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O marketing está empurrando influenciadores para a uberização da carreira?

Jovens do mundo todo sonham com uma carreira nas redes sociais, mas as dificuldades são enormes e a falta de estruturação da profissão complica ainda mais

(Maskot/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 18 de novembro de 2022 às 19h00.

Trabalhar e criar uma carreira como influenciador digital ainda é uma novidade em todo mundo. Apesar da figura do líder de comunidade já ser reconhecida há tempos, gerar lucro com isso é algo que ainda está sendo aprendido.

A wikipédia define marketing de influência como sendo:  “... uma abordagem que consiste em praticar ações focadas em indivíduos que exerçam influência sobre potenciais clientes de uma marca”. Ou seja, marketing de influência é uma nova forma de gerar vendas e como qualquer acordo comercial requer formalização, contratos e atribuições que quando equilibradas se findam num acordo ganha-ganha, mas será?

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Já são mais de 500 mil influenciadores no país e eles se consolidaram como um canal relevante de divulgação. Diante da grande oferta e falta de estruturação (ausência de coletivos ou sindicatos) as marcas têm se aproveitado para barganhar cada vez mais e reduzir a centavos os valores pagos em troca de publicidade.

O influenciador virou sinônimo de mídia barata e, em um mercado que se autorregula (oferta x demanda), é até fácil entender que economia segue seu curso natural, mas, ao analisar as propostas obtidas em um site focado nesse tipo de transação é possível enxergar um desequilíbrio nessa relação comercial que claro, impacta negativamente a parte mais fraca: os profissionais que trabalham com influência e que ainda não têm uma marca consolidada nas redes.

A última campanha de redes sociais da Diageo, batizada de “qual seu whisky” lançada em agosto, recrutou dezenas de influenciadores ao custo pífio de R$ 0,35 por clique. Para fins de comparação, uma campanha veiculada em Google Ads tem lance médio de R$ 15 e, se analisarmos o setor de bebidas, isso significa que o valor pago é 200 vezes maior que o repassado aos influenciadores no caso dessa campanha. A marca é a maior fabricante de bebidas alcoólicas do mundo e conforme apurado em uma recente publicação na imprensa, viu o faturamento crescer 62% no país em um ano.

Os influenciadores se consolidaram como um canal importante para as marcas e essa relação pode ser vantajosa para ambos. Do lado das marcas, ganha-se exposição, credibilidade e distribuição de conteúdo. Uma pesquisa da Youpix revelou que 44% dos entrevistados  já comprou algum produto ou serviço com base na recomendação de um influenciador.

Do outro lado da moeda, esses profissionais passam a usar as mídias digitais – Instagram, TikTok e Twitter – como fonte de renda, seja ela extra ou até mesmo principal (é o que chamamos de parceria “ganha-ganha”), mas já assisti marcas abusando do poder e reduzindo a apenas permuta a remuneração dos influenciadores digitais.

O problema é consequência da grande oferta de profissionais e isso se consolida quando eles acabam aceitando as negociações pois vêem nelas uma forma de ancorar a carreira ao acumular experiência e portfólio. O influenciador digital precisa se preocupar em manter boas negociações para não se tornar uma plataforma barata de divulgação – e é hora de se unir nesse objetivo.

A permuta sempre existiu, e sempre vai existir, mas ela precisa ser equiparável e não ser uma forma contemporânea de escambo onde se troca um post por um jantar ou sessão de massagem. Até quando isso vai? Não sei, mas cabe às marcas não abusar na negociação e pensar na sustentabilidade de seus negócios. Em um cenário onde 70% dos @arrobas são mulheres abre-se uma nova discussão de um problema antigo.

O risco de uma parceria mal formulada pode significar o fim meteórico de uma carreira. Portanto, um contrato de parceria bem estruturado torna-se imprescindível para celebração de uma relação jurídica entre um micro influenciador e uma marca. Como toda relação entre particulares, a prestação de serviços pelos influenciadores digitais deve-se pautar pelas regras do direito civil.

O fato é que grande parte dos contratos firmados se dá apenas verbalmente ou por trocas de mensagem via whatsapp por exemplo: o que não oferece qualquer segurança para as partes.

Dessa forma, ambos, empresário e influenciador, ficam suscetíveis a prejuízos. O acordo verbal não cumprido é passível de cobrança judicial. No entanto, no caso de uma disputa judicial, será necessária a exposição de provas contundentes, e aqui você pode ter dificuldade em comprovar detalhes como valores exatos, datas de vencimentos e limites da contratação.

Em um cenário onde jovens por todo brasil sonham em alçar carreira as marcas precisam ser parte atuante e colaborativa nessa construção positiva, e não mais um na esteira da precarização do trabalho – isso sim é um contrato “de milhões”.

*Patricia Carvalho dos Santos é CEO e cofundadora da Fórum Hub

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