Considere estes três pontos na hora de montar a sua carteira de ações
Diversificação, volatilidade e convicção são três pilares cruciais para montar uma carteira adequada a suas necessidades
Plataforma de conteúdo
Publicado em 26 de julho de 2023 às 19h30.
Última atualização em 26 de julho de 2023 às 20h03.
Por Phil Soares*
Aqui no Brasil, juros são o assunto que mais pauta o mercado financeiro , e o momento agora é de queda. Queda nos juros e alta na bolsa – um cenário que já testemunhamos algumas vezes, e que se forma no horizonte hoje. Já tivemos a primeira pernada de alta ao longo dos meses de maio e junho deste ano, e acreditamos que este movimento deve continuar conforme o Bacen materialize as quedas que o mercado já precifica.
- Lojas Marisa (AMAR3): ganho de Ebitda de R$ 40 milhões considera apenas parte de 2023
- Calendário de balanços: Vale e Santander divulgam resultados esta semana
- Petrobras reduz preço do gás natural em 7,1%
- Tesla tem avanço anual de 30% no lucro do 2º trim. e supera expectativas do mercado
- Itaúsa (ITSA4) paga R$ 485 milhões em juros sobre capital próprio: veja quem tem direito
- IBM surpreende com lucro do 2º trim., mas receita cai e ação recua 0,8% no after hours de NY
Para o investidor que se interessa pelo assunto e que deseja administrar seu dinheiro pessoalmente, como ele faz para montar uma carteira de ações adequada para as suas necessidades? Confira.
Diversificação
Diversificação é como sal na comida: ela vai ficar ruim se você colocar pouco, e também se colocar demais. Se a sua intenção é se dedicar e encontrar bons ativos no mercado, é importante que estes investimentos tenham um peso relevante na sua carteira, o suficiente para fazer a diferença na sua performance. O peso tem de ser pensado levando em consideração a volatilidade do ativo, a volatilidade que você deseja que sua carteira tenha, e ainda seu grau de convicção em relação àquele investimento.
Recomendamos trabalhar com algo entre dez e 15 posições, cujos pesos podem variar de 3% até 15%.
Volatilidade
Volatilidade é o nome que se dá para a variação típica no preço de uma ação. Em um dia normal de pregão, sem eventos, ficaremos surpresos em ver as ações da WEG subindo 4%. Em contrapartida, não nos surpreenderemos de ver as ações da Azul subindo os mesmos 4%. As ações da Azul, portanto, são mais voláteis que as ações da WEG. E isso por quê?
A WEG ter uma baixa volatilidade no preço da ação significa que o mercado vê a empresa como menos arriscada. E por que motivo? Bem, a empresa tem um bloco de controle composto de fundadores e executivos de alta confiança no mercado. Ela compete internacionalmente com produtos industriais que têm uma percepção alta de qualidade e a WEG consegue manter margens operacionais altas e estáveis ao longo do tempo. Além disso, ela mantém uma estrutura de capital extremamente conservadora, com endividamento baixíssimo e consegue crescer o seu negócio de forma consistente.
E como se encontra a Azul? A Azul tem uma similaridade com a WEG – ela também tem um bloco de controle de renome e um corpo executivo supercompetente. Em contrapartida, o negócio de aviação é extremamente competido. Primeiramente, combustível e leasing são os maiores custos de uma linha aérea, o que significa que ela está muito exposta ao dólar e ao petróleo. O cliente da Azul é um cliente sensível a preço, que geralmente se esforça para conseguir pagar menos e não se importa muito com nível de serviço. Os fornecedores são consolidados e tem muito poder de barganha. O negócio é altamente regulado, e com isso a empresa está sujeita a mudanças na regulação que podem impactar a lucratividade. A margem operacional (margem Ebitda) é extremamente volátil de um ano para o outro, mesmo desconsiderando o impacto da covid . Internacionalmente, compete com linhas aéreas estatais, que estão dispostas a reduzir a sua lucratividade para aumentar o tráfego de turistas nos seus países. E o endividamento da Azul, que sempre foi alto, ficou crítico depois da covid, atingindo R$ 23 bilhões.
Ações mais arriscadas exigem expectativas de retorno maiores. Vinte por cento de perspectiva de alta na WEG pode ser o suficiente, mas na Azul certamente não é. Talvez na Azul já se vislumbre uma alta de 60%. E com isso, fica simples de calibrar a sua posição, pois você sabe que – usando o exemplo acima – é preciso uma posição três vezes menor na Azul para ter o mesmo impacto na performance da carteira.
Convicção
Montar uma carteira de ações é discordar do mercado. Se você compra uma ação é porque acha que ela vai subir, ou seja, o preço da ação hoje está errado. Não condiz com o fundamento econômico da empresa. Eu compro esperando que outros investidores mudarão de ideia e pensarão igual a mim no futuro, aumentando suas posições e puxando o preço do papel para cima.
Em diferentes momentos, a sua convicção em cada case será diferente. Talvez invista 3% do portfólio em uma ação de uma empresa que acompanhe e que parece estar num bom momento, com recuperação nos lucros e ambiente macro favorável. Já uma ação de uma empresa que você esteja acompanhando de perto há anos e tem a certeza que terá uma melhora substancial no lucro já nos próximos trimestres, e que ninguém vem falando no mercado, merece uma fatia maior.
O importante, neste momento, é buscar posições em empresas com alta exposição à atividade econômica brasileira, líderes em seus setores, que devem se beneficiar mais neste momento inicial de alta. Rede D’Or, Vivara e Arezzo são destaques. Conforme o ambiente vá melhorando com as quedas nas taxas de juro, pretendemos ajudar o portfólio para exposição maior em small caps e empresas em situação menos vantajosa.
* Phil Soares é chefe de análise de ações da Órama Investimentos
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
O design é ferramenta de transformação social, diz Sócio da Colírio
Consumidores preferem escolher com ajuda do conversational commerce
Froneri, produtora de sorvetes, cresce 23% na categoria take home