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Insegurança jurídica e aço chinês são desafios do setor siderúrgico, diz presidente do grupo Techint

Na abertura do Congresso Aço Brasil, Paolo Rocca alerta sobre importância da previsibilidade no país 

O presidente do grupo Techint, Paolo Rocca, na abertura do Congresso Aço Brasil (YouTube/Reprodução)

O presidente do grupo Techint, Paolo Rocca, na abertura do Congresso Aço Brasil (YouTube/Reprodução)

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Publicado em 11 de agosto de 2024 às 11h00.

Esta semana, o Congresso Aço Brasil realizou sua edição 2024 e jogou luz sobre os entraves que ainda preocupam um dos setores que mais geram empregos e movem a economia do país.

Presente na abertura, o presidente do grupo Techint, Paolo Rocca, citou entre os principais desafios o impacto da ascensão da China e a insegurança jurídica que tem sido observada na América Latina.

Fatores importantes para o investimento

O executivo destacou que, antes de fazerem investimentos em um país, os grupos empresariais locais e estrangeiros avaliam cuidadosamente fatores como:

  • Previsibilidade do sistema judicial 
  • Defesa da concorrência
  • Redução da carga tributária.

Nesse sentido, citou exemplos negativos já observados em nossa região, como a ruptura de contratos na Argentina e a expropriação na Venezuela

No Brasil, citou recente decisão controversa do STJ sobre a compra de ações na Usiminas pela Ternium, que foi favorável à CSN, acionista e concorrente da siderúrgica mineira.

“Recentemente, contrariando a decisão de cinco instâncias administrativas e judiciais que deliberaram de outra forma ao longo de 12 anos, uma câmara do Superior Tribunal de Justiça determinou o pagamento de uma multa de R$ 5 bilhões, o equivalente a três vezes o valor da participação acionária da companhia na Usiminas”, afirmou,

Ele também acrescentou que o Mercosul não foi tão bem avaliado em ranking recente do Banco Mundial quanto à qualidade institucional e facilidade de fazer negócios.

O risco do aço chinês 

Rocca alertou que nunca na história do mundo houve uma transferência de atividade produtiva tão grande como acontece hoje com a participação da China na produção industrial

“Nos últimos 30 anos, o surgimento da China como potência industrial dominante contribuiu substancialmente para a primarização de nossas economias. A China não é uma democracia, é um país com um sistema de governo autoritário e centralizado, que tem a capacidade de alocar recursos para diferentes setores da economia com base em decisões de conveniência tática e estratégica”, disse.

Outra questão concorrencial apontada por Rocca foi a discrepância da carga tributária nos mercados. Ele afirmou que empresas privadas na América Latina são sobrecarregadas por uma carga fiscal substancialmente mais elevada que a praticada nos EUA, na Europa ou no Japão. Além disso, têm de competir por recursos financeiros com Estados que, na maioria dos casos, são em grande parte deficitários. Ao mesmo tempo, devem assumir papéis que, em outros países, são eficientemente apoiados por seus Estados.

“A nossa indústria e toda a sua cadeia de valor tiveram que lidar com um mercado significativamente estagnado, o que impactou a capacidade de incorporar novas tecnologias, de renovar ativos e de atrair recursos humanos e financeiros”, finalizou.

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