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Instituto SulAmérica nasce para combater estigmas na saúde emocional

Organização sem fins lucrativos quer impactar 150 mil vidas em cinco anos, na promoção da saúde integral, na mente, no corpo e no bolso

Luiz Pires, diretor executivo do Instituto SulAmerica (Divulgação/Divulgação)

Luiz Pires, diretor executivo do Instituto SulAmerica (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 9 de maio de 2022 às 11h45.

Lançado no último mês, o Instituto SulAmérica, organização sem fins lucrativos mantida pelo Grupo SulAmérica, anunciou um propósito claro e desafiador: promover o acesso ao cuidado da saúde integral para pessoas em situação de vulnerabilidade social, a começar pela saúde emocional.

A meta é impactar a vida de 150 mil pessoas nos próximos cinco anos. Mas como falar de saúde emocional para uma população que enfrenta tantos outros desafios socioeconômicos? Em entrevista à Bússola, Luiz Pires, diretor executivo do Instituto SulAmérica, explica fala da criação da organização e sobre a importância de naturalizar o tema em todas as camadas da sociedade, combatendo o estigma e o preconceito.

Bússola: Como surgiu a ideia para a criação do Instituto? Por que só agora?

Luiz Pires: O instituto é resultado de uma longa jornada de evolução da sustentabilidade no Grupo SulAmérica. A companhia assumiu há mais de uma década um forte compromisso de incorporar as melhores práticas ambientais, sociais e de governança aos negócios, orientada pelos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), os Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI) e o Pacto Global da ONU. A criação do Instituto SulAmérica nos posiciona em outro patamar nessa atuação ESG e levará a um fortalecimento da nossa estratégia de impacto social, permitindo uma atuação mais estruturante e perene diante dos desafios de acesso à saúde no Brasil.

Queremos levar para um número cada vez maior de pessoas a chamada saúde integral — que, para nós, é ter mente, corpo e bolso em equilíbrio. E decidimos iniciar esse trabalho a partir do pilar da saúde emocional, pois notamos que, mesmo com dados alarmantes que mostram a deterioração do bem-estar mental na população, sobretudo depois da pandemia, essa ainda é uma das questões mais negligenciadas pela sociedade e pelas políticas públicas.

Hoje, há mais pessoas no país com depressão (11,3%) do que com diabetes (9,1%), segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde — e estamos falando de depressão clinicamente diagnosticada, então o número real deve ser bem maior, já que o estigma, o preconceito e a falta de informação dificultam o acesso aos cuidados de saúde mental. A Organização Panamericana da Saúde (OPAS) estima que entre 76% e 85% das pessoas com transtornos mentais em países de baixa e média renda não recebem tratamento.

Bússola: Como falar de saúde emocional para uma população que está em situação de vulnerabilidade e não considera esse um tema essencial no seu cotidiano?

Luiz Pires: A conscientização é, de fato, o desafio principal do instituto. O bem-estar na saúde emocional é uma jornada de quatro etapas que precisa ser percorrida pelo indivíduo: o acesso a informações sobre o tema, a identificação de que há uma necessidade interna de cuidado, a intenção de buscar ajuda e, por fim, a tomada de alguma atitude nesse sentido. Para gerar uma transformação social efetiva, nós precisamos apoiar as pessoas ao longo de todo esse caminho de conhecimento e autoconhecimento para, então, gerar prontidão e acesso aos cuidados efetivos. Seria muito fácil para nós, a partir da expertise da SulAmérica, oferecer teleatendimento gratuito com psicólogos, por exemplo. Mas já entendemos que é preciso fazer muito mais.

Um levantamento de 2021 do Instituto Locomotiva em parceria com a Gerando Falcões mostrou que a prevalência dos transtornos de ansiedade entre grupos em situação de vulnerabilidade social chegava a ser quatro vezes maior do que na população geral do país. Ou seja, as pessoas que mais precisam de apoio são as que menos têm condições materiais e oportunidades de acesso. Precisamos normalizar o diálogo sobre saúde emocional e transtornos mentais na sociedade como um todo, combatendo o estigma e o preconceito sobre o tema, mas, acima de tudo, entender que essa é uma conversa para todas as pessoas, não apenas para as classes A e B.

Bússola: Como atingir na prática esse objetivo de impactar 150 mil pessoas em cinco anos?

Luiz Pires: Temos um planejamento estratégico com quatro focos: reduzir o estigma e o preconceito em relação à saúde emocional; promover mais autoconhecimento e autocuidado; produzir e disseminar conhecimento científico para a sociedade em geral; e, por fim, facilitar o acesso de quem mais precisa à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento. Queremos construir um ecossistema de organizações e parceiros alinhados com nosso propósito e com os quais possamos criar soluções inovadoras e perenes de transformação social.

Naturalmente, também atuaremos de forma emergencial em algumas situações. Estamos promovendo, por exemplo, a campanha “Juntos por Petrópolis”, que oferece atendimentos médicos e psicológicos online e gratuitos a moradores de Petrópolis, e ampliamos para Angra dos Reis e Paraty, regiões severamente impactadas por fortes chuvas neste ano. No sábado, 30 de abril, organizamos, com a Central Única das Favelas (CUFA) e outros parceiros, um evento em Petrópolis com os serviços gratuitos de atendimento médico, acolhimento psicológico e emissão de segunda via de documentos pessoais, além da doação de itens de higiene pessoal, com mais de 350 pessoas atendidas.

Bússola: Para finalizar, o Instituto já nasce embaixador do Mente em Foco, projeto da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Que ações podem surgir daí?

Luiz Pires: O movimento #MenteEmFoco convida empresas e organizações brasileiras a reconhecer a importância da saúde mental no ambiente de trabalho e a agir em benefício de seus colaboradores, e da sociedade como um todo, para combater o estigma e o preconceito social ao redor do assunto. Ele nasceu para encorajar as empresas a trazer a saúde mental para a pauta de decisões, de forma a priorizar o tema, oferecer acolhimento aos colaboradores, e dar visibilidade a um assunto tão importante. A meta é ambiciosa: impactar 10 milhões de pessoas até 2030 por meio de programas corporativos de saúde mental.

Trata-se de um propósito totalmente alinhado com o que queremos realizar. Como embaixadores do movimento, nos unimos ao Pacto Global e aos demais signatários nos esforços para conscientização da população e também para adoção de compromissos internos, no sentido de apoiar a saúde emocional dos nossos colaboradores. No caso do Grupo SulAmérica, por exemplo, temos o programa Única Mente, que desenvolveu uma jornada de cuidado em saúde emocional para funcionários e também clientes. E, por meio do Instituto SulAmérica, queremos amplificar essa mensagem e essa atuação.

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