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Por Cristiano Zanetta*

A mentalidade do herói no ambiente corporativo pode parecer um comportamento altruísta à primeira vista: um profissional que assume o papel de salvador, buscando constantemente agradar aos outros, assumindo responsabilidades excessivas e colocando as necessidades da equipe antes das suas próprias.

Esse comportamento, conhecido como "complexo do salvador", é um sintoma comum nas dinâmicas de dependência emocional e relacionamentos tóxicos, dentro e fora do contexto empresarial. Este "herói", geralmente, acaba ignorando seus próprios limites e necessidades emocionais em prol de terceiros, mesmo quando eles não necessariamente precisam de ajuda.

Como a síndrome do herói se desenvolve no mundo corporativo?

Tal dinâmica pode ocorrer em diversos aspectos da vida corporativa e na própria cultura organizacional. Quando um profissional assume o papel de "salvador", automaticamente passa a privar os demais envolvidos da oportunidade de aprender com seus erros e encontrar suas próprias soluções, minando, assim, a capacidade de autossuficiência e desenvolvimento pessoal.

Um exemplo disso é quando um líder sobrecarrega-se com tarefas para garantir que tudo seja feito perfeitamente, em vez de delegar responsabilidades e capacitar sua equipe a resolver problemas por conta própria. Essa abordagem excessivamente altruísta pode criar uma cultura de dependência, na qual os membros da equipe se acostumam a depender do líder para resolver até mesmo os problemas mais simples.

Ao privar os outros da oportunidade de crescer e se desenvolver, o "herói corporativo" acaba minando a autonomia e a capacidade da equipe de lidar com desafios e buscar soluções inovadoras. Portanto, é crucial questionar as motivações por trás desse padrão de cuidado excessivo e reconhecer que cada indivíduo é responsável por sua própria jornada de crescimento e evolução.

No entanto, é importante ressaltar que isso não significa negar a importância da instrução, orientação e liderança no ambiente de trabalho. Quando exercidos de forma equilibrada, esses papéis podem contribuir positivamente para o desenvolvimento profissional e o crescimento da equipe.

Pergunte-se: essa pessoa quer ajuda?

O problema surge quando essa dinâmica de cuidado se torna desproporcional e prejudicial para todas as partes envolvidas. Quando não estamos fortalecidos emocionalmente, e queremos ajudar o outro, causamos uma situação inversa, em que ao invés de contribuir positivamente, acabamos atrapalhando.

No trabalho social, por exemplo, muitas pessoas desejam ajudar, mas não estão devidamente preparadas para lidar com a situação em si. E a vontade de querer se sentir bem através daquilo e levar os créditos pela iniciativa acabam prevalecendo.

É preciso ter conhecimento e saber medir as consequências ao tentar ajudar o outro. Ter a síndrome do herói, não quer dizer que você é um herói, provavelmente você pode estar apenas prejudicando a outra pessoa com a sua visão deturpada sobre o sentido de ajudar.

Por isso, é importante buscar equilíbrio emocional e cuidar de si mesmo antes de partirmos para o outro. Ter a consciência que nem tudo depende de nós, faz com que a gente lide de forma mais tranquila com os problemas da vida - sobretudo aqueles que podem parecer gigantes, quando na verdade são apenas uma sombra na parede.

E lembre-se, antes de ajudar alguém, procure saber se realmente a pessoa quer ser ajudada.

Ao aceitar que nem sempre é possível salvar a todos, dentro e fora do mundo corporativo, você pode encontrar um equilíbrio saudável e buscar soluções realistas diante de situações conflituosas. Ao cultivar a inteligência emocional e cuidar de si mesmo, você estará apto a oferecer apoio genuíno às pessoas ao seu redor, sem se sobrecarregar ou comprometer sua própria saúde mental e emocional.

O sucesso no mundo corporativo não está ligado apenas a ser o herói que resolve todos os problemas, mas também em capacitar e incentivar o crescimento da equipe, promovendo uma cultura de autonomia e desenvolvimento individual.

*Cristiano Zanetta é reconhecido oficialmente pela Warner Bros como o Batman do Brasil, é empresário, palestrante TED e filantropo. Uma das maiores referências brasileiras em humanização que contribuiu para a reinvenção de ações sociais por todo o país.

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