Segundo Frederico, “o Brasil está pronto para liderar essa transformação no setor elétrico e que esse movimento impulsionará o desenvolvimento no país”. (Raízen Power/Divulgação)
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Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 18h12.
Por Frederico Saliba*
O ano de 2024 começou e com ele foi iniciada uma nova era para o setor elétrico brasileiro: a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores conectados em média e alta tensão. O modelo, que antes era destinado apenas a aqueles com demanda superior a 500 kW ou com contas acima de R$ 50 mil, agora permite a migração de pequenos e médios negócios – com faturas a partir de R$ 8 mil. Neste ambiente de contratação livre o cliente pode escolher seu próprio fornecedor e negociar preços, prazos e volumes.
A mudança representa uma grande oportunidade de redução de custos para o consumidor, e o mais importante, na minha opinião, o maior acesso a uma energia de fonte limpa e alinhada à pauta de descarbonização, que vem tendo cada dia mais relevância para a sociedade.
A abertura foi um avanço e agora milhares de consumidores poderão ser beneficiados. Existem mais de 202 mil unidades de média e alta tensão no Brasil, sendo que destas, mais de 37 mil são atendidas pelo mercado livre.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), outras 70 mil estão aptas a migrar, isso porque cerca de 90 mil consumidores já aderiram à geração distribuída.
Caso as estimativas do setor se concretizem, o ambiente de contratação livre irá triplicar de tamanho, podendo atender até 48% do consumo de energia nacional. Hoje, esse percentual está em 37%.
A transição energética e a adoção de energia limpa são temas urgentes que vêm ganhando cada vez mais importância no cotidiano de governos e empresas. Não apenas por ser uma necessidade global, mas também por se tratar de uma oportunidade para impulsionar a competitividade de negócios e agregar valor ao mercado.
Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), a atual abertura do mercado de energia tem potencial de injetar R$ 2,6 bilhões por ano na economia com a redução da conta de luz, que pode chegar a 30%, dos novos entrantes.
Caso a abertura total se concretize, ela poderá gerar R$ 210 bilhões de redução nos gastos e 642 mil empregos até 2035.
Não é à toa quando falam que o setor de energia é um dos mais promissores do nosso país.
Enquanto o patamar mundial possui apenas 27% da sua matriz elétrica sendo renovável, o Brasil ultrapassa 84% de renovabilidade, conforme o Ministério de Minas e Energia (MME).
À frente da Raízen Power, sei a importância do comprometimento com a inovação, tecnologia e o desenvolvimento de soluções do futuro com foco no consumidor. Isso proporciona crescimento no mercado.
Graças a essa noção, contamos com mais de 70 mil clientes conectados no portfólio.
São muitas as oportunidades e os benefícios com uma possível abertura total do mercado.
Porém, a grande questão que permanece é: quais são os obstáculos para chegar até lá?
Para derrubar as barreiras e avançar o mais rápido possível, dando liberdade de escolha para todos os consumidores, é crucial que o setor elétrico seja adaptado e tenha uma regulamentação em linha com essas novas diretrizes.
A migração em massa afeta as tarifas do mercado cativo, com isso, a abertura total carece de ajustes regulatórios para equilibrar os interesses de todos os agentes, sem prejudicar os consumidores que permanecerão no ambiente regulado.
Daqui para frente precisamos buscar um equilíbrio que proteja todos os interesses e garanta a segurança no fornecimento de energia, a sustentabilidade econômico-financeira do mercado e eduque a população para essa nova realidade.
Não tenho dúvidas de que o Brasil está pronto para liderar essa transformação no setor elétrico e que esse movimento impulsionará o desenvolvimento no país.
A abertura que aconteceu agora é o primeiro passo para redefinirmos o futuro da energia e beneficiar os 89 milhões de consumidores de baixa tensão que ainda não estão aptos a migrar.
Acredito que é nesse caminho, e aprendendo com outros mercados, que as empresas de energia vão conseguir se preparar para o futuro do setor.
*Frederico Saliba é CEO da Raízen Power.
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