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Constanza Hummel: É possível aprender enquanto trabalha?

Método Learning in the Flow of Work desmistifica rito da aprendizagem

Metodologia atua para impulsionar a educação corporativa (chee gin tan/Getty Images)

Metodologia atua para impulsionar a educação corporativa (chee gin tan/Getty Images)

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Publicado em 8 de junho de 2023 às 13h00.

Por Constanza Hummel*

"Aprender é indissociável à vida" é uma frase que, independentemente de sua variação, em algum momento, todo mundo vai escutar. Só que o senso comum ainda conecta aprendizagem à sala de aula (presencial ou digital). E, no ambiente profissional, isso não é diferente.

Nesse sentido, na intenção de impulsionar a educação corporativa, o Learning in the Flow of Work (Lifow), ou Aprendizado no Fluxo do Trabalho, é uma abordagem de aprendizagem que busca integrar a educação ao cotidiano de uma empresa, tornando a aquisição de novas habilidades e conhecimentos uma parte natural e contínua do dia a dia dos colaboradores.

E, por muitas vezes, a abordagem tradicional de aprendizagem corporativa, baseada em treinamentos presenciais ou online, tem o desafio de estimular que se aplique na prática o que foi aprendido em sala de aula. O colaborador, por vezes precisa parar tudo, conseguir mais tempo ou até abrir mão da sua hora de almoço ou lazer para acompanhar algum treinamento da empresa, que se mal absorvido até impacta no momento de transferir o conhecimento adquirido para a rotina de trabalho.

Já oLifow propõe uma desritualização do ato de aprender, desconectando do contexto apenas de sala de aula ou das plataformas e o levando para dentro da rotina do trabalho. Aqui o aprendizado se torna uma parte que integra o cotidiano do profissional, e a aprendizagem passa a estar presente no âmbito em que as tarefas são realizadas.

Com isso, podem ser observadas vantagens como eficácia da aprendizagem, otimização do tempo e redução dos custos de treinamento. Porém, para colocar o método em prática, alguns hábitos na empresa precisam ser revistos.

Primeiramente, é importante implementar uma cultura de aprendizagem contínua e constante, que incentive e valorize o desenvolvimento dos colaboradores. E então, transformar o mindset de líderes e dos próprios profissionais é fundamental, colocando foco no crescimento da equipe.

Além disso, é importante ter rituais de gestão dessa aprendizagem e uma infraestrutura tecnológica que suporte a integração desse método ao fluxo de trabalho, permitindo o acesso a informações, treinamentos e recursos de aprendizagem em tempo real, sempre que necessário.

Nesse cenário, após essa transformação, existem algumas possíveis abordagens para colocar em prática a estratégia:

  • Nanoaprendizagem: uma conduta que se concentra em pequenas lições com base em necessidades específicas;
  • Ferramentas de aprendizado incorporadas: se resume à ação de incorporar recursos de aprendizado diretamente em ferramentas de trabalho que os colaboradores já usam;
  • Mentorias e coaching: em que um colaborador mais experiente atua como mentor e ajuda os mais novos a aprender e se desenvolver;
  • Gamificação: um aplicativo de vendas, por exemplo, pode incluir desafios e recompensas que incentivam os colaboradores a aprender habilidades de vendas e aplicá-las no trabalho diário.

Inclusive, no mercado, já existem referências de grandes empresas que adotaram o método. Uma delas é a Microsoft, que utiliza o Lifow como parte de sua estratégia de aprendizagem desde 2017. A companhia lançou o Microsoft Learn, uma plataforma que oferece conteúdo de aprendizagem baseado em cenários de negócios do mundo real. Por meio dela, os colaboradores podem acessar a plataforma diretamente dos aplicativos e serviços que usam no dia a dia e adquirir novas habilidades enquanto trabalham.

Com isso, dá pra notar que o Lifow é uma abordagem inovadora para o mercado de educação corporativa, não apenas porque normaliza a constante evolução dos trabalhadores, como potencializa o time, otimiza os serviços oferecidos e reduz gastos. Cabe, agora, aos líderes compreender que, cada vez mais, mudanças culturais serão necessárias para se adaptar a novos modelos de ecossistemas empresariais – e essa já é uma delas.

*Constanza Hummel é CEO e fundadora da Building 8

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