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Um presidente entrincheirado: depois de Cruz e Levy, quem será o próximo?

Últimos demitidos foram criticados por falta de lealdade e por agir como "sindicalista". Grande questão da semana é o destino do ministro Sergio Moro

JAIR BOLSONARO: demissões pela imprensa podem criar clima de insegurança generalizada  / REUTERS/Adriano Machado

JAIR BOLSONARO: demissões pela imprensa podem criar clima de insegurança generalizada / REUTERS/Adriano Machado

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2019 às 03h27.

Última atualização em 17 de junho de 2019 às 06h35.

A segunda-feira começa com uma nova frente de tensão entre as alas técnica e ideológica do governo. Na sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai demitir o presidente dos Correios, o general Juarez Cunha, por ele ter se comportado como “sindicalista”. Na quinta-feira, demitiu o general Santos Cruz da Secretaria de Governo após embates com a ala olavista.

Agora, o governo começa a segunda-feira sem comando no BNDES, o banco de fomento estatal. O presidente da instituição, Joaquim Levy, pediu demissão no fim de semana após o presidente dizer que ele estava com “a cabeça a prêmio”. No sábado, Bolsonaro afirmou que havia ordenado a Levy que demitisse hoje o diretor de mercado de capitias da instituição, Marcos Barbosa Pinto. “Demita este cara segunda-feira, ou eu mesmo demito você”, afirmou a jornalistas. Segundo Bolsonaro, Levy não estava sendo leal com o governo.

O advogado Marcos Pinto cuidava da área de investimentos do BNDES e tem currículo que o credencia para a função, com mestrado em Yale, doutorado na USP e cargo de conselheiro em empresas como a gigante de celulose Fibria. Mas já foi chefe de gabinete no BNDES no governo Lula. Joaquim Levy também é ligado ao PT: foi secretário do Tesouro no governo Lula e ministro da Fazenda no governo Dilma. Levy foi indicado por Paulo Guedes, ministro da Economia. Guedes afirmou ou G1 que acha natural a “angústia” do presidente porque Levy escolheu nomes ligados ao PT para o banco de fomento.

A série de demissões reforça a tendência do governo Bolsonaro de se entrincheirar em posições mais extremistas. “O presidente dá mais uma mostra de que até permite que discordem de temas como economia ou energia, mas não que questionem a linha política do governo”, diz Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva.

Em coluna publicada sexta-feira em EXAME, Sérgio Praça, professor da FGV, afirma que quanto maior a distância ideológica para o presidente, mais provável a saída de nomes importantes do governo. É essa proximidade ideológica que estaria, protegendo, até aqui, o enroladíssimo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

O ministro da Justiça, Sergio Moro, está a salvo, segundo Praça, enquanto sua popularidade o segurar. As novas revelações do site Intercept, feitas na sexta-feira, que mostram Moro combinando o jogo com procuradores e zombando da defesa de Lula, podem mudar a maré ao longo dos próximos dias.

O risco é o clima de pânico se instalar nos ministérios e autarquias. Depois de demitir Santos Cruz num café da manhã com jornalistas, e de ter posto a cabeça de Levy numa bandeja num sábado, pouco antes de embarcar para um compromisso, Bolsonaro mostra à sua equipe que qualquer hora é hora para a gaita cantar.

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