Não temos mais desculpa: nossa personalidade é nossa tendência, não nossa sentença
Pesquisadores apontam que podemos mudar padrões mentais e emocionais treinando nosso cérebro. E isso muda tudo! Na vida, no trabalho, para nós e para as empresas. Confira o artigo de Cecília Ivanisk
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Publicado em 1 de julho de 2024 às 13h00.
Última atualização em 1 de julho de 2024 às 13h06.
Por Cecília Ivanisk, fundadora da Learn to Fly
Você já parou para pensar como ascrençasque temos sobre nós mesmos moldam tudo em nossa vida?
A psicóloga Carol Dweck, da Universidade de Stanford, em seu livro “Mindset - A Nova Psicologia do Sucesso”, nos desafia a olhar para as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo, as quais nos moldam desde a infância, "definindo" quem somos, como algo que pode ser transformado ao longo da vida.A chave para que isso aconteça está no nosso cérebro e nos estímulos que damos a ele.
Até nossos primeiros três anos de idade, a natureza nos dá mais conexões cerebrais do que precisaremos na fase adulta, pois durante esses primeiros anos temos muita coisa a absorver. Entre os três e os quinze anos, o cérebro começa a se acomodar e a fazer uma seleção natural dessas conexões, chamada de poda neural.As conexões que não usamos se enfraquecem e são descartadas, enquanto as que mais usamos são fortalecidas, como um rio que vai formando seu curso, e quanto mais passa pelo mesmo caminho, mais aquele caminho se aprofunda e se torna consistente.
Algumasconexõesficam mais fortes e mais fáceis de usar do que outras, de acordo principalmente com nossas experiências na infância, na adolescência e ao longo da vida. Nossos padrões recorrentes de pensamento, sensação ou comportamento se formam e dependem dessa rede neural singular e individual, única como nossas impressões digitais.
Durante muito tempo, acreditou-se que após a poda neural nosso cérebro se tornava rígido e inflexível, e que esses padrões seriam permanentes. No entanto, neurocientistas estão comprovando que a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do nosso cérebro de se moldar e criar novas conexões a partir de novos estímulos, ocorre até a nossa morte. Enquanto houver atividade cerebral, haverá plasticidade.
Podemos então comparar nosso cérebro a um músculo, que se molda e se fortalece com o uso. Assim como é possível desenvolver novas habilidades físicas por meio do treino, também é possível remodelar nossos padrões mentais e emocionais ao longo da vida. Nossamentalidade (mindset)não é fixa, mas flexível e capaz de mudança com esforço e prática contínuos.
Mindset de crescimento
Carol Dweck cunhou, então, o termo mentalidade de crescimento. Tem mentalidade de crescimento quem acredita (e pratica), assim como a neurociência, que as habilidades não são inatas, mas que podem ser desenvolvidas com persistência e esforço. Pois de nada adianta ter a plasticidade cerebral se você não estimular seu cérebro a se desenvolver. Ao adotarmos um mindset de crescimento, podemos não apenas superar desafios e adversidades, mas também ampliar nosso potencial para alcançar novos níveis de realização pessoal e profissional.
De acordo com Dweck, há duas maneiras de encarar um problema difícil:ou você acredita que não é inteligente o suficiente para resolver aquilo, ou acredita que ainda não sabe o suficiente para poder resolver. E é justamente essa forma de pensar que pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma pessoa.
Em seu livro, ela cita um estudo que fez para entender como as pessoas lidam com o fracasso. Ela apresentou problemas matemáticos muito difíceis para dois grupos de crianças. Algumas ficaram frustradas e quiseram fugir do desafio, enquanto outras se sentiram animadas com a oportunidade de aprender algo completamente novo e desafiador. Alguma dúvida sobre qual grupo de crianças teve um melhor desempenho em matemática ao longo do ano?
Como empresas ganham com isso
Nomundo corporativo, os benefícios de adotar um mindset de crescimento também são claramente visíveis em empresas que promovem essa cultura internamente. Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, Carol Dweck, Mary Murphy, Jennifer Chatman e Laura Kray estudaram sete grandes empresas para entender como a mentalidade organizacional impacta a satisfação dos funcionários, a cultura empresarial, a colaboração, a inovação e o comportamento ético.
Empresas com mindset de crescimento tinham colaboradores 49% mais propensos a perceber que a organização estimula a inovação e 65% mais inclinados a afirmar que a empresa encoraja a tomada de riscos. Além disso, havia uma probabilidade 47% maior de os colaboradores mencionarem que confiavam em seus colegas e 34% mais chances de sentirem um forte senso de responsabilidade e comprometimento com a empresa.
Para fechar com chave de ouro, quero falar de uma pesquisa feita por pesquisadores de Stanford que comprovou que estudantes que aprendem sobre mentalidade de crescimento e sobre o quanto nossa inteligência é maleável, acabam de fato se dedicando mais aos desafios escolares, tendo uma melhora acadêmica significativa. Ou seja, só de aprender sobre isso já desenvolvem uma mentalidade de crescimento e performam melhor na vida produtiva. Não é incrível?
Pare por um instante e reflita após ler este artigo: o quanto, agora, você acredita, que com esforço pode aprender e desenvolver uma habilidade? O quanto está se sentindo mais confiante para persistir diante de obstáculos? Espero que de alguma forma eu tenha contribuído no desenvolvimento da sua mentalidade de crescimento.
Que tal espalhar a notícia por aí e contribuir para a mentalidade de crescimento de alguém também?
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