Conheça quem é o 63° nome na presidência da Casa de Mauá
Em entrevista à Bússola, José Antonio Brito fala sobre a retomada da ACRJ na cena política e econômica
Bússola
Publicado em 26 de dezembro de 2021 às 10h14.
Última atualização em 26 de dezembro de 2021 às 10h24.
José Antonio do Nascimento Brito é o 63º nome a ocupar a presidência da Casa de Mauá. Formado e pós-graduado em Relações Internacionais pela George Washington University, Washington DC, Josa, como gosta de ser chamado, foi presidente do Gávea Golf & Country Club entre 2008 e 2011 e membro do Conselho do Comitê Organizador das Olimpíadas do Rio de Janeiro, onde teve como uma de suas principais responsabilidades a construção do Primeiro Campo de Golfe Olímpico na história das Olimpíadas. Terminou recentemente o mandato de quatro anos como vice-presidente de Desenvolvimento Estratégico da ACRJ para assumir a presidência da casa.
Em entrevista à Bússola, Josa fala sobre a retomada do protagonismo da Associação Comercial do Rio de Janeiro na cena política e econômica do Estado e dos desafios que vêm pela frente.
Bússola: Como o senhor avalia esses primeiros meses à frente da ACRJ?
José Antonio: 2021 foi um ano de muitos desafios, mas também de muitas conquistas para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Estamos chegando ao fim do ano com a sensação de dever cumprido e a certeza de que ainda há muito a ser feito. Toda a diretoria da Associação Comercial do Rio de Janeiro e os nossos conselheiros foram incansáveis nessa luta. Estamos ganhando mais espaço e retomando o nosso papel no protagonismo político e econômico desta cidade. Esta é uma instituição que não tem medo de enfrentar problemas. Isso precisa ser enfatizado.
Bússola: Quais as principais bandeiras da sua gestão?
José Antonio: Nossa diretoria assumiu em julho deste ano com alguns objetivos que precisam ser alcançados. Entre eles, atuamos fortemente nas questões da Linha Quatro do Metrô, que vai até a Gávea, no processo de privatização da Cedae e nas concessões de rodovias e aeroportos.
Bússola: O senhor acredita que a Estação Gávea do Metrô vai finalmente sair do papel?
José Antonio: Acreditamos que com recursos provenientes do leilão da Cedae, aliados a uma gestão eficiente, vai ser totalmente possível a retomada e a conclusão das obras. Tenho conversado com o governo estadual sobre isso. Precisamos melhorar dramaticamente a infraestrutura de transporte para a população e uma das formas de fazermos isso é aumentando a cobertura da malha metroviária.
Bússola: E como o senhor vê a privatização da Cedae?
José Antonio: O processo está acontecendo no momento certo. Desde que se começou a falar em privatização da Cedae, muita coisa precisou ser alinhada e debatida. Não é um processo simples. A Companhia necessita de muitos investimentos, que vão além da capacidade do Estado. Por isso, é tão importante a concessão para a iniciativa privada, logicamente dentro de regras que atendam ao interesse maior, que é o da população do Estado do Rio de Janeiro, que há tanto tempo sofre com questões de distribuição de água e de tratamento de esgoto sanitário. E, evidentemente, não tem preço a despoluição da Baía de Guanabara.
Bússola: E com relação aos aeroportos do Rio?
José Antonio: Conceder o Santos Dumont para a iniciativa privada é crucial para melhorar a competitividade e a qualidade do atendimento, mas o modelo proposto pelo governo federal provoca muita polêmica e fragiliza ambos os aeroportos da cidade, além de ter um impacto negativo para setores importantes da economia, como turismo, telecomunicações, mídia e entretenimento e óleo e gás. É preciso estabelecer limites para o uso do Santos Dumont, ainda que temporários. Os passageiros já vinham reclamando das longas filas nos embarques, resultado da falta de infraestrutura para atender a 14 milhões de pessoas por ano.
Bússola: Qual é a saída apontada pela ACRJ?
José Antonio: Estamos propondo um limite de nove milhões de pessoas por ano, pelo período mínimo de cinco anos, para garantir que a demanda do Santos Dumont não prejudique as atividades do Aeroporto Galeão. Do jeito que está, o resultado é a inviabilização das operações no Galeão, que dispõe de excelente infraestrutura, mas está movimentando cada vez menos cargas e passageiros, o que é um contrassenso. É plenamente possível salvar o Aeroporto Internacional Tom Jobim restituindo seu uso e, ao mesmo tempo, utilizar satisfatoriamente o Santos Dumont. O modelo de coordenação do fluxo de passageiros do tráfego aéreo adotado em Minas Gerais foi muito bem-sucedido e pode ser replicado para todo o país. A integração serve para extrair o melhor de cada um dos equipamentos, para que atuem de forma complementar e conjunta. É só uma questão de bom senso.
Bússola: Quais os desafios para o próximo ano?
José Antonio: Vamos continuar realizando e reforçando esse papel de intermediador entre a iniciativa privada e o poder público. Queremos ser percebidos como solucionadores de problemas, que não são poucos, entre o público e o privado. Teremos ainda muito debate acerca da questão das concessões do Santos Dumont e das rodovias federais que cruzam o Rio de Janeiro. Tem muita coisa boa nos aguardando em 2022, como a reforma da Casa da Marquesa de Santos em comemoração ao bicentenário da Independência e a exposição da coleção Gilberto Chateaubriand na cidade em homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna. As duas ações estão sendo tocadas em parceria com o governo do estado e certamente serão um sucesso. Também vamos comemorar os 30 anos da Rio 92. Mas não podemos esquecer que 2022 será um ano de eleições, então tudo pode acontecer. Neste sentido, estaremos sempre atentos na defesa dos interesses do Rio de Janeiro.
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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