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Quiet Ambition: reconfigurando prioridades e repensando a sucessão empresarial

Esta semana, Cristiano Zanetta fala sobre um novo fenômeno que ocorre no ambiente de trabalho mundial

Apenas 4% dos funcionários consideram a promoção ao alto escalão um objetivo importante de carreira (Vestock/Freepik)

Apenas 4% dos funcionários consideram a promoção ao alto escalão um objetivo importante de carreira (Vestock/Freepik)

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Publicado em 19 de outubro de 2023 às 18h40.

Por Cristiano Zanetta*

Um novo fenômeno está atualmente redefinindo a dinâmica do mercado de trabalho. Conhecido como "Quiet Ambition" ou "Ambição Silenciosa", esse conceito traz consigo uma mudança de mentalidade em relação às normas tradicionais do trabalho, deslocando a profissão como o principal pilar de prioridade individual e a escalada hierárquica, que costumava ser vista como um “medidor” de sucesso profissional.

Com a proliferação da realidade do trabalho home office, que foi impulsionada pela nova geração de colaboradores e agravada pela pandemia, emerge uma tendência de romper com hábitos antigos relacionados ao conceito de "trabalho". Isso resulta em uma nova perspectiva sobre prioridades e ambições no ambiente de trabalho, o que, por sua vez, tem um impacto significativo em toda a rede de colaboradores.

Uma reportagem publicada pela revista “Fortune” revelou que atualmente apenas 4% dos funcionários consideram a promoção ao alto escalão um objetivo importante de carreira. Em contraste, as metas relacionadas ao local de trabalho nem sequer figuram entre as três principais aspirações dos entrevistados.

No topo dessa lista de prioridades, 67% dos entrevistados valorizam passar tempo com a família e amigos. Em seguida, com 64%, vêm a saúde física e mental, e a oportunidade de viajar, com 58%.

Atualmente, muitos colaboradores estão rejeitando a ideia de trabalhar meramente pelo trabalho em si. Com as mudanças nas prioridades, esses colaboradores não buscam mais ascender na hierarquia de uma empresa em busca de altos cargos. O enfoque mudou, e agora o tempo livre e uma vida mais tranquila e equilibrada tornaram-se prioridades. 

Essa transformação de mentalidade levanta uma questão significativa: como as empresas devem lidar com essa nova realidade? Além disso, com a perspectiva iminente de problemas na sucessão de lideranças, surge a pergunta crucial: quem assumirá o lugar dos atuais líderes?

O sistema de trabalho atual está sob ameaça devido a essa significativa mudança de mentalidade em relação às prioridades no trabalho, que tem grande potencial para se tornar uma tendência dominante. Nessa nova perspectiva, a vida não se limita mais ao trabalho. Para muitos, não faz mais sentido sacrificar a qualidade de vida em busca de promoções.

À medida que esse novo conceito molda o futuro do trabalho, torna-se importante que as empresas passem a adotar uma abordagem mais flexível e voltada para o bem-estar de seus funcionários. E a sucessão empresarial não está em perigo, mas a adaptação ao mundo em constante evolução do trabalho é essencial para o sucesso das organizações no futuro.

Com base nessas novas tendências em relação à ambição no trabalho, abre-se um horizonte de possibilidades para quem almeja alcançar altos cargos. Se houver uma escassez de pessoas dispostas a assumir cargos de liderança, para aqueles que continuam aspirando a avançar em suas carreiras, existe a oportunidade de se aprimorar e aguardar oportunidades que podem surgir, quase literalmente, à porta.

Problemáticas da falta de ambição nas empresas

Quando um colaborador deixa de nutrir sua ambição, as consequências podem se revelar disfarçadas, mas nem por isso menos prejudiciais. Ceder à rotina de lazer, sem buscar o desenvolvimento pessoal e profissional, pode criar uma ilusão de conforto no curto prazo. No entanto, essa sensação de conforto pode se transformar em uma armadilha, já que a falta de ambição frequentemente resulta em estagnação e na perda de oportunidades significativas. 

Aqueles que se contentam com a zona de conforto podem, em algum momento, perceber que estão aprisionados em um ciclo de tarefas rotineiras e pouco construtivas, o que pode levar à gradual perda de entusiasmo pelo trabalho. Essa falta de motivação tende a refletir-se no desempenho e na limitação do crescimento profissional, tornando-os menos competitivos no mercado de trabalho e, consequentemente, prejudicando suas perspectivas a longo prazo. 

Portanto, é de suma importância que os colaboradores reconheçam os potenciais riscos da falta de ambição e reflitam sobre como essa tendência pode impactar adversamente o próprio progresso e a satisfação em suas carreiras.

*Cristiano Zanetta é reconhecido oficialmente pela Warner Bros como o Batman do Brasil. Além de ser empresário, palestrante TED e filantropo, é uma das maiores referências em humanização no país, contribuindo para a reinvenção de ações sociais em todo o Brasil.

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