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Produzir e preservar: desenvolvimento sustentável é o futuro da Amazônia

Webinar da Bússola debateu como setor empresarial pode ajudar na proteção à floresta e na inclusão econômica das comunidades locais

Amazônia: desmatamento aumentou (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

Amazônia: desmatamento aumentou (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

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Publicado em 3 de novembro de 2020 às 22h23.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 20h02.

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Para a maioria dos brasileiros, o futuro da Amazônia combina proteção da floresta e desenvolvimento. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada pelo Instituto FSB para o Fórum Mundial Amazônia+21, 95% concordam que é possível alinhar progresso econômico e preservação do meio ambiente. Essa é também a conclusão da live realizada hoje, 3 de novembro, pela Bússola sobre desenvolvimento sustentável na região amazônica. Na opinião dos debatedores, as praticas sustentáveis, além de protegerem o bioma e as comunidades, trazem diferencial competitivo para o Brasil e o setor produtivo nacional, que deve estar cada vez mais comprometido com um modelo econômico inclusivo.

Coordenador do Fórum Mundial Amazônia +21, que reunirá mais de 100 instituições nacionais e internacionais de amanhã até sexta-feira para mapear soluções conjuntas para a região, Marcelo Thomé defendeu o fortalecimento da atividade econômica como estratégia de defesa da floresta. “Vivendo na Amazônia há mais de 20 anos, eu diria que, se não avançarmos com a agenda do desenvolvimento econômico, não conseguiremos atender as necessidades de preservação e conservação do bioma amazônico. Na medida em que há ausência de empreendimentos e negócios que permitam a geração de emprego e renda à população amazônica, o avanço das atividades ilegais cresce”, disse.

Thomé, que também é presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero),  afirma que há uma mudança de entendimento e percepção do empresariado brasileiro em relação à agenda de sustentabilidade, que passa a ser vista não apenas como uma obrigatoriedade da legislação ambiental mas uma nova janela de oportunidades para geração de negócios e renda, tendo como ativo a floresta em pé. “Terra sem dono é onde o ilícito acontece. Onde você tem um CPF, um CNPJ atrelado, o dono cuida daquele negócio” ressaltou. Ele lembrou que, dessa maneira, “o Estado tem a possibilidade de imputar responsabilidades, caso ocorra um dano ambiental”.

Presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que há 23 anos reúne os maiores grupos empresariais comprometidos com práticas sustentáveis e inclusivas, Marina Grossi destacou como os executivos têm trabalhado para que avance no país um modelo de economia circular de baixo carbono. “O Brasil tem vantagens na nova economia, que está inexoravelmente caminhando a passos largos para acontecer, que é uma economia de baixo carbono, mais inclusiva, circular. Todos esses aspectos estão moldando o ‘Green New Deal’ na Europa, na Coreia do Sul, em parte dos Estados Unidos. Esse caminho felizmente não tem volta”, afirmou.

Marina explicou que o país ganha competitividade com a agenda ambiental e garantiu que a sustentabilidade está além do mero cumprimento da lei. “Ser sustentável vai além de obedecer à legislação. É preciso incorporar aspectos sociais e ambientais, o que contribui para ter uma visão de longo prazo. Tem estudos que mostram que se os CEOs ficarem pensando só no que vão apresentar na Bolsa de três em três meses, só no lucro do curto prazo, eles podem prejudicar suas empresas nessa arena mais competitiva e consistente no longo prazo”, esclareceu.

Segunda maior indústria de alimentos do mundo, a JBS é um exemplo de empresa que investe em praticas sustentáveis há algum tempo. Faz uma década, por exemplo, que a companhia detém uma política rigorosa de compra responsável, com tolerância zero ao desmatamento e monitoramento de fornecedores diretos de bovinos por meio de imagens de satélite. Em setembro, foi lançado o programa Juntos Pela Amazônia, com mais iniciativas para aumentar a conservação da floresta e desenvolver ações para além da cadeia de valor da empresa.

Um das novidades é o Fundo JBS pela Amazônia, presidido por Joanita Maestri Karoleski. Segundo ela, por meio do fundo, a empresa quer financiar projetos de desenvolvimento sustentável e garantir mais oportunidades para os moradores das comunidades amazônicas. Com aporte inicial de R$ 250 milhões da JBS nos cinco primeiros anos,  o fundo poderá chegar a R$ 1 bilhão com contribuições externas até 2030. “A JBS decidiu investir, juntamente com a sociedade, governos federal e estaduais, institutos e associações. Nosso objetivo é buscar oportunidades para fomentar o desenvolvimento sustentável do bioma amazônico, promovendo a conservação da floresta e a melhoria da qualidade de vida da população”, disse Joanita.

Karoleski afirma que, embora o lançamento do fundo tenha sido em setembro, desde maio, por causa da Covid-19 e por meio do programa Fazer o Bem Faz Bem, a JBS investiu R$ 92 milhões em ações sociais nos estados que compõem a Amazônia Legal. “Muitos desses valores ficaram como legado para a população na questão sanitária e na educação. Fizemos a construção de 2 hospitais, doação de equipamentos hospitalares. A partir disso, a JBS entendeu como a iniciativa privada poderia participar desse desenvolvimento”, esclareceu.

O Fundo JBS pela Amazônia trabalha com três pilares: conservação e preservação de floresta, desenvolvimento socioeconômico das comunidades e desenvolvimento científico e tecnológico. “Vamos buscar o desenvolvimento sustentável do bioma, ampliar o reflorestamento e conservação da floresta, fomentar a pesquisa científica e tecnológica, apoiar as comunidades da região e fazer projetos que tenham geração de renda para indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Vamos pensar a bioeconomia de forma conjunta”, concluiu Joanita Karoleski.

Para Susy Yoshimura, diretora de Sustentabilidade e Compliance do GPA, o compromisso com processos mais sustentáveis é uma estratégia de negócios do grupo desde sempre. Em setembro, o GPA – que é o maior grupo de varejo alimentar da América do Sul e é responsável pelas marcas Pão de Açúcar, Extra, Assaí e Compre Bem - atualizou e tornou ainda mais rigorosa as diretrizes da política de compra de carne bovina, que inclui monitoramento e rastreabilidade total da cadeia, desde a inseminação do animal até a venda na gôndola.  “Especificamente na questão da carne, a gente tem um política estruturada desde 2015 e lançada em 2016 que já previa a evolução de hoje, com um processo de homologação dos nossos fornecedores e frigoríficos” destacou.

De acordo com a política implantada pelo GPA, todos os fornecedores do grupo devem ter um sistema de geomonitoramento para controlar a compra e a venda de carne e passar informações que alimentem o modelo de rastreabilidade. Dessa forma, é possível identificar as fazendas que atuam em conformidade com as diretrizes de compra responsável. “De lá para cá, a gente teve muitos avanços. Todos os nossos fornecedores já utilizam o sistema de geomonitoramento, todos já passam a origem da fazenda. Vinte e nove fornecedores foram bloqueados ao longo deste processo, mas nove, a partir de plano de ação e de evidências de implementação, retornaram”, contou Yoshimura.

Susy Yoshimura afirmou ainda que a agenda sustentável é um processo contínuo, que propicie o desenvolvimento da cadeia de valor com  práticas de competitividade sadias e resulte num círculo virtuoso capaz de envolver todos atores da cadeia produtiva. “O que a gente quer é processo de homologação contínuo, um monitoramento contínuo, mas que acima de tudo o GPA possa apoiá-los para ter essas novas práticas de excelência, ter inovações e que os seus produtos agreguem valor ao mercado e não percam competitividade”, declarou.

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