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Decisão judicial ameaça sobrevivência do setor de transporte no Rio

Justiça impõe quitação de dívidas de uma só vez, o que inviabilizaria também o Clube de Regatas Vasco da Gama

Empresários anunciaram como inevitável o fechamento das empresas de transporte a curto prazo. (Bússola/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 19h00.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 19h05.

Em tempos de crise financeira acentuada, um recurso judicial tem sido a salvação para muitos negócios, no curto e no médio prazo, evitando milhares de demissões no Rio de Janeiro. As chamadas centralizações são uma possibilidade que a Justiça oferece a empresários com volumes de dívidas trabalhistas o parcelamento do valor devido em cotas mensais, até que haja a quitação integral da dívida.

Dessa forma, é possível evitar constrições financeiras e patrimoniais que inviabilizem suas atividades. Entretanto, empresas de ônibus que circulam no município do Rio e até mesmo o clube Vasco da Gama tiveram sua sobrevivência ameaçada na última semana, com a decisão do juiz Fernando Reis de Abreu, gestor de Caex do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (TRT-1), que determinou a queda dos acordos de centralização, que atinge também universidades.

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No caso das empresas de ônibus que circulam na capital fluminense, o prejuízo atinge também os usuários do transporte público, que já vêm sofrendo com as consequências do colapso econômico-financeiro do setor, fortemente impactado pela pandemia. Mantida essa decisão, à qual ainda cabe recurso, as viações serão obrigadas a quitar de uma só vez um montante de aproximadamente 500 milhões de reais.

Com isso, empresários anunciaram como inevitável o fechamento das empresas de transporte no curto prazo. Os consórcios que operam os ônibus na cidade do Rio informaram também que a decisão judicial implicará novas demissões em massa no setor.

“Em cinco anos, mais de 21.000 rodoviários perderam seu emprego e milhões de cariocas vêm sofrendo com a falta de ônibus nas ruas. A crise reduziu em 50% o número de passageiros pagantes, que são a única fonte de renda do sistema. Desde março de 2020 já registramos um déficit de arrecadação de 1,8 milhão de reais. Com um cenário desses, como será possível suportar a decisão judicial e continuar servindo a população? O Judiciário derruba a única ferramenta que permitia às empresas manterem os ônibus nas ruas”, declara Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus, o sindicato das empresas.

O cenário é similar ao do Clube de Regatas Vasco da Gama, cuja decisão obrigará ao pagamento em uma só vez de mais de 93 milhões de reais em dívidas trabalhistas. Em nota, o Vasco informou que a medida anula qualquer possibilidade de fazer os pagamentos de rotina e se manter em atividade.

As empresas de ônibus impactadas pelo fim da centralização — que já reclamam do congelamento de tarifa há dois anos e meio, da expansão sem controle do transporte clandestino e da oferta de gratuidades sem fonte de custeio determinada, entre outros problemas que impactam seu faturamento — irão recorrer a tribunais superiores na tentativa de suspender a decisão.

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