Ex-chefes de Gabinete comentaram com diplomatas relação difícil com o casal (Denis Doyle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 10h13.
Washington - Os chefes de Gabinete do Governo da Argentina comentaram com diplomatas americanos sobre a difícil comunicação com o falecido ex-presidente Néstor Kirchner e sua esposa, a atual presidente, Cristina Kirchner, tal como indicam as correspondências diplomáticas vazadas pelo site WikiLeaks.
Depois que os primeiros documentos revelaram que o Departamento de Estado americano pediu informações à embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires sobre a saúde mental da presidente, na última terça-feira são revelados os comentários dos chefes de Gabinete dos Kirhner, Alberto Fernández (2003-2008) e Sergio Massa (2008-2009).
Segundo as correspondências diplomáticas dos EUA vazadas pelo site WikiLeaks ao diário "El País", Massa admitiu a um diplomata americano pouco após deixar seu cargo que quem comandava o governo argentino era Néstor Kirchner - falecido aos 60 anos em 27 de outubro passado - e a presidente "cumpria ordens".
O funcionário revela que teve de lidar com uma governante "submetida" a seu marido e diz que "a presidente trabalharia muito melhor sem Néstor do que com ele".
Em uma correspondência anterior, o diplomata disse que Massa "nos afirma que CFK (Cristina Fernández de Kirchner) remete quase todos os assuntos a seu marido e que, na prática, só obedece ordens".
Os diplomatas transmitiram a Washington o que políticos argentinos lhes foram contando dos Kirchner durante jantares e encontros privados.
Em um jantar na casa de um amigo financeiro, Massa disse que os Kirchner não tinham a menor chance de vencer as eleições de 2011 e chegou a chamar Néstor Kirchner de "psicopata".
Foi tal a dureza de suas palavras que - segundo conta a atual embaixadora americana, Vilma Martínez, em um dos telegramas vazados - a esposa de Massa, Malena Galmarini, fez-o senhas para que se calasse.
Massa disse à atual embaixadora americana, Vilma Martínez, que espera que a Argentina não siga o caminho político da Venezuela, governada desde 1999 pelo líder Hugo Chávez.
Outra correspondência também cita as opiniões do ex-assessor presidencial Alberto Fernández, quem, mais discreto, afirma que Néstor Kirchner tem "melhor reputação de competência que sua esposa", mas diz que "não poderá ganhar as eleições de 2011".
O ex-chefe de gabinete teme que "CFK governe mais progressivamente à esquerda, que é o único setor que lhe permanece fiel". No entanto, segundo o documento, Alberto Fernández considera que "a esquerda por si própria não é capaz de levar ninguém à Presidência neste país".