A habitação social não é apenas uma necessidade prática (Diogo Moreira/MáquinaCW/Governo do estado de São Paulo/Reprodução)
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Publicado em 11 de novembro de 2024 às 13h00.
Por Verena Balas, diretora do Reserva Raposo
A questão da habitação de interesse social sempre foi uma das mais desafiadoras para o Brasil, especialmente nas grandes cidades, onde a disparidade entre oferta e demanda por moradias dignas persiste há décadas.
O crescimento acelerado da população urbana intensificou essa realidade, gerando um cenário em que milhões de pessoas vivem em condições precárias, sem acesso a infraestrutura adequada e a serviços essenciais. Como especialista em desenvolvimento urbano, sempre observei de perto essa problemática nos mais de 30 anos em que atuo no setor e a vi como uma oportunidade de transformação social.
A habitação social não é apenas uma necessidade prática — é um direito e uma poderosa ferramenta de inclusão. Quando pensamos em habitação, não se trata apenas de tijolos e cimento, mas da criação de comunidades sustentáveis, com acesso a serviços, transporte, lazer e educação. Para mim, é fundamental que projetos de moradia social contemplem um planejamento urbano que proporcione dignidade e integração social aos seus moradores.
Ao longo da minha carreira, observei que muitos projetos falham por não entenderem essa complexidade. É necessário um olhar mais abrangente, que considere o impacto da habitação na vida cotidiana e no desenvolvimento urbano mais amplo. Quando, como diretora da RZK Empreendimentos, fui convidada a integrar o projeto Reserva Raposo, vi uma oportunidade única de colocar em prática essa visão que sempre defendi: a de que é possível unir desenvolvimento social, sustentabilidade e inovação.
O Reserva Raposo, que é o maior bairro planejado da cidade de São Paulo, é um exemplo de como a habitação social pode ser transformadora quando há um compromisso com o planejamento de longo prazo. O projeto contempla unidades habitacionais, mas não se resume a isso. Ele integra infraestrutura moderna, equipamentos públicos, serviços essenciais e áreas de lazer que promovem a convivência e a qualidade de vida.
Creches, UBSs, bibliotecas, parques e ciclovias são elementos que tornam o bairro não apenas um lugar para morar, mas um espaço para viver plenamente. Isso reflete o tipo de abordagem que acredito ser essencial para combater o déficit habitacional no Brasil.
A sustentabilidade também pode e deve ser uma preocupação central em qualquer projeto de habitação moderno. Não podemos mais pensar em crescimento urbano sem considerar o impacto ambiental que ele gera.
No Reserva Raposo são priorizados o uso de tecnologias e práticas construtivas sustentáveis, sempre buscando reduzir a pegada ambiental do empreendimento. Acredito que esse é o caminho que todo o setor da construção civil deve seguir daqui em diante.
É crucial também destacar que projetos habitacionais bem-sucedidos não só beneficiam diretamente os moradores, mas contribuem para o desenvolvimento equilibrado das cidades como um todo.
A criação de bairros planejados e bem estruturados reduz a pressão sobre as áreas centrais, alivia problemas de mobilidade urbana e diminui as desigualdades socioeconômicas. Dessa forma, a habitação social torna-se um pilar do desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo.
O Reserva Raposo é um bom exemplo prático dessa visão, mas deve ser visto como parte de um movimento maior. Um movimento que reconhece o direito à moradia digna como essencial para a construção de uma sociedade mais coesa e equilibrada.
Continuar investindo em soluções inovadoras e sustentáveis na área da habitação social será crucial para garantir o futuro das nossas cidades.
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