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IA, parodoxos e a coviditioce que assola o Brasil

Este será um capítulo da história a ser narrado em “modo medonho”, em que a humanidade adentra o século 21 galopando no apocalipse

Este será um capítulo da história a ser narrado em “modo medonho”, em que a humanidade adentra o século 21 galopando no apocalipse (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Este será um capítulo da história a ser narrado em “modo medonho”, em que a humanidade adentra o século 21 galopando no apocalipse (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

AM

André Martins

Publicado em 16 de março de 2021 às 15h51.

Última atualização em 31 de março de 2021 às 11h59.

O “Paradoxo da informação” foi o título de um bate-papo bem petit comité que a dupla Silvia Bassi e Cristina de Luca – do excelente “The Shift” – pilotou esta semana em uma sala do Clubhouse. Tive o prazer de ser convidada como host.

A conversa trouxe uma velha conhecida matriz pro club: quanto mais info eu tenho, menos eu consigo usufruir dela. O que fazer com essa visão meio kafkiana do conteúdo em rede? O impacto vem de todos os lados: sufoco por volumetria, por tempo-espaço da vida e, na pior parte dela, por falta de credibilidade das fontes que o produzem.

Lá estavam também o Rafael Coimbra, editor-executivo da MIT Technology Review Brasil, e o Ricardo Capra, do Cappra Institute for Data Science. Craques que levaram a conversa para o lado dos dados e de como a Inteligência Artificial entra nesse jogo. A favor ou contra.

Mas o debate sobre paradoxo – substantivo masculino que significa aparente falta de nexo ou de lógica ou contradição – é bem dolorido.

Virou arroz de festa no Brasil.

Vejam que temos bilhões de informações (e fatos!) sobre a devastação sanitária, econômica e social causada pela covid-19, e isso não mexe nadinha no ponteiro de quem não usa máscara, para ficar no simples.

E até parece ter efeito contrário quando se vê a quantidade de festas privadas, cassinos com Gabigol e até encontros swingueiros que grassam nas estepes brasilis. Pulamos a fronteira do paradoxo para aterrissar na da covidiotice. Isso para nós.

Para aqueles, vejam, é só a vida fluindo. Macabramente.

Temos um vírus que mata circulando celeremente no país que é a casa mundial do patógeno.

No futuro este será um capítulo de nossa história a ser narrado em “modo medonho”.

E será contado também como a humanidade adentrou o século 21, galopando no apocalipse com cinismo e um monte de notícias que se utilizam de inteligência artificial, a disciplina que vai delimitar as fronteiras disruptivas do mundo.

Volto a ela porque afinal é a ciência que transforma seu smartphone em uma máquina de comunicação que te atende por voz e é também a mesma que possibilita a criação de deepfakes, os vídeos falsos, em estado da arte. IA na veia. O bem e o mal habilitados por tecnologia. IA é um mundo lindo. E complexo. Já agora e ainda mais, no futuro.

Lembrei de trecho extraído do extraordinário artigo de Silvio Meira, “21 Anotações sobre 2021”: “estamos em tempos de troca de era, e há uma clara percepção de que o tempo se tornou mais escasso. porque o futuro –sem convite– chegou, de repente, no presente, que continua vivo, junto com o passado. o problema de todos, em todas as instituições é… como criar tempo para o futuro?”

Ao querido Silvio, eu ouso responder com outra pergunta: como cultivaremos, neste nosso cenário, pessoas e histórias de bem para honrar e habilitar esse futuro que já chegou?

* Rizzo Miranda é sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

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