AstraZeneca: laboratório determinou preço máximo de venda no Brasil. (Eduardo Frazão/Exame)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 19 de abril de 2022 às 17h26.
Última atualização em 19 de abril de 2022 às 20h04.
Com o fim da covid-19 como emergência em saúde pública de importância nacional, o caminho para a venda de um imunizante contra o coronavírus no mercado privado está próximo de se tornar uma realidade. Na expectativa das clínicas de vacina, o produto deve estar disponível no fim de maio, caso o Ministério da Saúde cumpra a promessa de rever a emergência sanitária da doença até o fim desta semana.
Isso ocorre porque atualmente está em vigor no país uma legislação, aprovada em março do ano passado, que regula a compra de imunizantes contra a covid-19 por parte do mercado privado. A regra estabelece que a aquisição é permitida desde que as empresas doem, pelo menos, 50% ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que na prática inviabiliza qualquer movimento no sentido de ter uma vacina privada.
Com a norma alterada, automaticamente libera as clínicas para comercializar a vacina contra a covid-19. Em entrevista coletiva na segunda-feira, 18, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a nova regra ainda terá um período de 30 dias para efetivamente entrar em vigor. Por conta disso, a comercialização poderia começar já no fim de maio.
Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC), conta que o setor já está em conversas com laboratórios para que o Brasil se torne o primeiro país a ter uma vacina privada contra o coronavírus. A ideia é antecipar a compra para que o processo seja o mais rápido possível.
“Estamos preparados. Nada mudou na legislação que já cumprimos. A vacina tem registro, tem fornecedor, precificação, tem todas as etapas necessárias, da mesma forma como é feito com qualquer outra vacina”, disse Barbosa em entrevista exclusiva à EXAME.
O presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina explica que a estratégia do mercado privado será a de oferecer uma dose adicional para pessoas que querem acelerar a imunização, sempre com respaldo médico.
“Vai ser de uso exclusivamente técnico. Uma pessoa que vai viajar para um lugar onde a vacinação não está adiantada pode fazer uma quarta dose para ir com a imunidade mais alta. O mercado privado vai colocar à disposição para pessoas acima de 18 anos, com prescrição médica. O primeiro lote que chegará ao Brasil não deve ser pequeno”, afirma.
Na semana passada, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicou a lista mensal com os preços máximos que podem ser praticados pela indústria farmacêutica, laboratórios, distribuidores e importadores. Nesta lista já aparece o imunizante da AstraZeneca - tanto versão produzida na Europa, como a feita pela Fiocruz, no Brasil - a um preço máximo de 202 reais por dose.
Fontes ouvidas por EXAME calculam que neste valor ainda devem entrar o seguro feito para o transporte, além do valor pago pela logística de importação. Desta maneira, o preço para o consumidor deve ficar em torno de 280 reais por dose. Vale ressaltar que este preço é uma estimativa, mas é o que deve ser praticado, como média, em todo o país.