Vacinação obrigatória: saiba a posição dos candidatos a prefeito de SP
Os postulantes ao cargo se dividem quando o assunto é obrigar ou não o paulistano a ser imunizado
Agência O Globo
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 19h11.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 19h26.
O Globo perguntou aos cinco candidatos à prefeitura de São Paulo mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais se a vacina contra a covid-19 deve ser obrigatória. Veja o que pensam Celso Russomanno, Bruno Covas, Guilherme Boulos, Márcio França e Jilmar Tatto:
Celso Russomanno
Sou contrário à obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus. A lei impede que a vacina seja imposta, e eu sou um legalista. O João Doria não pode obrigar as pessoas a tomar a vacina. A vacinação tampouco será exigida para o retorno às aulas, para os profissionais de saúde e tampouco para acesso a benefício de saúde ou concurso. A decisão de vacinar ou não os alunos cabe aos pais. Quanto aos demais segmentos da sociedade, caberia à sua eventual gestão fazer uma ampla campanha de vacinação, mas sem obrigatoriedade de imunização.
Bruno Covas
O SUS funciona em São Paulo, e estamos prontos para aplicar as vacinas que forem disponibilizadas com a tranquilidade necessária. São Paulo escolheu que a vida vem em primeiro lugar e deu exemplo na pandemia. Tenho certeza de que será igual, quando a vacina chegar. Os paulistanos sempre participaram e se envolveram nas campanhas de vacinação. Não dá para politizá-la, o importante é salvar vidas. Não estamos discutindo se a vacina é inglesa, americana, chinesa ou russa. Cabe à ciência chancelar sua utilidade e se ela pode ou não ser aplicada na cidade de São Paulo.
Guilherme Boulos
Nós estamos diante da maior crise sanitária dos últimos 100 anos. São mais de 150.000 mortes e é inacreditável ver oportunistas como Doria e Bolsonaro querendo tirar proveito de uma tragédia como essa. Eles agem pensando apenas nas eleições de 2022. Vacina é coisa séria e não deve ser tratada com demagogia nem como cavalo de batalha para disputa ideológica. Para mim, a vacina é uma prioridade. Só iremos superar a pandemia quando toda a população estiver imunizada. Por isso, a vacina contra a covid-19 deve seguir as mesmas diretrizes do Programa Nacional de Imunização. Mas para isso precisamos primeiro de uma vacina testada e aprovada.
O que eu farei, como prefeito, é lutar para que São Paulo tenha um amplo programa de vacinação tão logo isso seja possível. Pouco me importa se a vacina é chinesa, americana ou da Inglaterra. O que me importa é que ela salve vidas. Em respeito aos profissionais de saúde, em respeito aos idosos e grupos de risco, todos deveriam tomar a vacina. E o governo deveria explicar ao máximo a importância dela, não fazer propaganda contra.
Márcio França
Não acho adequado fazer uma discussão político-eleitoral sobre a obrigatoriedade ou não de algo que nem tem ainda uma data para ser disponibilizado. É como contar com os ovos antes da galinha. A vacina será obrigatória a toda pessoa de bom senso, e nós já temos um plano emergencial de vacinação em grande escala para garantir que a população de São Paulo seja imunizada. Só que isso e todas as demais etapas de âmbito municipal dependem, em primeiro lugar, dos avanços da pesquisa científica.
Jilmar Tatto
Sou a favor da obrigatoriedade de aplicação da vacina contra a covid-19. Aliás, quando eu era criança, eu ia me vacinar. Mas, evidente, não acho que tem de pegar o Exército e ir lá arrancar a pessoa da casa para poder vacinar. Compete às autoridades dizer que a vacinação tem de ser obrigatória. As vacinas no Brasil sempre foram obrigatórias, então tem d usar o mesmo padrão.
Estou partindo do pressuposto que é uma vacina que tem eficácia. Não pensei no assunto, mas acho razoável exigir vacinação para matrículas em escolas municipais. Não pensei, mas é razoável. Em relação aos profissionais de saúde da rede municipal, não só exigir, como penalizá-los. Se para prestar um concurso, precisa mostrar que votou, por que não a vacina que você salva vidas? Tem mecanismo para obrigar.