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André Jácomo: O que pensa a opinião pública sobre o caso Monark?

Declaração do apresentador abre um debate sobre o funcionamento da democracia e sua relação com a opinião pública: o peso da liberdade de expressão

Pesquisa revela o que pensa a opinião pública sobre a liberdade de expressão e como dados afetam leituras do caso Monark. (YouTube/FlowPodcast/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 14h54.

Por André Jácomo*

Nesta semana, o tema mais saliente da opinião pública brasileira foi a declaração do influenciador e apresentador do Flow Podcast, Monark, sobre o direito de existência de um partido nazista no Brasil. Em quase todos os veículos e redes sociais, o escrutínio público (mais conhecido atualmente como cancelamento) foi intenso.

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As consequências desse escrutínio foram imediatas, pelo menos para Monark: saída da sociedade de um dos maiores podcasts do Brasil, perda de patrocinadores e uma grave crise de imagem.

Entretanto, a desastrosa declaração do influenciador tem como pano de fundo um importante debate sobre o funcionamento da democracia e sua relação com a opinião pública: o peso da liberdade de expressão. O objetivo dessa coluna não é discutir juridicamente o direito e suas possíveis consequências criminais, mas apresentar como a opinião pública de diferentes países hoje percebem a liberdade irrestrita de expressão como um importante valor democrático.

Recentemente, o Pew Research Center, o maior think thank de pesquisas de opinião em todo mundo, divulgou um estudo que perguntou para indivíduos de 34 países de todos os continentes sobre quais são os principais valores democráticos que seu país deveria considerar.

Segundo o estudo, a liberdade irrestrita de expressão foi considerada apenas o quinto valor democrático mais importante para uma democracia, sendo apontada por 64% dos entrevistados, considerando a mediana de todas as respostas por países.

Os respondentes da pesquisa consideram que há outros valores democráticos mais importantes do que a liberdade de expressão, tais como imparcialidade do Poder Judiciário (82%), igualdade de gênero (74%), liberdade religiosa (68%) e eleições regulares (65%).

Outro estudo global conduzido pela instituição The Future of Free Speach, mostrou que na linha tênue entre a liberdade irrestrita de expressão e a limitações de opiniões consideradas ofensivas, a maioria da opinião pública dos países prefere o segundo lado da balança. A exceção são países dos Estados Unidos e os países escandinavos, que apresentam os maiores índices de adesão à liberdade irrestrita de opiniões.

E o Brasil? Segundo esse mesmo estudo, a maioria dos brasileiros (59%) se opõem à ideia de liberdade de expressão em sentido amplo, ao lado de países como Alemanha, França e Polônia.

Talvez os dados digam muito sobre a reação da opinião pública ao caso Monark.

*André Jácomoé diretor do Instituto FSB Pesquisa

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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