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Vaccarezza pediu R$ 100 milhões em propinas, diz PF

O ex-deputado foi preso temporariamente por suposta propina de US$ 500 mil oriunda do contrato entre a Sargeant Marine e a Petrobras

Cândido Vaccarezza: a PF sustenta que, em planilhas e atas, Vaccarezza recebia o codinome V2 (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Cândido Vaccarezza: a PF sustenta que, em planilhas e atas, Vaccarezza recebia o codinome V2 (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 17h12.

São Paulo - Em relatório de buscas e apreensões no âmbito da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, o delegado Filipe Pace, da Polícia Federal, concluiu que "existem robustos elementos probatórios de que a atuação criminosa" do ex-líder dos governos Lula e Dilma, Cândido Vaccarezza, "na Petrobras não se limitou ao seu suporte político para a contratação da empresa Sargeant Marine pela estatal".

O ex-deputado foi preso temporariamente por suposta propina de US$ 500 mil oriunda do contrato entre a empresa e a petrolífera para o fornecimento de asfalto.

O delegado entende que "houve, por parte do grupo encabeçado" pelo lobista Jorge Luz, tentativa de envolver Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza para o sucesso de ao menos três oportunidades de negócios na Petrobras.

Somente em uma das supostas negociatas, as investigações dão conta de uma solicitação de R$ 100 milhões de Vaccarezza enquanto arrecadador do Partido dos Trabalhadores.

"Vale dizer, ainda, que, na constituição do assim denominado grupo 'Brasil Trade', havia registro de reunião mantida, em março de 2010, entre Jorge Luz e Cândido Vaccarezza, no qual o parlamentar teria solicitado apoio financeiro - propina - na ordem de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais) a partir de negócios que passariam a ser tratados pelo grupo e cujos repasses provavelmente operacionalizados pela empresa offshore de Carlos Henrique Nogueira Herz e Bo Hans Vilhelm Ljungberg", afirma Pacce.

A Polícia Federal sustenta que, em planilhas de negócios e atas de reunião, Vaccarezza recebia o codinome V2.

Em um dos documentos, datado de 2010, consta que "está sendo apresentada reunião do dia 22/03/10 ao Diretor uma solicitação do V2 para mensalmente apresentar-se operações da Trade, de forma a viabilizar-se apoio da ordem de R$ 100 milhões, para início destas operações utilizaremos a empresa Econ Trading".

"A partir desta indistinta atuação é que se verificou que a atuação delitiva de Cândido é anterior e, portanto, bem mais ampla, do que a que já havia sido identificada na presente investigação e que se focou particularmente nos crimes envolvendo a contratação a partir de metade de 2010 da Sargent Marine pela Petrobras para fornecimento de asfalto", sustenta a PF.

Ao mandar prender o ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza, o juiz federal Sérgio Moro já havia ressaltado que o ex-deputado aparece com a alcunha de "parceiro" em cinco "projetos" na Petrobras que constamem planilhas dos operadores de propinas Jorge e Bruno Luz.

Vaccarezza foi preso temporariamente na sexta-feira, 19, investigado por supostas propinas de US$ 500 mil oriundas de contratos entre a Petrobras e a empresa Sangeant Marine.

Defesas

A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, esclarece, em nota, que:

"Cândido Vaccarezza nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobras. A prisão foi decretada com base em delações contraditórias, algumas já retificadas pelos próprios delatores. A busca e apreensão excedeu os limites da decisão judicial, confiscando valores declarados no imposto de renda e objetos pertencentes a terceiros sem vínculo com a investigação. A defesa se manifestará nos autos e espera que a prisão seja revogada e as demais ilegalidades corrigidas."

Em nota, o PT afirma que "Vaccarezza foi militante e parlamentar do PT, saiu do Partido por divergências políticas, um direito de qualquer pessoa. O partido não tem informações sobre esse processo. Esperamos que ele tenha oportunidade de se defender e esclarecer as acusações".

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