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Cuidado para não cair nestas três mentiras sobre saúde mental

A pedido da Bússola, Ana Carolina Peuker, CEO da BeeTouch, esclarece mitos e dúvidas importantes que ouviu ao longo da carreira

Especialista desconstrói ideias sobre saúde mental, como “falha de caráter" ou “personalidade fraca” (Divulgação/Divulgação)

Especialista desconstrói ideias sobre saúde mental, como “falha de caráter" ou “personalidade fraca” (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 19 de janeiro de 2022 às 09h00.

A saúde mental tornou-se tema principal em muitos debates, sobretudo com a pandemia de covid-19. E com tantos mitos em torno do assunto, a pedido da Bússola, a CEO e fundadora da BeeTouch, mental healthtech que mensura riscos psicossociais por meio do uso de dados e tecnologia, Ana Carolina Peuker, esclarece as três principais mentiras que circulam sobre a saúde mental.

1- As doenças e transtornos mentais são para sempre

Em primeiro lugar, é importante entender que a saúde mental está relacionada ao estado do organismo que está em equilíbrio com o ambiente, mantendo as condições necessárias para dar continuidade à vida. Trata-se de um estado de bem estar físico, psicológico e social, não podendo ser considerada apenas a ausência de doenças.

O conceito de saúde integral enfatiza que o corpo e a mente são uma unidade indivisível e que, assim, os fatores emocionais e físicos interagem e se correlacionam. Afinal, impossível ter um corpo são, sem ter uma mente em equilíbrio.

Saúde mental e doença mental são coisas diferentes. O último termo refere-se a todos os transtornos mentais diagnosticáveis — condições de saúde que envolvem mudanças significativas no pensamento, emoção e/ou comportamento e problemas que repercutem no funcionamento geral da pessoa, afetando as esferas social, laboral e/ou familiar.

Pessoas com transtornos mentais, como por exemplo transtorno do humor bipolar, trastorno obsesivo compulsivo (TOC), déficit de atenção e hiperatividade, dependência de álcool e outras drogas são muitas vezes, incompreendidas, julgadas, excluídas e até mesmo marginalizadas, devido a ideias errôneas e preconceitos.

Em muitos casos, as pessoas acreditam que estes quadros são sentenças vitalícias e que o doente nunca vai melhorar. Mas, ao contrário, quando bem indicados, os tratamentos realizados para doenças e transtornos mentais são eficazes, e algumas delas têm cura, por isso, esses indivíduos podem manejar sua condição e se recuperar completamente com auxílio profissional e tratamento adequado, em especial, quando há busca de ajuda precoce.

2- “Personalidade fraca” ou “falhas de caráter” causam problemas de saúde mental

Os problemas de saúde mental não têm relação com ser preguiçoso ou ter personalidade fraca, e muitas pessoas precisam de ajuda especializada para melhorar o quadro, seja ele qual for. Muitos fatores contribuem para problemas de saúde mental, incluindo os fatores biológicos, como genes, doenças físicas, lesões ou química do cérebro; experiências de vida, como trauma ou história de abuso; história familiar de problemas de saúde mental.

3- Pessoas com necessidades de saúde mental não podem tolerar o estresse de manter um emprego

Pessoas com problemas psicológicos são tão produtivas quanto outros colaboradores. Os empregadores que contratam pessoas com problemas de saúde mental relatam boa assiduidade e pontualidade, bem como motivação, bom trabalho e estabilidade no emprego igual ou superior a outros funcionários.

Quando funcionários com problemas de saúde mental recebem tratamento eficaz, isso pode resultar em menor sinistralidade, maior engajamento, retenção de talentos e produtividade, índices de presenteísmo, absenteísmo e aposentadorias precoces mais baixas.

Por isso, essas mentiras, aliadas à discriminação e ao preconceito, podem prejudicar a busca de ajuda, piorar os sintomas e aumentar a vulnerabilidade ao suicídio. Mesmo nos casos mais graves, é possível controlar e reduzir os sintomas através do tratamento e a recuperação é mais efetiva quanto mais cedo for a busca por ajuda e o tratamento começar.

Portanto, não julgue, não questione, nem mesmo estigmatize. Dê suporte, atenção, empatia e acima de tudo, compreenda.

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