Brasil

Um raio-x de como ficam as Assembleias Legislativas do país

Com a eleição de 1.035 deputados, MDB lidera assentos, seguido por PT e PSL; perfil ideológico se mostra mais conservador

Alerj: Rio de Janeiro elegeu maior bancada policial da sua história (Agência Brasil/Agência Brasil)

Alerj: Rio de Janeiro elegeu maior bancada policial da sua história (Agência Brasil/Agência Brasil)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 10 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 10 de outubro de 2018 às 06h00.

São Paulo — No último domingo (7), os eleitores escolheram os deputados estaduais que vão assumir em 2019 as cadeiras das Assembleias Legislativas pelos próximos quatro anos. 

Assim como os federais, a função dos parlamentares estaduais é legislar e fiscalizar o Poder Executivo, neste caso os governadores. 

Ao todo, foram eleitos 1.035 deputados estaduais, nos 26 estados brasileiros, além de 24 deputados distritais, no Distrito Federal. São Paulo elegeu o maior número de representantes (94), seguido por Minas Gerais (77) e Rio de Janeiro (70).

O número de deputados estaduais varia de região para região. Seu cálculo é feito a partir da quantidade de assentos que representam cada Estado na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Partidos

No plano nacional, os partidos que terão maior bancada nas Assembleias Legislativas serão o MDB, seguido pelo PT e depois o PSL.

Apesar da liderança, o MDB, partido do atual presidente Michel Temer, perdeu 35% dos seus parlamentares e terá 93 representantes espalhados pelo país. Seu melhor desempenho foi em Santa Catarina, onde elegeu 9 deputados (só uma menos do que em 2014).

Nesta eleição, o PT do presidenciável Fernando Haddad perdeu um terço da sua bancada e elegeu 85 deputados. Em São Paulo, estado em que o partido foi melhor, foram escolhidos 11 parlamentares.

Já o PSL, legenda do presidenciável Jair Bolsonaro, disparou e conquistou 60 cadeiras a mais do que na eleição anterior. A partir de janeiro, serão 76 deputados espalhados pelos estados. São Paulo aparece em destaque, com eleição de 15 representantes, contra apenas um em 2014.

Outras duas legendas que se destacaram foram o PP, da candidata derrotada à vice-presidência com Geraldo Alckmin, Ana Amélia, que ganhou 19 deputados em relação à eleição passada e terá 70 representantes, e o PRTB, aliado do PSL, que ganhou 6 parlamentares e terá 16 cadeiras.

São Paulo

A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) deixará de ser um reduto do PSDB pela primeira vez em 24 anos.

A partir de janeiro do ano que vem, o PSL será o maior partido com 15 deputados estaduais. Dentre os eleitos, pelo menos cinco são coronel, delegado, major ou tenente.

Já o partido dos tucanos perdeu 14 representantes e terá apenas 8 cadeiras. O PT também reduziu sua influência, indo de 15 para 10 parlamentares no estado.

Foi para a Alesp que a jurista Janaina Paschoal (PSL), uma das autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, bateu recorde ao receber mais de 2 milhões de votos.

O recorde anterior de um deputado estadual era de Fernando Capez (PSDB), reeleito em 2014 com 306.268 votos, sete vezes menor do que conseguiu a advogada. 

O segundo candidato mais votado foi o youtuber Arthur Mamãe Falei (DEM), que recebeu 478 mil votos. Na terceira colocação ficou com o professor Carlos Gianazzi (PSOL), que foi reeleito pela quarta vez.

Para o cientista político da FGV Sérgio Praça, esse resultado comprova que os eleitores não acreditam mais nos partidos tradicionais, envolvidos em corrupção massiva nos últimos anos.

"Existe claro uma questão com a política de modo geral, mas parece que a população ainda acredita que se forem outros os políticos as coisas melhoram", explica.

Rio de Janeiro

Na eleição deste ano, os eleitores cariocas elegeram a maior bancada policial da sua história. Para compor a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) a partir de janeiro, o PSL terá 13 cadeiras, se consolidando como o maior partido da casa.

"O desempenho do PSL é incrível, principalmente pela eleição da bancada policial. Isso revela que o problema da segurança publica tem sido subestimado pela política brasileira", analisa Praça.

O DEM também mostrou desempenho positivo: de nenhum deputado estadual pelo Rio de Janeiro, a sigla passou para 6 representantes. O PT perdeu metade de seus parlamentares e ficou com 3 cadeiras.

Já o PSOL, partido que tem maior influência no RJ, não teve nenhuma perda e ficou com cinco assentos.

Minas Gerais

No terceiro estado com maior número de deputados estaduais, o PT não sofreu nenhuma perda de assento e continuará com 10 eleitos.

Mais uma vez, o PSL mostra desempenho acima da média, saindo de zero representantes para 6. Dentre os pesselistas, quatro são ou coronel ou delegado.

Em MG, o PSDB perdeu duas cadeiras e terá para o ano que vem 7 parlamentares.

Para Praça, o perfil ideológico tanto das Assembleias nos estados, quanto do Congresso federal, se fez mais conservador.

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