uma apresentação (muito divertida) no SlideShare e listou informações que, geralmente, não cabem em um currículo convencional – incluindo viagens e um depoimento dos pais dele. E, sim, vale a pena clicar em cada um dos 33 slides.